XV. Camélias

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Saber que Azula estava tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe, deixava Zuko mais nervoso do que o normal. Ele errou vários pedidos de clientes nos dias que se seguiram. Felizmente, tio Iroh era compreensivo, e ser parente do chefe ajudava a evitar demissão.

Os amigos de Zuko tiveram opiniões divididas sobre o que fazer com Azula. Katara ainda batia na tecla de se livrar dela enquanto ela dormia. Toph achava esse plano chato e tinha ideias mais violentas. Sokka chamava as duas de malucas, mas achava boa ideia embalar Azula numa caixa destinada a Tombuctu. Aang era o único a pregar a importância do perdão, mas ele era assim com todo mundo. Zuko sabia que mesmo Aang tinha suas ressalvas com Azula.

— Tio, você acha que conseguiria perdoar a Azula?

Iroh parou de limpar os copos com a pergunta do sobrinho. Seu rosto foi colorido por uma tristeza semelhante à que aparecia quando ele pensava no filho falecido.

— Eu gostaria que ela me permitisse perdoá-la — o velho respondeu.

Zuko colocou o pano em seu ombro. Ele ponderou sobre as palavras do tio.

— Acho que deveríamos checar como ela está, mas ainda não tô pronto para ver a minha irmã.

— Entendo. Eu também quero me certificar que ela está bem.

Ao menos eles tinham tomado alguma decisão acerca de Azula. Eles iriam checar, de alguma forma, se ela estava bem. Estar bem era relativo. Para os parâmetros de Azula, bastava que ela estivesse conseguindo se sustentar e sem as crises que costumava ter.

— Como faremos isso? — Zuko indagou.

— Podemos perguntar à amiga da Mai — Iroh ofereceu.

Fazia sentido. Ty Lee era a única pessoa que eles conheciam que interagia com Azula. Eles só não sabiam como abordar o assunto com ela.

— Acha que ela vai nos dizer alguma coisa?

— Só dá pra saber perguntando.

Tio Iroh fez um bom argumento. Zuko guardou os copos limpos e começou a arquitetar o que fazer. Mai provavelmente não iria querer participar em ter notícias de Azula, então ele mesmo teria que perguntar para Ty Lee. A garota ainda não tinha voltado a pisar na casa de chá desde aquela primeira vez, o que dificultava um pouco as coisas.

— Acho que eu vou passar na loja dela — Zuko disse enquanto removia o avental, mas então se lembrou de algo importante e deu meia volta — Droga, ela mencionou que a Azula trabalha do outro lado da rua. Não posso arriscar.

— Zuko, você está pensando demais sobre o assunto — Iroh respondeu, bebericando em uma xícara de chá.

— Eu só... Eu não posso correr o risco de esbarrar em Azula. Deve haver outro local onde eu possa abordá-la.

Ele andou em círculos, tentando motivar seu cérebro a pensar em uma solução. Zuko não sabia quase nada sobre a garota, portanto também não conhecia os lugares que ela frequentava. 

De repente, uma lâmpada acendeu em sua cabeça.

— Ela estuda na mesma faculdade que a Mai! É perfeito, tio. Eu vou lá para ver a Mai e, se eu der sorte, ela vai estar com a Ty Lee. Então, eu dou um jeito de conversar a sós com a Ty Lee e peço informações sobre a Azula.

Tio Iroh fez um som de aprovação enquanto bebia seu chá.

— E o que dirá para Mai?

Zuko encarou o tio. Iroh suspirou.

— Quando encontrá-la, qual dirá ser o motivo da visita? Você nunca vai vê-la na faculdade.

Zuko quis estapear a própria testa.

A Serpente em meu JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora