Cap. 49 - Ayad

291 27 0
                                    

- não pode ser – digo.

- pode se sim. Estou aqui, vivinha na sua frente - ela passa a outra mão livre pelo corpo tentando me intimidar com o cano apontado na minha direção, e claro que ela não deixaria de mexer no meu psicológico.

- doente.

- abaixe essa arma, marido – ela diz a palavra marido com deboche.

- nem pensar. Nessa você não vai levar a melhor – ela só pode estar louca se acha que eu vou fazer o que ela diz

- vamos morrer juntos então – ela levanta mais um pouco a pistola, acredito que mirando em meu peito.

Nós encaramos sem desvios. A tensão toma conta do ambiente. Só nois dois aqui, agora, e se um de nós vai sobreviver esse um será eu.

Preciso ganhar tempo, creio que diante de qualquer vacilo meu ela me acerta em cheio.

Os tiros continuam bem próximos de nós e por um momento eu consigo pensar em Heitor, Pedro e bonsall com seus homens e os meus em guerra nesse momento.

Por um instante consigo olhar melhor ao redor e analisar o local que parece um antigo frigorífico não só pelo aspecto, mas também pelo cheiro intragável.

É bem grande, e há muitos ferros enormes pendurados e também ao chão, chego a pensar que a qualquer momento tudo pode desabar em nossas cabeças.

Diria que estamos em um esqueleto abandonado do que já foi uma estrutura grande um dia.

Volto meu pensamento para a maldita a minha frente.

- por que isso Luna? Porque fingir sua morte? Porque fazer isso agora? Porque retornar desse jeito?

Tenho tantas perguntas. Mas pra que me preocupo com as respostas. Quero essa mulher longe de mim e das minhas filhas.

Minha cabeça gira, uma tonteira me abate, mas não posso fraquejar. Minha mente e meu corpo reagem de uma forma ruim.

Nem sei que tipo de sentimento estou sentindo agora, mas tenho que ser frio e raciocinar, pensar em alguma coisa que distrai-la. Não posso acabar assim, aqui, dessa forma.

Ela permanece parada, ereta, sem um deslize, sua confiança é inabalável, mas a minha força em vencer é maior.

Conheço muito bem a Luna e sei que nesse momento ela não está nem um pouco abalada com a situação que nos encontramos, arrisco até pensar que ela planejou isso tudo. E em conseqüência ela também me conhece, empatamos nessa vantagem. Mas se ela pensa que vai sair viva dessa vez, está muito enganada.

- responde – brado firme, ela dá uma estremecida. Talvez assustada.

- uauuuu, nunca pensei que fosse um dia ouvir você gritar comigo, marido – meu ódio por ela só não é maior porque penso em minhas meninas – sempre tão cordial – esse homem já morreu para você. Cordialidade é o que somente os meus tem de mim.

- eu quero respostas Luna – ela resolve começar a relatar.

Seu sorriso é maquiavélico.

- você acha mesmo que eu iria continuar com você depois que casamos a nossa ultima filha?

- não entendi.

- eu queria que você e elas sofressem. E pelo visto consegui até que.... - ela pausa - você mudou Iago. Alina te deixou com o coração ainda mais mole – vejo ódio em seu olhar – eu tinha a rédea de tudo, comandava tudo, mas você ficou muito diferente depois que fizemos aquele contrato com os Franco*. E para piorar Alina nos daria uma menina como neta. Affff..... – bufa fazendo cara de nojo.

Um Homem as Sombras do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora