CAPÍTULO 36

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Levamos cerca de quinze minutos para chegarmos ao hospital.

Eu não tinha mais lágrimas para chorar, e me sentia anestesiada, sem forças.

A cólica havia diminuído a intensidade, e eu estava com medo, pois não sabia se isso era bom ou ruim.

Lari e Fred me acompanharam até o balcão, e eu consegui responder algumas informações que a atendente me perguntava em inglês.

Quando ela diz para eu entrar na área de emergência, agarro com força a mão da Lari.

- Por favor, entra comigo. - eu peço.

- Claro, vamos. - ela entrelaça o braço no meu e entramos pelo corredor, enquanto o Fred fica parado na recepção nos observando entrar.

- Eu estou com medo. - sussurro para ela.

- Vai dar tudo certo, amiga. - ela esfrega a mão em meu braço, me tranquilizando.

Uma enfermeira aguarda em frente a uma sala, e se apresenta em inglês, passando algumas informações.

- Amandinha, eu não entendo muito bem o inglês, eu não vou ser de boa ajuda. - Larissa fala apreensiva. - Talvez seja melhor ligar para o Sapato.

- Não! - eu corto. - Eu não quero!

- Tudo bem. - ela assente.

A enfermeira pede para eu tirar a minha roupa no banheiro anexo, antes do médico entrar.

Eu entro no banheiro, e me desespero quando vejo a mancha de sangue em minha calcinha.

Sinto-me extremamente triste, mas prometo para mim mesma que não irei chorar novamente.

"Filho, se você ainda estiver aqui, saiba que eu farei de tudo para te proteger." - eu falo mentalmente enquanto passo a mão pela minha barriga. - "Perdoe a mamãe por ter vindo. Eu não deveria."

Visto o avental e me sento na maca de exames, enquanto a Larissa se senta ao meu lado em uma cadeira.

Um médico alto e loiro entra, vestindo um jaleco branco impecável, e uma camisa social azul clara por baixo.

Ele usa uns óculos de armação fina e preta, e a sua aparência é de um homem sério e calmo.

Ele se apresenta como Dr. James, e pergunta o que exatamente aconteceu e o que eu estava sentindo.

O meu coração acelera e eu me embaralho nas palavras em inglês, e percebo que ele não está entendendo.

Olho desesperada para a Larissa, e ela se ajeita nervosa ao meu lado.

- Você pode chamar o Fred? - eu pergunto tímida.

- Claro, amiga! - ela responde e parece aliviada, saindo da sala apressada.

Peço que o médico aguarde por alguns minutos até o meu amigo que sabe inglês fluente entrar, e ele acena com a cabeça.

Alguns minutos depois, Fred entra e eu respiro aliviada.

- Desculpa te colocar nessa situação. - eu falo nervosa.

- Fica tranquila, Amandinha. - ele fala e cumprimenta o médico. - O que eu preciso dizer para ele? - ele pergunta para mim.

- Fala que eu estou gestante de onze semanas e dois dias, que acabei de fazer uma viagem do Brasil até aqui, voo direto sem escalas. - eu faço uma pausa e espero ele conversar com o médico.

- Ele quer saber exatamente o que você está sentindo. - Fred informa.

- Fala que eu passei por um pico de emoção, um choque, e que imediatamente eu senti uma pontada muito forte no baixo ventre, acompanhado de dor nas pernas e nas costas. - eu falo, olhando para os dois, e apontando para o local da minha barriga. - As cólicas começaram muito intensas, e eu tive um sangramento leve. - eu sinto o meu rosto corar por ter que contar isso para o Fred.

CLAREOUOnde histórias criam vida. Descubra agora