CAPÍTULO 3

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Eu demorei exatamente três horas para terminar de organizar tudo que eu precisava para partir para o rancho.

Durante esse período de tempo eu recebi tudo que eu precisava sobre o estado de saúde do Senhor Antônio através do meu e-mail.

Apesar do coma em que ele se encontrava, tudo em seu prontuário era muito favorável para sua recuperação. Na verdade, mesmo com todas as informações em inglês, enquanto eu analisava eu sentia que havia algum outro motivo, talvez um motivo psicológico pelo qual ele não acordava. Guardei essa informação em minha mente para conversar com a família depois. Eu precisava fazer um exame clínico detalhado em meu paciente antes de qualquer iniciativa com a família.

Verifiquei com todos da minha equipe se estava tudo pronto para a nossa nova aventura.

Larissa iria para o rancho pela manhã, dirigindo com o pequeno Cris em seu carro. Victória confirmou que iria. Combinei com ela e o Cézar que precisaria deles amanhã na parte da manhã, assim iria verificar como iríamos dividir os períodos de turno.

Pâmella, a psicóloga, deveria se apresentar ao trabalho na manhã de quarta-feira. Seu papel seria aconselhar todos ligados diretamente ao Senhor Antônio durante esse período, principalmente dar apoio para sua mãe e sua filha, e posteriormente trabalhar com o Senhor Antônio assim que ele acordasse.

Recebi a informação através do Frederico de que o Senhor Antônio viria acompanhado no avião somente por uma enfermeira de Miami, que voltaria em um voo no dia seguinte. Por isso eu precisava ir até o aeroporto para embarcar no helicóptero até o rancho junto com ele. Aparentemente sua mãe, sua filha e sua irmã viriam em um voo comercial e chegariam ao rancho apenas no dia seguinte.

Pelo que soube através do Frederico, sua mãe e sua filha estavam muito abaladas pela situação.

Senti um pesar em meu peito e o meu coração apertado ao pensar em sua filha.

Não conseguia imaginar como deveria estar sendo difícil para ela pois ela já havia perdido a mãe, e agora ver o pai nessa situação...

Suspiro alto enquanto passo o meu olhar em todos os cantos do meu apartamento. Eu tinha a sensação de que demoraria muito para voltar a pisar nesse local. Com lágrimas em meus olhos, me dirijo até a porta puxando comigo uma mala de quatro rodas, e uma bolsa grande em meu ombro.

Tranco a porta, e enquanto espero o elevador faço uma breve oração.

Por mim, pelo meu emprego, e pelo Senhor Antônio.

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Observo o carro do Frederico encostar no meio fio em frente a portaria do meu prédio, e vou saindo para a calçada enquanto ele desce do carro para me ajudar com minha mala. A gente havia combinado de irmos juntos até o aeroporto, para que ele me passasse mais algumas informações durante o caminho, e eu aceitei a carona, pois para mim seria ótimo não precisar pedir um carro de aplicativo, já que não faria sentido ir com o meu carro.

- Pronta para partir, Doutora Amanda? - ele me pergunta com um meio sorriso. Seu rosto tem um ar pacífico, mas ao mesmo tempo seus olhos carregam uma nuvem de preocupação. Frederico é um homem bonito, alto, seus olhos eram pequenos e levemente puxados, e seu rosto carregava uma barba rala.

- Somente Amanda, por favor. - eu respondo sorrindo.

- Então vamos, 'somente Amanda'. E você pode me chamar de Fred. - ele diz divertido. - Estou ansioso para ver como o Papato está.

Entramos no carro, o relógio no painel marcando 17:40.

- Eu gostaria de passar mais algumas informações importantes para você no caminho. - ele diz enquanto liga o carro.

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