Abro os meus olhos lentamente, e observo por um momento o teto branco do quarto de hospital. Uma parte de mim desejava que tudo tivesse sido um sonho ruim, mas não foi.
Mudo a minha posição tentando aliviar a dor nas minhas costas por ficar tanto tempo deitada, e sinto uma vontade absurda de fazer xixi.
Quando me sento na cama, fico surpresa ao ver o Antônio deitado no sofá ao meu lado.
Eu sinto uma onda de raiva em saber que ele teve a cara de pau de entrar aqui, e dormir como se nada tivesse acontecido.
Quem ele pensa que é?
A minha vontade de fazer xixi vai embora, e eu me recosto e fico observando ele dormir.
Como ele pode fazer aquilo?
Se ele queria curtir a vida, por que me deu esperanças? Por que me amarrou em um relacionamento a distância sabendo que não era isso que ele queria?
São tantas perguntas que se passam em minha mente, todas elas me deixando cada vez mais irritada à medida que os minutos vão passando e ele continua dormindo.
Por que, Antônio?
Sinto vontade de chorar quando penso que estou vivendo o meu maior sonho que é ser mãe, em meio ao maior pesadelo da vida real.
Quando eu pensava que um dia iria engravidar, sempre me imaginava curtindo a minha gravidez junto com o pai do meu bebê.
Queria estar ao lado do meu parceiro, comprar o enxoval, montar um quarto, observar as mudanças no meu corpo, tirar fotos e planejar o futuro.
Agora, eu só queria voltar para casa.
Passo a mão em minha barriga levemente saliente, agradecida por meu bebê ainda estar aqui.
"A mamãe te ama! A gente vai voltar para casa logo!" - eu falo mentalmente com o meu bebê.
Antônio se mexe ao meu lado, e vejo quando ele abre os olhos lentamente, observando ao redor.
Ele esfrega o rosto algumas vezes e levanta o corpo, sentando-se com os pés no chão.
Seus olhos grudam nos meus, e eu me sinto enjoada lembrando-me dele beijando outra mulher.
- Amandinha! - ele se aproxima da minha cama tentando pegar a minha mão, mas eu o afasto.
- Não me toca! - eu falo com raiva, não conseguindo nem olhar para a cara dele.
Droga, cadê a Larissa que não chega logo?
- Amor, não faz assim. - ele sussurra e ergue a mão, tentando me tocar, mas eu viro o rosto.
- Vai embora. - eu peço fechando os meus olhos com força.
- A gente precisa conversar. - ele diz.
- Eu não quero conversar com você! Eu quero que você saia daqui! - eu falo mais alto.
- Amandinha... - ele começa, mas eu o corto.
- Amanda! - eu falo encarando os seus olhos. - Para você é Amanda!
- Não... - ele sussurra e eu sinto o meu coração se partir novamente.
Quantas vezes eu aguentaria?
Sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto.
- Por favor, só me ouve. - ele pede olhando nos meus olhos, mas eu não respondo.
- Eu não fiz aquilo. - ele fala e eu fecho os meus olhos, as lágrimas escorrendo livremente. - Eu nunca faria aquilo com você. Eu te amo.
- Se você me ama, vai embora daqui agora. - eu falo e aperto os meus olhos, me sentindo enjoada. - Eu não consigo nem olhar para você, eu tenho nojo.
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CLAREOU
FanficAmanda é uma médica dedicada que trabalha na unidade intensiva, e se apaixona perdidamente por Antônio, um lutador profissional em coma devido a um trauma em sua última luta.