CAPÍTULO 8

1.6K 85 18
                                    

Assim que saí do quarto de Antônio, resolvi sair para fazer uma caminhada.

Vesti uma legging e top cor de rosa claro, coloquei um tênis próprio para caminhada e saí em direção a uma pequena trilha rodeada por árvores recém-plantadas.

Eu tinha certeza que estava no caminho correto com o seu tratamento, mas me senti um pouco culpada quando o vi com febre.

Fiquei repassando tudo na minha cabeça. Uma vez. Duas vezes.

Parei abruptamente.

O caderno.

Ele reagiu quando eu disse que o caderno de sua esposa estava na caixa.

Sinto o ar fugir do meu pulmão.

"[...]Eu saí por um momento, para buscar a Maria na casa de uma amiga, e o Papato ficou com a Bruna na casa, mas nesse momento ele estava bem, sorrindo e brincando, mas quando eu retornei ele já estava diferente. Agora, parando para pensar, a Bruna também estava estranha naquele dia. Lembro-me que antes de eu sair, ela disse que precisava conversar com ele."

"[...] - A Bruna é muito mais complicada. - ela suspira. - Nós conversamos apenas uma vez. Ela carrega um sentimento de culpa sobre algo."

"[...] - Não, mas ele não estava bem. Não estava inteiro. A culpa é minha. Eu estraguei tudo. Eu estraguei a vida do meu irmão. - ela grita, se curvando e chorando."

"[...] - O meu irmão foi traído aonde mais dói. No coração. - ela sussurra, e sinto minhas lágrimas caírem junto com as delas."

Ah, Antônio! O caderno!

Sinto meu coração pesando uma tonelada quando volto a caminhar. Passo minha mão em meu peito como se isso fosse aliviar algo.

Tinha algo naquele caderno que o faz reagir daquele jeito.

Talvez seja esse o motivo para ele se trancar em um mundo só dele.

Pode ser algo relacionado a Maria, por isso ele também chorou quando eu mencionei ela no outro dia.

Se minhas teorias estivessem corretas, deveria ser algo muito pesado.

Continuei caminhando sem rumo, enquanto conectava uma playlist em meus fones de ouvido para tentar me distrair.

¤¤¤¤¤¤

Quando retorno para a casa principal, entro direto pela varanda da minha suíte e corro para o chuveiro. Estou suada e pegajosa, e com alguns leves arranhões em meu braço direito, por conta de um tombo que levei ao escorregar na trilha.

Não é nada profundo, mas rasgou a manga do meu top, e arde um pouco quando a água quente do chuveiro cai sobre eles.

Assim que termino meu banho, visto uma calça de malha confortável e uma blusa de mangas curtas. Noto uma bandeja com o jantar em cima da minha cama. Ainda não havia me acostumado com essas mordomias. Na verdade, até sentia falta de preparar o meu próprio jantar, mas não me atrevia a pisar naquela cozinha sozinha.

Faço a minha refeição enquanto me atualizo nas notícias do mundo pelo meu telefone, e depois de terminar noto que já são 21:00 horas.

Levanto-me e vou em direção ao quarto do Antônio verificar como ele está, e encontro o Cézar medindo sua temperatura novamente.

- Ele ainda está com febre? - pergunto preocupada.

- Vai e volta o tempo todo. Acabei de administrar mais trinta gotas do antitérmico. - ele diz prontamente.

CLAREOUOnde histórias criam vida. Descubra agora