XXV. Ansiedade

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Quanto mais Azula ficava no campo, mais ela achava que ele era melhor em doses homeopáticas. Por isso, foi um alívio poder voltar para casa após duas semanas. Ty Lee também ficava muito envolvida com a família e amigos, o que fazia Azula se sentir um pouco deixada de lado. Ao menos na cidade grande ela era prioridade.

Durante a viagem de trem, Azula percebeu Ty Lee um tanto quanto desanimada. Ela já estava sentindo saudades de casa tão cedo? As duas haviam saído da estação há meia hora.

— Ty Lee, não me diga que queria ter ficado lá mais um pouco.

— O quê? — A florista despertou dos seus devaneios — Não, não é isso. Essa semana praticando acrobacias com as minhas irmãs me deixou nostálgica. Eu sinto falta de me movimentar como antes.

Azula suspirou aliviada. Isso era mais fácil de corrigir.

— Quando chegarmos na cidade, você pode procurar um novo hobby. Tenho certeza que não vai ser muito difícil.

O comentário animou Ty Lee novamente.

— Tem razão. Eu poderia começar uma aula de dança. Sempre quis fazer aquela de se pendurar em panos. É bem circense.

Azula achava aquele tipo de dança muito bonito. Exigia bastante controle do corpo e concentração. Apesar do enorme esforço físico, o resultado parecia tão etéreo e fluido. Ty Lee poderia se sair muito bem em algo assim.

— Por outro lado, eu sempre quis aprender artes marciais também — A florista continuou.

Azula havia feito artes marciais desde que deu os primeiros passos, praticamente. Então, ela levantou uma sobrancelha, entretida. Azula não iria revelar aquela informação tão cedo. Talvez pudesse surpreender Ty Lee um dia, assim como foi surpreendida por suas habilidades acrobáticas.

— É mesmo, é? Na cidade você terá bastante opções.

Ty Lee mordeu o lábio inferior e estudou Azula com cuidado, como se hesitasse a falar alguma coisa.

— O que foi?

— A namorada do Sokka dá aulas de artes marciais com leques.

— Quem?

— Um amigo do Zuko.

— Ah.

Azula havia se esquecido que Ty Lee também era familiarizada com aquelas pessoas. Ela era amiga de Mai. Isso revirava o estômago de Azula, mas ela tentava ser tolerante. Se obrigasse Ty Lee a se afastar, poderia terminar perdendo a florista.

O nome Sokka não era familiar de imediato, mas ao saber que era um amigo de Zuko, Azula começou a se lembrar. Aquele rapaz e a irmã dele haviam estudado no colégio que ela ajudou a fechar. Eles provavelmente a odiavam. Não que Azula se importasse.

— Então... Eu nunca a conheci, mas ouvi dizer que é muito boa — Ty Lee continuou, puxando a própria trança.

Azula já queria detestá-la.

— Ótimo. Se você tem interesse, então se matricule — Ela disse quase entre os dentes.

— Mesmo?

— Sim. Tanto faz.

Ty Lee não estava muito convencida, mas sorriu em agradecimento pelo apoio e deixou a conversa de lado. A florista começou a observar a paisagem através da janela. Azula deu um longo suspiro.

— Tio Iroh disse que eu sou bem-vinda na casa de chá.

Ela não sabia de onde as palavras haviam saído, mas era tarde demais para segurá-las. Ty Lee virou o rosto na direção de Azula, surpresa.

— Isso é ótimo, Azula.

— Só de pensar na cara dele eu fico irritada.

Ty Lee franziu a testa.

— Mas, tipo, se você quiser que eu te acompanhe até lá, acho que eu posso ir — Azula emendou com nervosismo e virou o rosto.

De repente, Ty Lee segurou a mão dela.

— Eu adoraria um chá quando chegarmos. Obrigada, Azula.

Elas continuaram a viagem em silêncio. Azula apertou a mão de Ty Lee com mais força, e a florista apoiou a cabeça no ombro dela para tirar um cochilo. A luz dourada que vinha da janela as iluminava e dava um ar de tranquilidade para o interior do trem, mas o coração de Azula parecia querer pular pela garganta. Ela não entendia porque se sentia à beira de um ataque cardíaco. Seu rosto começou a arder e Azula se reclinou para tentar cochilar, enquanto deixavam as montanhas para trás.


Notas: Dois capítulos em dias seguidos pra compensar a pausa. Espero que gostem!

A Serpente em meu JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora