ANTÔNIO
Olho no relógio do painel do carro para conferir o horário enquanto estamos a caminho da escola da Maria. Ainda temos dez minutos até o horário da saída dela. Eu não esperava demorar tanto para sair da academia e ainda perdemos mais tempo porque tivemos que ir até o apartamento dela deixar o seu carro na garagem.
Eu simplesmente não consegui me controlar depois de ver a Amanda, ainda mais vestindo aquela roupa. Ao sair de lá, eu havia entregado para ela uma camiseta limpa que eu mantinha no armário da academia, da qual ela estava vestindo agora por cima do top sentada ao meu lado no carro.
Eu estava sentindo falta dela desde segunda-feira de manhã quando acordei em sua cama e me despedi antes dela partir para o hospital.
E hoje era quarta-feira.
Dois dias.
Eu sou patético.
Eu fico pensativo durante o caminho, e sinto a sua mão tocar minha perna em um leve aperto. Suspiro e encaixo os meus dedos nos dela, levando as costas de sua mão até os meus lábios.
- Está tudo bem? - ela pergunta.
- Sim. - respondo breve, prestando atenção ao trânsito.
Ela não havia respondido nada sobre ser a minha namorada.
Novamente, me sinto patético por não ter feito um pedido decente, mas ao mesmo tempo sinto uma ligeira insegurança. Talvez ela simplesmente não queira.
Eu sei que a minha vida é agitada, e que um dia eu posso estar no Rio de Janeiro, outro em Miami, ou em outro continente. Já era muito difícil para mim conciliar isso com a vida escolar da minha filha. Ela não ter mais a presença de sua mãe piorou ainda mais a situação. Por isso eu estava com o objetivo de ir diminuindo a quantidade de lutas por ano para fixar um endereço permanente no Brasil. Eu gostava muito de morar nos Estados Unidos, mas sentia que era muito importante minha filha ter contato também com o restante da família, e sentir-se rodeada de amor. Em Miami era somente eu, e o Fred esporadicamente.
Então eu entenderia perfeitamente se ela não quisesse se ligar a uma pessoa com a vida como a minha. Afinal ela era uma mulher independente, tinha um emprego corrido, porém estável, residência fixa e sonhos para o futuro.
Ela vai querer formar uma família, ter filhos, um quintal grande e um cachorro.
E eu não posso dar isso a ela.
Eu já tinha uma filha, e agora nem tenho a certeza se ela é realmente minha. Não estava nos meus planos ser pai novamente. Então talvez ela não queira namorar um cara que não tenha a intenção de se casar com ela.
- Chegamos. - eu aviso estacionando o carro no meio fio do outro lado da rua. Havia uma dúzia de mães na calçada esperando as crianças saírem.
- Quer que eu espere aqui? - ela pergunta tímida.
- Vamos comigo, a Maria vai amar ver você aqui. - eu peço.
Descemos do carro, e eu seguro sua mão entrelaçando nossos dedos para atravessar a rua.
Quando a Maria sai pelo portão da escola, ela abre um sorriso e solta um gritinho correndo até nós, chamando a atenção de algumas pessoas presentes ali.
- Amandinha! - ela abraça a Amanda apertado, e eu sorrio com a pouca diferença de altura entre as duas.
Minha filha seria alta igual ao pai.
Mesmo se o pai fosse o meu irmão, ele também era um homem alto.
Balanço a cabeça tentando esquecer esse assunto.
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CLAREOU
FanfictionAmanda é uma médica dedicada que trabalha na unidade intensiva, e se apaixona perdidamente por Antônio, um lutador profissional em coma devido a um trauma em sua última luta.