LVII.

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O circo sempre havia sido o suficiente para levantar o astral de Ty Lee, até deixar de ser. Mesmo fazendo amizade com todos os artistas, mesmo sendo convidada para se apresentar com eles, mesmo vestindo o figurino e praticando seus melhores saltos. Não era a mesma coisa. Ty Lee só conseguia pensar que queria estar compartilhando tudo aquilo com Azula.

— O que foi, menina? Eu nunca vi uma pessoa que eu não conseguisse fazer sorrir — disse o palhaço, sentando-se ao lado dela.

Ty Lee suspirou.

— Minha namorada terminou comigo.

O palhaço franziu a testa. Talvez ele precisasse de mais do que um nariz que buzina para consertar o ânimo dela.

— Você a ama?

Ty Lee afundou o rosto nas mãos.

— Sim. Eu disse isso pra ela e aí ela terminou comigo.

— Ai. Doeu.

Realmente.

— Ela tem um passado complicado. Eu só queria ajudar ela a superar tudo aquilo e... e parecia estar funcionando. Até que uma chave girou na cabeça dela e ela decidiu que era incapaz de mudar. Que doía demais tentar.

— É aquela garota de cabelo preto e olhos dourados que veio assistir nossa performance com você? — Ele perguntou.

— Sim...

— Estranho. Pela maneira que ela te olhava, eu tinha certeza que ela te amava.

O palhaço suspirou.

— Bom, o término deve ser ultra recente então, não é? Você vai precisar de bastante tempo para se recuperar.

— Eu não sei se quero superar — Ty Lee confessou — Eu não quero ter que deixar de amar ela.

— Mas você não pode forçar ela a aceitar esse amor — Respondeu o palhaço — Por que não foca em si mesma? O que achou de performar hoje? Você foi fantástica!

O elogio aqueceu o coração fragilizado de Ty Lee. Ela conseguiu exibir um modesto sorriso em agradecimento.

— É, enquanto eu tô no ar... é como se eu estivesse livre. É quando eu consigo esquecer o quanto dói respirar sem ela.

— Você pode continuar fazendo isso.

Ty Lee piscou devagar e encarou o palhaço em confusão.

— Ainda temos uma performance amanhã, certo? Você pode se apresentar de novo — Ele abriu um sorriso radiante — E, é claro, sempre pode escolher fugir com o circo depois.

Era ao mesmo tempo uma piada e um convite. Ty Lee riu e enxugou as lágrimas que haviam começado a brotar.

— É, não seria a primeira vez — Ela respondeu.

A Serpente em meu JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora