XXXII.

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Tatuagens eram melhores em teoria do que na prática. Ao menos foi o que Ty Lee pensou quando as agulhas começaram a perfurar sua pele. Às vezes era uma dor fácil de ignorar, mas às vezes Azula acertava um ponto especialmente doloroso que fazia o músculo de Ty Lee se contrair. Ela sempre terminava pedindo desculpas embora não pudesse controlar.

— Você tá indo bem. Falta pouco para terminar desse lado.

As palavras de Azula tinham a intenção de acalmá-la, mas Ty Lee só conseguia pensar que havia outro lado a ser tatuado ainda. Pelo menos o desenho era bonito, e era um bom ângulo para admirar o rosto concentrado de Azula.

— Você acha que tá ficando bom? — Ela perguntou para a tatuadora.

Azula limpou a área que havia terminado de trabalhar.

— Sim, tenho certeza.

Ty Lee sorriu. Azula começou a aplicar alguma coisa gelada no local e enrolar toda aquela área do ombro até a clavícula com plástico filme. Então, moveu a cadeira para o outro lado de Ty Lee e começou a preparar o lado direito para ser tatuado.

A florista tentou ser durona, agora que já conhecia a dor, mas o lado direito também tinha seus pontos extra dolorosos. Ela sentia vontade de chorar quando a agulha passava perto do osso.

— Ei, amor, respira. Vai acabar rápido. Você aguenta.

Ty Lee precisou de muito autocontrole para permanecer imóvel. Azula a chamou de "amor" tão casualmente, como se ela não fosse engasgar de surpresa. Um apelido? Tão cedo? Nem Ty Lee havia usado um apelido com ela ainda. Elas só haviam se beijado uma vez.

— Hã... Tem razão, eu aguento.

Uma hora depois, Azula repetiu o processo com plástico filme no lado direito e removeu as luvas para jogá-las no lixo.

— Sabe o que fazer e o que não fazer, certo? Aplique isso aqui na tatuagem umas duas vezes ao dia pelos próximos dias — Azula estendeu o pote para ela — Não coce a tatuagem. Você vai sentir uma coceira de te enlouquecer e vai querer arrancar a própria pele. Eu repito, não coce a tatuagem.

— Ok, não vou coçar a tatuagem.

— É sério. Não coce a tatuagem. Ela vai cicatrizar mal e ficar feia. Além disso, sempre passe bastante protetor solar se a área ficar exposta. Não coma alimentos que atrapalham a cicatrização feito carne de porco e evite banhos de piscina por um tempo.

Ty Lee se esforçou para lembrar de todas as instruções.

— Certo, anotado.

A seriedade de Azula se dissipou e ela começou a admirar o resultado com orgulho.

— Isso tava na minha mente há meses. Finalmente, você parece completa. Quer olhar no espelho?

Ty Lee se levantou da cadeira, eufórica. A pele estava ultra vermelha e irritada, e a tatuagem estava gosmenta e coberta por plástico filme, mas era tão linda. Mais do que Ty Lee havia imaginado. As flores de jasmim começavam dos ombros e desciam ao longo das clavículas, quase se encontrando no meio.

Azula se aproximou e a abraçou pela cintura, também olhando a tatuagem através do reflexo.

— Rei das flores, hein? Eu gosto disso. Você é o rei das flores — Azula sorriu.

Ty Lee reproduziu a expressão de Azula. Ela estava orgulhosa de si mesma. Não era tão assustador assim uma vez que havia acabado. Quem sabe no futuro Ty Lee pudesse ter sim o seu próprio jardim estampado no corpo.

Se ela era o rei das flores, Azula era a rainha? A ideia a agradava. Azula merecia reinar. Ela tinha muito mais ar de realeza. Ty Lee sempre se sentiu mais como um bobo da corte.

Não mais. Ela agora era o rei das flores. Ela era como um jasmim. Doce, alegre e sortuda.

A Serpente em meu JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora