Cap. 58 - Sophia

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Os dois permanecem ao meu lado.

É ele, o meu marido!

Iago, pai do meu bebê, homem com quem me casei, homem que amo e amarei para sempre. É ele, deitado na cama, desacordado, acredito eu, já que conversamos bastante, e não controlamos o tom de voz nesse quarto, e ainda assim seu corpo ainda permanece imóvel.

A fonte de toda mentira das ultimas semanas está á minha frente.

Não sei se sorrio ou se choro?

Se esbravejo ou me controlo?

Meu despero é tanto que temo que não seja verdade.

A mescla de sentimentos confusos de também alegria por vê-lo se vai assim que vou me aproximando de sua cama.

- me deixe abraçá-lo – cansada, me desvencilho dos dois que me seguram pelo braço, e saio na direção dele.

Meio ainda sem entender todo contexto da situação.

Fraquejo e tropeço em meus próprios pés. Seria muita má sorte cair e me machucar agora.

Sou amparada pela pessoa em pé a minha frente, ao lado da cama.

Pode ser que seja um enfermeiro ou o médico de Iago. Sua vestimenta faz entender que é um profissional da saúde.

- senhora Ayad - uma voz surpresa. Sinto suas mãos em minhas axilas. Prendendo meu corpo com firmeza.

- lírio – papi fala assim que percebe que vou cair.

- se acalme, Sophia – vejo Heitor se aproximar, e também rapidamente me amparar.

- obrigada - falo a pessoa, que ainda não sei quem é, que me levanta.

Eu não sabia que tinha mais lágrimas para derramar. Tive a impressão que iria ficar desidratada de tanta água que jorrava dos meus olhos.

Me recomponho rapidamente, ajeitando o robe que abriu discretamente com a minha quase queda.

Em pé e agora de volta ao meu destino final, que é aquela cama.

Tenho certeza que meus cabelos estão completamente em pé, e meu rosto pálido.

Levanto o rosto e olho mais uma vez ao fundo do quarto.

Sem ainda creditar no que vejo, noto a face de Iago, descansado e sereno, um pouco abatido, eu diria, mas sem nenhuma expressão de preocupação em sua face.

Olhos fechados e corpo quase todo coberto por uma manta grossa caramelo, se não fosse por uma parte de seus ombros de fora.

Tudo paira em silêncio, só ouvimos o barulho da gota de soro cair da bolsa acima, indicando que Iago está recebendo o medicamento corretamente.

- Iago – toco seu rosto - quero acorda-lo de qualquer forma.

Sinto a quentura de seu corpo assim que o abraço, mas nenhuma reação.

- Graças a Deus está vivo - solto o ar que quase não passa por meus pulmões.

- vou acender as luzes – alguém diz.

Noto mais um pouco o ambiente em que estamos, o quarto parece um quarto de hospital.

Tem muitos aparelhos e remédios organizados. E Iago parece dormir tranquilamente, sem um pingo de preocupação.

- acorda – abraço-o novamente, com muitas lagrimas nos olhos.

- Sophia - Papi me chama, mas não dou importância.

- por que ele não acorda? - uma angústia me assola.

Minhas mãos vão ao seu pescoço, acaricio levemente seus cabelos já crescidos nessa região.

Retiro a manta, noto que ele não veste nada por baixo, faço a inspeção de seu corpo constatando que não falta nenhum pedacinho de seu corpo.

O cubro novamente sobre os olhos de todos.

- acorda, por favor Iago - tem algo muito errado aqui.

- venha meu lírio, vamos conversar agora que você já o viu – papi toca meus ombros. Meu olhar continua em Iago.

- Iago, acorda, eu preciso de você – desconsidero a fala de Papi, sem sucesso ao meu chamado novamente, ele não se mexe.

- lírio – papi novamente me chama.

Mas que drog@, vão ficar me chamando toda hora. Quase perco a paciência e esbravejo.

- Iago, você não pode me abandonar assim, acorda, por favor, Iago – falo mais firme, e olho mais uma vez a sua face sem expressão nenhuma ao meu toque.

Deito minha cabeça em seu peito. lágrimas jorram molhando manta que o cobre.

- lírio. Venha - papi tenta me puxar suavemente com suas mãos nas minhas mãos.

Eu não vou sair daqui. É claro que não vou sair.

- não quero falar nenhuma palavra com vocês, pelo menos não agora – fui ríspida com eles - entendo sua atitude em me preservar, mas agora eu não quero sair de perto de Iago.

Papi não diz mais nenhuma palavra. Eles voltam a só observar meus movimentos.

Acomodo meu corpo na cama e decidida falo para os dois mandões e mentirosos a minha frente.

- não vou conversar nada com ninguém agora – respiro ofegante e chorosa, mas com toda a coragem que busco não sei de onde – apaguem essa luz e saiam todos vocês. Agora eu só preciso dos ombros do meu marido.

Dei a ordem. Ser mulher do chefe tem que servir para alguma coisa.

Como puderam mentir para mim dessa forma? Até quando fariam isso?

Quero deitar ao seu lado, colocar as mãos dele em minha barriga, fazê-lo sentir nosso bebê, e matar toda a nossa saudade.

Quero sentir seu cheiro e pelo menos nessa hora ter um pouco da paz que não tive nas ultimas semanas.

Sinto meu bebê mexer sem parar, a emoção também está grande em meu ventre. Diria que a festinha na água está boa aqui dentro.

- Sophia, deixa que o enfermeiro meça a sua pressão primeiro?

Esse pedido de Heitor, eu posso realizar agora sim, pensando no bem do meu bebê.

- te deixaremos em paz, meu lírio, mas nos deixe mais tranqüilos fazendo pelo menos o que Heitor pediu.

Assinto.

- já mandei mensagem para o doutor Simões. Amanhã cedo ele estará aqui. Hoje, já que já passam de meia noite.

O enfermeiro se aproxima com o aparelho de pressão analógico. Minha pressão arterial é medida, indicando que tudo está ok.

Depois de toda essa emoção e decepção com os meus a minha volta, pelo menos uma coisa está no eixo, a pressão arterial.

No fundo eu sei que eles tentaram fazer tudo isso para o meu bem, mas agora preciso descansar. Tenho uma leve impressão que meu descanso não virá assim tão fácil, mas vou tentar.

Descansar ao lado de Iago, renovando as nossas forças.

Que o Amanhecer do dia seja revigorante, que tudo se renove e normalize, ou não, quem Sabe? Só Deus.

Preciso persistir, preciso ser forte, preciso acordar. Mesmo sendo uma princesinha sempre criada em um castelo de cristal com papi ao redor sem deixar que nada me aconteça.

O castelo ruiu. A bolha que vivia foi perfurada, tudo desmoronou de uma hora para outra. E quem terá que juntar todos cacos sou eu? Somente eu.

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Plágio é crime 🙌

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Um Homem as Sombras do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora