XXXI.

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Azula estava trabalhando mais alegre do que o normal. O normal, no caso, era zero alegria. Contudo, agora ela até se permitia assobiar enquanto rascunhava tatuagens, separava as tintas e jogava luvas no lixo. Ter uma namorada tinha seus benefícios. Por exemplo, Azula nunca tinha visto muita graça em beijar pessoas até beijar Ty Lee. Ela havia desistido após uma vez questionar a própria sexualidade, experimentar um de cada na cama e sentir quase o mesmo grau de indiferença com ambos. Agora que Azula gostava de alguém, ela desconfiava que era isso que estava faltando no passado.

— Alguém anda animada ultimamente — Comentou June.

O plano de assassiná-la ainda estava de pé.

— Quem diria que esse tempo todo a cura pro seu mau humor era arranjar uma namorada. Quem é a azarada?

— Não é da sua conta — Azula continuou assobiando.

— Tudo bem, eu não faço questão.

De repente, a porta do estúdio de tatuagem se abriu. Ty Lee trouxe três cafés consigo. Ela entregou um à June primeiro.

— Ty Lee! Há quanto tempo! Você nunca mais pisou aqui — June comentou enquanto aceitava o café.

— Sinto muito. Eu estive ocupada — Ela respondeu, indo até Azula.

Ty Lee depositou um selinho nela antes de entregar-lhe o café. Azula não precisou virar o rosto para saber o sorriso insuportável que estaria estampado no rosto de June.

— Isso é novidade.

O casal olhou para a tatuadora mais velha.

— Não posso dizer que estou surpresa — June confessou dando de ombros.

— Obrigada pelo café — Azula ignorou June e voltou a atenção para Ty Lee.

— Eu não vim só pra isso. Posso me tatuar hoje?

Tanto Azula quanto June quase cuspiram seus cafés quando ouviram a pergunta. O tópico já havia sido praticamente esquecido por elas.

— Você finalmente decidiu as flores?

— Sim — Ty Lee respondeu animada — Quero tatuar flores de jasmim.

— Por que jasmim?

Azula estava realmente interessada na resposta. Ela nunca tinha visto Ty Lee fazer arranjos com flores de jasmim.

A florista tirou um pequeno livro de botânica da bolsa e abriu numa página sobre jasmim.

— Jasmim é o rei das flores? — Azula leu em voz alta, erguendo uma sobrancelha — Libera uma fragrância marcante durante a noite e representa doçura, alegria e sorte.

— Rei das flores, hein? É apropriado para uma florista — Comentou June.

— Acho que combina com você — Azula disse, observando Ty Lee corar e sorrir de orelha a orelha — E são flores bonitas. Ok, eu tenho tempo agora se você tiver.

Ty Lee bateu palmas empolgadas e tirou a mochila antes de se sentar em uma das cadeiras de tatuagem. Azula não tinha um flash pronto, mas podia fazer um stencil à mão livre. Ela removeu a tampa da caneta com a boca enquanto Ty Lee se inclinava.

— Ok, nós finalmente estamos fazendo isso — Azula disse, cuspindo a tampa.

— Estou tão orgulhosa — June se inclinou para observar.

O rascunho começou a ser feito.

A Serpente em meu JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora