XVIII. Empolgação

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Parecia um sonho. Ty Lee nunca imaginou que chegaria a oficialmente sair com Azula. Ela sabia mesmo antes de se falarem pela primeira vez que tinha uma quedinha pela garota misteriosa com a tatuagem de serpente. Mesmo assim, Ty Lee não teve pressa em flertar com ela. O ar de indiferença de Azula a desencorajava de tentar. Por isso, a florista foi reunindo pistas de que talvez, só talvez, Azula sentisse algo remotamente parecido.

— Você gostava de mim esse tempo todo? — Azula perguntou enquanto elas andavam de mãos dadas até o encontro.

— Aham.

Ty Lee não via sentido em disfarçar ou fazer jogos. Ela sempre era muito emocionalmente honesta. A vida era curta demais.

— Eu desconfiei às vezes, mas você aparentava ser assim com todo mundo.

Será que isso havia segurado Azula de flertar com ela? Ty Lee tinha esse jeito de ser que talvez achassem amigável demais. Azula sempre foi sua primeira opção, mas ela não descartaria as outras se não tivesse um compromisso real.

— E você não aparentava ser assim com ninguém — Ela devolveu.

Azula desviou o rosto. Ty Lee esperava que não fosse um tópico complicado, mas ela realmente nunca tinha presenciado Azula flertando com alguém ou sequer mencionando um ex. Por muito tempo, ela não tinha certeza se a tatuadora gostava de garotas.

— Ninguém costumava ser interessante. Só isso.

O comentário fez Ty Lee se lembrar de outro que Azula havia feito quando elas estavam no interior. Azula a descreveu como interessante. A florista corou e reprimiu um sorriso.

O local do encontro era um festival. O espaço amplo permitiria que Ty Lee se movimentasse como bem entendesse, e talvez essa fosse a intenção. Além disso, o festival tinha figuras bem interessantes, como engolidores de fogo e de espadas. Ty Lee se sentia em casa. Azula estudou as reações dela com atenção.

— Você gostou?

— É claro que sim! Me lembra o circo, só que com caixas de som, instalações de arte, luzes neon e gente bêbada. É perfeito!

Azula suspirou aliviada e sorriu. Na verdade, Ty Lee se importava mais com a companhia do que com o local, mas saber que Azula havia pensado em tudo a deixava mais feliz.

— Posso te perguntar por que você aceitou sair comigo? — Ty Lee estava curiosa, embora também temesse perguntar.

Azula deu de ombros.

— Eu não tinha um bom motivo para recusar — Ela arregalou os olhos quando se escutou falar — Eu quero dizer que só tinha razões pra aceitar. Eu fico feliz que tenha perguntado.

Ty Lee riu. Azula nunca se preocupava com como suas palavras soavam antes. Ela parecia estar mais investida nas emoções de Ty Lee.

— Eu também fico feliz de ter perguntado.

As duas se olharam por um instante. O sol já estava prestes a se pôr quando elas haviam chegado, então logo estariam sob um céu noturno e estrelado. Seria um cenário bem romântico. Ty Lee não queria criar expectativas, mas ela estava ansiosa para beijar Azula.

— Eu vou pegar bebida pra gente — Azula se levantou de supetão, estragando o clima — O que você vai querer?

Ty Lee não se decepcionou muito. Ela sabia ser paciente. Ela havia sido paciente até então.

— Me surpreenda!

A noite teve vários momentos semelhantes àquele. Azula sempre buscava distrair Ty Lee com alguma coisa quando um clima começava a se formar. Elas estavam tão perto e tão longe. Ty Lee realmente não fazia questão de beijar no primeiro encontro, mas Azula não dava brecha para que ela dissesse isso.

— Azula, calma — Ty Lee riu depois da milésima vez que o clima foi interrompido — Nós podemos ir devagar. Vamos só aproveitar o festival, ok?

Azula não verbalizou nada que confirmasse suas intenções. Ela parecia confusa, mas entrelaçou uma mão com a de Ty Lee.

— Eu só não quero que você fique entediada. Quando ficamos muito tempo em silêncio, eu acho que você tá me pedindo pra arranjar o que fazer.

Ty Lee quase teve uma crise incontrolável de risos. Azula leu a situação completamente errado. Era muito adorável. Ty Lee escolheu não corrigi-la para não constranger Azula.

— Tá tudo bem. Obrigada. Eu tô me divertindo bastante — Ela a assegurou.

O primeiro encontro delas foi muito mais tranquilo a partir dali. Azula não fez qualquer movimento para beijá-la, mas Ty Lee não se importou. Ela realmente havia se divertido, e Azula segurou a mão dela em todos os momentos possíveis.

Parecia um sonho.

A Serpente em meu JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora