A Serpente em meu Jardim

XLIII. Dia dos Namorados

O dia dos namorados era uma data especial. Ty Lee já a comemorava pelo sexto ano consecutivo. Seu primeiro namorado a presenteou com um peixinho que morreu uma semana depois. Eles ficaram juntos por dois anos mesmo assim, mas porque é difícil terminar um namoro quando você está viajando por aí com o circo.

Os namorados já a presentearam com ursinhos de pelúcia, colares, brincos, anéis, flores, etc. Ty Lee adorava presentes. O problema era que ela gostava mais dos presentes do que deles.

Quando Azula demonstrou ter planos para a data, Ty Lee ficou empolgada. Ela não queria criar expectativas, mas era uma surpresa positiva. Romance não era exatamente a especialidade de Azula.

Ty Lee foi conduzida com uma venda nos olhos até o local. Ela mal conseguia conter a ansiedade. Quando Azula abriu a porta, Ty Lee sentiu um cheiro de incenso e especiarias invadir seu olfato. A venda foi removida, permitindo que ela admirasse a nova decoração na casa de chá. As luzes estavam menos intensas do que o normal e havia várias lanternas em formato de coração penduradas pela loja. Além disso, todos os guardanapos eram em tons de rosa e vermelho.

Em cada mesa também havia um arranjo floral seguindo o estilo Ikebana. Ty Lee era fascinada pela arte, mas ainda não se atrevia a aprender. Ela sabia que a estrutura dos arranjos se baseava em três pontos simbolizando o céu, a terra e o homem. As composições são feitas para murcharem após vinte e quatro horas. A efemeridade do arranjo é uma das principais virtudes do Ikebana.

— Eu sei que não é tão especial já que sempre vamos aqui, mas... espero que você goste.

Ty Lee beijou a bochecha da namorada.

— É perfeito.

Iroh veio atendê-las com o sorriso atencioso de sempre e as conduziu até uma das melhores mesas.

— Temos alguns especiais para hoje — Ele estendeu os menus para elas — Espero que esteja tudo do agrado das senhoritas.

— Foi o senhor quem escolheu os arranjos? — Ty Lee perguntou empolgada.

— Sim. Você gostou? — O velho perguntou esperançoso.

— Eu amei! O senhor pensa em todos os detalhes!

Ele abriu um sorriso ainda maior e se curvou antes de se retirar para deixar que elas escolhessem o que pedir.

— Eu mal vejo a hora de você ver o presente que eu escolhi — Ty Lee revelou.

Azula sorriu e abaixou o menu para observá-la.

— Eu também tenho uma surpresa para você — Ela apoiou o queixo nas mãos entrelaçadas, com os cotovelos sobre a mesa.

— Eu achei que vir até aqui fosse a surpresa — Ty Lee respondeu.

Azula realmente tinha se esforçado. Ela estava tão orgulhosa.

Em uma mesa próxima, Suki levava comida até a boca de Sokka, de mãos dadas sobre a mesa. Azula olhou para eles e torceu o nariz, enojada.

— Que bom que nós não somos um casal meloso — Ela comentou estirando a língua.

Ty Lee riu e segurou uma das mãos de Azula para plantar um beijo. Então, percorreu o resto do braço dela com os dedos, fazendo com que o rosto de Azula ficasse vermelho como um tomate.

— É dia dos namorados. Todos os casais têm permissão para serem melosos — Ty Lee argumentou.

Azula virou o rosto, envergonhada, mas não puxou o braço.

Quase no mesmo instante, a porta da casa de chá se abriu. Ty Lee levantou a vista para ver Katara e Aang de mãos dadas, olhando ao redor. Katara havia feito uma trança romântica, deixando o resto do cabelo longo solto. Ela estava usando um lindo vestido azul claro e a gargantilha que nunca tirava do pescoço. Aang, que quase sempre usava alpercatas, finalmente usou um sapato fechado. Ty Lee percebeu que não os via por lá há quase dois meses. Precisamente quando Azula começou a frequentar o local.