XLVII - Full House

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ARMANI

Quando voltamos ao hotel, Donatella e eu fomos aos nossos respectivos quartos, sem nenhum sinal da Nicolette ainda

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Quando voltamos ao hotel, Donatella e eu fomos aos nossos respectivos quartos, sem nenhum sinal da Nicolette ainda.

Liguei para o Roman para fazer uma chamada de vídeo que ele não hesitou em atender imediatamente.

- Estás a beber? - perguntei
- Água. - ele mostrou o copo.
- Estás a fumar?
- Estás a patrulhar? - ele sorriu mas mostrou depois o cigarro que segurava. - Como foi o dia como casamenteira?
- Foi tão bonito Roman, ela estava tão diferente, tão vulnerável, foi por um segundo que os vi, mas gostei tanto. - falei enquanto lembrava do momento em que eles viram-se pela primeira vez depois de anos.
- Ver-te feliz, deixa-me feliz. - ele sorriu sem revelar os dentes.
- E tu estás bem?

Assim que perguntei aquilo, notei o desconforto no outro lado do ecrã e pacientemente esperei que ele respondesse.

- Sim. - ele respondeu falsamente.

Era como se o que estivesse a sair pela boca, não estivesse a bater com o que a mente e a expressão facial dele estivessem a dizer.

- Não. - ele disse segundos depois e calou-se por um tempo e eu fiz o mesmo enquanto via-o a fumar no ecrã. - Minha...minha mãe foi internada porque...ela surtou. - ele riu-se, enquanto eu tentava ainda digerir a mensagem. - Meu pai foi-se embora. Com o patético do Luca e deixou minha mãe na responsabilidade do Stefano, outra vez e ninguém pensou em contar-me nada, outra vez. Nada. Tive que descobrir da mãe do Alessandro, de todas as pessoas. - ele voltou a rir-se mas eu sabia que ele estava incomodado com tudo aquilo.

Com a cabeça agora deitada na almofada e atenciosamente a ouvi-lo, eu não sabia o que dizer. Não existiam palavras no mundo que podiam consolá-lo, eu não lhe podia dar um abraço, nem um beijo, nada poderia agora ultrapassar o calor vindo do cigarro que fumava, nada eu lhe podia dizer, sendo que também não cresci com o melhor exemplo de mãe.

- Eu lamento. - eu disse-lhe.

Eu queria ajudar, mas não sabia como, aquelas palavras foram tudo que consegui tirar e continuar a olhar para ele com a expressão melancólica de maneira que o enervava. Era como se a cara tivesse ganhado vida e ele não soubesse como parar que ela expressasse algo que ele não quisesse.

- Eu sei. - ele puxou um meio sorriso.
- Amanhã volto, logo, logo.

Continuei a olhar para ele profundamente, como se estivesse a virtualmente a fazê-lo companhia e ele continuou a segurar aquele sorriso enquanto fumava mas isso foi até ele sentir que a vulnerabilidade estava mesmo a tomar conta dele.

- Eu...eu tenho que ir... - ele disse
- Porquê?
- Aproveita a tua viagem. - ele sorriu e depois franziu a testa, arrastando o sorriso de uma só vez. - Eu não...eu não posso fazer isto.
- Roman.
- Cuida-te. Beijo.

Ele disse antes de desligar a chamada e o ecrã mostrou-me o menu do telemóvel outra vez.

Eu percebo que o namoro é recente mas esperava que ele confiasse em mim como eu teria confiado nele, mas não parece que seja o caso.

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