CAPÍTULO 45

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Quase duas semanas desde que descobrimos que Finn e Cecília estão juntos, e as coisas estavam um pouco tensas. Antônio estava muito ansioso, mesmo ele tentando esconder para não me preocupar.

Eu notava como ele não dormia direito durante a noite, e como ele estava se desgastando cada vez mais durante os treinos.

Toda noite eu fazia uma massagem em seu corpo, e sentia todos os seus músculos tensos.

A Lari também avisou que ele precisa pegar mais devagar com o joelho, mas a determinação dele em vencer essa luta estava fazendo ele ficar cego em relação a todo o resto.

Ontem durante o jantar, Antônio conversou com a Maria sobre o novo semestre escolar que começaria agora em Agosto, e que ela deveria retornar ao Rio com a Dona Wilma. Ele estava sem paciência e ela chorou pedindo para ficar até a luta, que seria no dia 31 de Agosto, e os dois travaram uma batalha.

Eu entendi que ele também queria que elas voltassem porque estava com medo do que Cecília seria capaz, mas me cortou o coração ver a Maria triste e chorando daquele jeito, e em um impulso eu intervi na conversa, sugerindo que ele deixasse ela ficar, e contratasse aulas de reforço para ela assim que ela voltasse ao Rio, para fazer toda a matéria perdida nesse período.

Ele relutou no início, depois conversou muito sério com ela, dizendo que ela teria jornada dupla na escola e que ele não iria querer notas vermelhas em seu boletim. Ela concordou com tudo, e ele finalmente cedeu.

Mas depois, antes de eu ir dormir, eu fiquei pensativa e senti que talvez eu não devesse ter me intrometido assim entre eles dois, porque eu não era a mãe da Maria.

Eu pedi desculpas para ele, e ele sorriu e me assegurou que não havia problema algum com isso, e que ele ficava feliz em ver que eu amava a filha dele também.

Durante essas duas semanas que se passaram, o Antônio não deixava eu, nem a Dona Wilma e a Maria sairmos sozinhas para nenhum lugar. Não que eu quisesse sair, porque eu não conhecia nada por aqui, mas a Dona Wilma já estava ficando entediada de ficar dentro de casa. Eu sei que ela adorava passear por Miami Beach, fazer compras e almoçar em restaurantes na orla da praia. E a Maria também adorava acompanha-la, pois sempre voltava com alguma roupa nova de presente.

E eu, com a minha barriga cada vez maior, surtei no último fim de semana porque precisava de roupas. Eu não havia conseguido comprar nada com a Lari naquele fatídico dia, e estava cansada de usar as camisetas do Antônio.

Tive uma crise de choro horrível no último sábado, olhando para o espelho e jogando as minhas roupas no chão, até que o Antônio entrou no quarto e vendo o meu desespero me carregou até o shopping.

Eu comprei várias roupas para gestante, entre vestidos, calças, blusas, pijamas e lingeries.

A parte da lingerie foi um caso a parte, já que o Antônio pegou várias que ele gostou e colocou na sacola de compras mesmo eu dizendo que era desnecessário. Afinal eu não tinha a mínima intenção de usar camisolas de renda transparente.

Depois eu tive outra crise de choro ao pagar pela compra, porque ele não deixou eu pagar por nada, e eu comecei a pensar na dívida que eu tinha com ele sobre a internação no hospital, mais todas essas roupas, e sobre eu não estar ajudando em nada enquanto estou hospedada em sua casa. Comecei a jogar na cara dele que eu perdi o meu emprego por culpa dele, e sobre eu estar com saudades de casa, dos meus pais, e do meu antigo trabalho no hospital.

Eu só parei de chorar quando ele me comprou um sorvete e disse que me amava mais que tudo, e que tudo o que era dele era meu também, e que eu não devia nada a ele.

CLAREOUOnde histórias criam vida. Descubra agora