Cap. 55 - Sophia

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Obro os olhos mais um pouco, coloco as mãos em meu ventre, me certificando que está tudo bem com meu bebê.

- Sophia – Zana me chama calmamente.

- estou bem – tento levantar.

- o médico está a caminho – Heitor para de andar e para em pé bem próximo de nós. Sua testa está suada e ele sempre eleva as mãos á têmpora.

Posso confirmar que ele está nervoso. Mais uma vez ele pega o telefone e parece checar uma mensagem que chegou.

Quando vou questioná-lo novamente sobre meu marido, ouço uma movimentação fora do normal no corredor próximo ao quarto.

- onde ela está?

Ouço uma voz desconhecida e firme, assim que consigo me sentar. Heitor vai até a porta e faz uma aceno.

- ai está você – um homem de branco com um jaleco e uma maleta nas mãos, aparentando ter meia idade entra no quarto e logo vem ao meu encontro.

Relaxo ao perceber que ele era médico. Mas cadê o meu marido?

– sou o doutor Simões, deixe-me te atender, Sophia.

Assenti, sem precisar falar nada, já que ele já sabia o meu nome.

Depois de fazer os primeiros procedimentos e responder algumas perguntas, doutor Simões não encontra nada de errado no momento.

- parece que a mamãe e o bebê estão bem, Sophia.

Ele mexe no jaleco e coloca as mãos sobre o relógio que está em seu pulso.

- mas preciso te examinar melhor. Trouxe uma UTI com alguns equipamentos. Você consegue andar até lá, ou prefere ir em uma cadeira de rodas?

- uma UTI? – como ele acabou de dizer que está tudo bem e quer que eu vá a uma UTI?

- não há o que temer.

- não quero ir para uma UTI - minha fala sai assustada. Meu semblante cai e logo e notado por todos.

UTIs não são para pessoas em estado crítico? Não quero ir para um hospital novamente. Não sei se agüentaria passar por uma internação de novo. Principalmente grávida. Não posso nem me lembrar do período em que estive internada.

- não se assuste. Eu trouxe para sua maior comodidade. Assim não precisa ir ao hospital. Sei do seu histórico médico, Sophia, por isso acredito que foi melhor trazer os equipamentos até você – ele me olha com caltela – sei que não ficaria bem em um quarto de hospital. Só quis facilitar.

Continuo com cara de assustada.

O silencio de Heitor e Zana me incomoda nessa hora. E meu marido, onde está?

- venha. Confie em mim? - ele estende as mãos

- não sou especialista nessa área, mas fiz uma residência de alguns meses em uma maternidade uma vez. Tem uma enfermeira chefe obstetra me auxiliando na UTI. Elisa o nome dela.

- posso ir sem a cadeira. Consigo andar – Zana segura em minhas mãos e me acompanha até a entrada da mansão. Heitor e o doutor vem nos escoltando atrás.

Consigo subir no automóvel sem muito esforço.

Me sinto pesada, mais ainda estou bem para subir alguns degraus sozinha.

Assim que subo comprimento á moça de branco a minha frente, acredito que seja a enfermeira Elisa que o doutor mencionou.

- prazer, Sophia - ela acena com um sorriso nos lábios.

- oi Elisa - minha cara e voz demonstram preocupação.

- deite-se. Vou fazer uma ultrassom para saber se está tudo bem com o bebê, e a quantidade exata de semanas do saco gestacional – o doutor diz e a enfermeira se posiciona ao seu lado. 

Heitor aguarda do lado de fora.

Sempre que olho para ele, ele desvia o olhar, mas sinto que ele me vê com pena. Como se eu fosse uma coitada. E isso tem me deixado um pouco aflita.

O que Iago estava escondendo de mim para Heitor agir assim?

O gel é geladinho. Zana senta ao meu lado e pega em minha mão.

- temos um bebezão aqui – sorrio e choro ao ver meu bebê pela primeira vez – aqui está as suas perninhas e pés – o doutor corre com o aparelho e marca o que vê no ultrossom, já imprimindo algumas fotos das partes que ele já examinou.

A enfermeira as pega e junta em cima de uma mesinha ao lado da máquina.

- e o coração? – pergunto preocupada.

- vamos ouvir agora – um som alto ecoa dentro da UTI, nos assustamos e Heitor aparece perguntando se está tudo bem.

Nessa hora meu desejo é ter Iago comigo, segurando as minhas mãos e dizendo que me ama e que amará também esse bebê, mesmo não... deixa pra lá. Não quero pensar sobre isso agora, um problema de cada vez.

- tudo ok, Heitor, temos um bebê super saudável de vinte quatro semanas – doutor Simões diz sorridente.

- meu Deus, ela está grávida mesmo?! – isso foi mais uma pergunta do que uma afirmação.

Não entendo porque Heitor está tão assustado assim com a minha gravidez? Será que ele não sabe que um homem com mulher transan'do que nem dois loucos e sem se proteger pode dar nisso no final.

- gravidíssima – o doutor confirma e abaixa o volume de som do coração na maquina de ultra-sonografia.

- sabe que Iago vai mandar caçar o o seu CRM! - sinto doutor Simões tremer um pouco a mão, e levar a outra mão a cabeça com essa afirmação de Heitor.

- se não mandar me torturar também - sobre o quê eles estão falando?

Sinto uma tensão no ar, mas logo desvio meu olhar para a tela a minha frente.

- vou medir o crânio, a coluna cervical, e tirar uma foto do seu rostinho - o doutor desconversa, não dando mais assunto para Heitor, seguindo com o exame.

Mal posso acreditar que verei seu rostinho, não consigo segurar as lágrimas.

Iago,... Iago... onde você está?

Os contornos são os mais lindos que já vi.

A emoção toma conta do ambiente e todos choram.

Até entendo que para o doutor seja muito lindo e emocionante ver bebês em grávidas, mas ver Heitor se emocionar foi uma surpresa para mim.

Mas logo me lembrei de seu companheirismo de anos com Iago e de tudo que ele pode ter presenciado e vivenciado juntos na época que a falecida esteve grávida.

Não seria difícil imaginar que Heitor poderia ter se lembrado de algo que já viveu com seu fiel chefe.

- quer saber o se’xo do bebê?

Os dois me olham, menos Zana que já sabe o sexo desde o dia que descobri a gravidez.

- as perninhas estão abertas. Mas só direi se você quiser saber – ele desvia o olhar da tela e direciona para os meus olhos esperando a minha resposta.

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E agora?
Será que saberemos o sexo desse bebê no próximo capítulo?
🤪🤪🤪

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Um Homem as Sombras do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora