CAPÍTULO 39

1.8K 120 43
                                    

Abro os meus olhos lentamente, e observo por um momento o teto branco do quarto de hospital. Uma parte de mim desejava que tudo tivesse sido um sonho ruim, mas não foi.

Mudo a minha posição tentando aliviar a dor nas minhas costas por ficar tanto tempo deitada, e sinto uma vontade absurda de fazer xixi.

Quando me sento na cama, fico surpresa ao ver o Antônio deitado no sofá ao meu lado.

Eu sinto uma onda de raiva em saber que ele teve a cara de pau de entrar aqui, e dormir como se nada tivesse acontecido.

Quem ele pensa que é?

A minha vontade de fazer xixi vai embora, e eu me recosto e fico observando ele dormir.

Como ele pode fazer aquilo?

Se ele queria curtir a vida, por que me deu esperanças? Por que me amarrou em um relacionamento a distância sabendo que não era isso que ele queria?

São tantas perguntas que se passam em minha mente, todas elas me deixando cada vez mais irritada à medida que os minutos vão passando e ele continua dormindo.

Por que, Antônio?

Sinto vontade de chorar quando penso que estou vivendo o meu maior sonho que é ser mãe, em meio ao maior pesadelo da vida real.

Quando eu pensava que um dia iria engravidar, sempre me imaginava curtindo a minha gravidez junto com o pai do meu bebê.

Queria estar ao lado do meu parceiro, comprar o enxoval, montar um quarto, observar as mudanças no meu corpo, tirar fotos e planejar o futuro.

Agora, eu só queria voltar para casa.

Passo a mão em minha barriga levemente saliente, agradecida por meu bebê ainda estar aqui.

"A mamãe te ama! A gente vai voltar para casa logo!" - eu falo mentalmente com o meu bebê.

Antônio se mexe ao meu lado, e vejo quando ele abre os olhos lentamente, observando ao redor.

Ele esfrega o rosto algumas vezes e levanta o corpo, sentando-se com os pés no chão.

Seus olhos grudam nos meus, e eu me sinto enjoada lembrando-me dele beijando outra mulher.

- Amandinha! - ele se aproxima da minha cama tentando pegar a minha mão, mas eu o afasto.

- Não me toca! - eu falo com raiva, não conseguindo nem olhar para a cara dele.

Droga, cadê a Larissa que não chega logo?

- Amor, não faz assim. - ele sussurra e ergue a mão, tentando me tocar, mas eu viro o rosto.

- Vai embora. - eu peço fechando os meus olhos com força.

- A gente precisa conversar. - ele diz.

- Eu não quero conversar com você! Eu quero que você saia daqui! - eu falo mais alto.

- Amandinha... - ele começa, mas eu o corto.

- Amanda! - eu falo encarando os seus olhos. - Para você é Amanda!

- Não... - ele sussurra e eu sinto o meu coração se partir novamente.

Quantas vezes eu aguentaria?

Sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto.

- Por favor, só me ouve. - ele pede olhando nos meus olhos, mas eu não respondo.

- Eu não fiz aquilo. - ele fala e eu fecho os meus olhos, as lágrimas escorrendo livremente. - Eu nunca faria aquilo com você. Eu te amo.

- Se você me ama, vai embora daqui agora. - eu falo e aperto os meus olhos, me sentindo enjoada. - Eu não consigo nem olhar para você, eu tenho nojo.

CLAREOUOnde histórias criam vida. Descubra agora