ANTÔNIO
É domingo à noite e eu sento em silêncio na banqueta no balcão da minha cozinha, com uma taça de vinho branco em minha frente.
Seguro com força o envelope branco em minhas mãos, observando a etiqueta com os nossos nomes.
Sinto a tensão tomar conta de todo o meu corpo, e tento estalar os meus ombros e pescoço para aliviar.
Esse envelope iria mudar a minha vida para sempre.
Eu havia pegado esse envelope na sexta-feira e ainda não tive coragem de abrir.
E se ela não fosse a minha filha?
Eu não queria fazer isso sozinho. Não queria abrir o envelope e ver que a Maria não era a minha filha, estando sozinho nesse apartamento.
Eu havia deixado a Maria ir dormir na casa da minha mãe, e o silêncio do meu apartamento consumia tudo ao meu redor.
Eu queria ela.
Amanda.
Como eu pude ser tão burro em deixa-la sair da minha vida assim, de um dia para o outro?
Como eu puder ser inocente ao ponto de achar que tudo voltaria ao normal depois de ter vivido um dia da minha vida com ela?
Depois de sentir o cheiro dela.
De provar o gosto dela.
Ela estava tão linda na sexta-feira. Seus cabelos preso em um coque bagunçado, e seu rosto com uma leve marca da máscara e do óculos de UTI.
Lembro de como eu achei a sua aparência frágil, e de como ela parecia um pouco pálida e mais magra.
Eu senti uma raiva gigantesca quando vi aquele médico tocando o seu braço, e ela retribuindo o toque.
Raiva de mim mesmo, por ter afastado ela de mim.
Eu estava tão apaixonado por aquela mulher, que o mísero pensamento dela saindo com outro homem queimava um buraco dentro do meu peito.
Mas é isso o que iria acontecer.
E a culpa seria toda minha.
Ela iria conhecer alguém, e iria sair com ele. Depois deixaria ele tocar em seu corpo, e fazer amor com ela. Ela iria se apaixonar. Ele iria oferecer o mundo para ela, e ela iria aceitar. Eles teriam filhos, e seriam felizes.
Burro! Idiota!
Eu soco o balcão, a dor em minha mão lembrando-me de como seria miserável a minha vida vendo-a ser feliz com outra pessoa.
Eu estraguei tudo!
Imagino-a andando pelo meu apartamento, descalça com o cabelo loiro solto em suas costas. Seu corpo estreito sustentando uma barriga de grávida, e um sorriso enorme de felicidade no rosto.
Eu estraguei tudo!
Coloco minhas mãos em minha cabeça e fico encarando o envelope no balcão.
Devo abrir agora?
Devo chamar o meu irmão?
E se ele fosse o pai da Maria, como seriam as nossas vidas daqui para frente?
Começo a hiperventilar, meu coração acelerado, e minha respiração ofegante.
Eu preciso abrir esse envelope junto com o meu irmão. Nós dois precisamos dessa resposta.
Levanto-me da banqueta e procuro o meu celular, enviando uma mensagem para o meu irmão.
"Chegou a hora da gente saber."
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CLAREOU
FanfictionAmanda é uma médica dedicada que trabalha na unidade intensiva, e se apaixona perdidamente por Antônio, um lutador profissional em coma devido a um trauma em sua última luta.