LIII.

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Azula teve uma manhã quase agradável acompanhando Ty Lee ao circo e assistindo as performances, especialmente por causa da empolgação adorável da namorada. Ty Lee fez questão de conversar com cada um dos artistas depois do espetáculo, enquanto Azula estava apenas interessada no homem que cuspia fogo. Se pudesse aprender qualquer arte circense, seria aquela, sem dúvidas.

Depois, as duas partiram para a casa de tio Iroh para um almoço. Azula finalmente se sentia confortável o bastante para pisar lá. Era uma casa até espaçosa e agradável, com um belo jardim zen que Iroh obviamente cuidava com zelo. A visão lembrou Azula do jardim de sua antiga mansão. Ela tinha a memória de caminhar por ele com a mãe e o irmão, mas quase sempre se sentia ignorada enquanto os dois conversavam. Azula não quis passar mais tempo no jardim do tio. Ela não queria gatilhar outras lembranças.

— E então, Azula. Conseguiu se matricular? — O tio perguntou enquanto almoçavam.

— Sim, foi tranquilo. As aulas não vão começar tão cedo, então tenho tempo de me preparar.

— Aposto que vai ser moleza — Ty Lee respondeu, engolindo depressa para não falar de boca cheia.

— É, bom. Vai durar um ano e meio. São seis meses para cada ano do ensino médio. Eu gostaria que fosse apenas uma prova e pronto, mas o diploma vale a pena, eu acho.

— Estou muito feliz — Iroh respondeu — Conte comigo para o que precisar.

Azula sentiu vontade de agradecer, mas as palavras sempre ficavam entaladas na garganta. Ao invés disso, ela balançou a cabeça em afirmação e focou na comida.

De repente, eles ouviram um som na porta de entrada. Zuko provavelmente havia chegado da faculdade. Azula não fazia uma refeição com o irmão há muitos anos. Parte dela sentia falta de passar tempo com ele, mas ele não precisava saber.

— Zuzu? — Ela perguntou após engolir a comida que mastigava.

— Azula? — Ele devolveu com um tom de voz inesperadamente nervoso.

Azula ficou um pouco decepcionada. Ela ainda o causava tanta ansiedade? Antes isso a deixaria orgulhosa, mas agora doía um pouco, porque ela não estava mais tentando intimidá-lo. Ele nunca confiaria nela?

— Você vem almoçar conosco? — Ela perguntou mesmo assim.

Um silêncio tenso reinou por um instante, até Azula ouvir um barulho de criança. Uma menina de uns sete anos apareceu onde estavam e os encarou.

— Tio barrigudo — Ela apontou para Iroh com um sorriso banguela — Quem são elas?

Azula olhou para Iroh, que estava boquiaberto. Pelo canto do olho, também viu a expressão surpresa e confusa de Ty Lee. Ela cerrou as sobrancelhas, sentindo-se por fora de algum segredo.

— Quem é ela? — Azula perguntou ao tio.

— Você parece com a mamãe — A menina murmurou.

Na mesma hora, Zuko entrou apavorado e segurou a menina. Ele estava pálido e parecia prestes a desmaiar de estresse. Azula fechou ainda mais a cara.

— Kiyi, não! — Zuko segurou a menina e a puxou para fora, embora ela protestasse.

— O que tá acontecendo? — Azula perguntou com irritação.

A menininha também parecia frustrada com a falta de contexto. Ela soltou-se de Zuko e correu na direção de onde havia chegado.

— Mamãe!

— Kiyi! — Zuko foi atrás dela.

— O que tá acontecendo?! — Azula exigiu mais alto.

— Azula... — Ty Lee tentou acalmá-la, mas era evidente que também estava confusa.

A Serpente em meu JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora