CAPÍTULO 27

1.6K 96 19
                                    

Vinte dias.

Esse era o período de tempo que eu estava sem falar com o Antônio.

Sem uma palavra, uma mensagem, uma ligação, nada.

Eu fui embora e ele simplesmente deixou, e saber que ele nem tentou lutar por mim me machucou ainda mais.

Eu mergulhei no meu trabalho, porque ali eu esquecia de tudo.

A rotina da UTI era tão intensa que eu desligava a minha vida particular para cuidar da vida dos meus pacientes, e isso estava me ajudando muito.

O problema era quando eu voltava para casa, e o vazio do meu apartamento me obrigava a viver com os meus pensamentos.

Eu não sentia vontade de conversar com ninguém, não sentia fome, e só tinha vontade de dormir para esquecer.

Foi assim que eu percebi quão forte era o meu sentimento por ele.

Eu já tive outros namorados, sendo que um deles ficou comigo por quase cinco anos, e eu não me senti desse jeito após o nosso término.

É porque ele não lutou por você, boba.

Às vezes eu trocava algumas mensagens com a Maria, mas eu nunca perguntava sobre o pai dela. Ela pedia para me ver, mas eu sempre dava a desculpa do meu trabalho.

Era triste, porque eu sentia muita saudade dela.

Sentia muita saudade dele...

- Toc, toc. - brinca a Doutora Aline quando bate na porta entreaberta do meu consultório.

- Pode entrar. - eu sorrio em resposta.

Ela entra acompanhada de outro médico, que eu ainda não conhecia.

Ele era alto, talvez quase um metro e noventa, e seus cabelos eram de um tom de loiro dourado.

- Doutora Amanda, esse é o Doutor Cristian, ele é cirurgião cardiologista e está entrando em nosso time a partir de hoje. - Aline nos apresenta, e eu me levanto oferecendo a minha mão.

- É um prazer, seja bem-vindo. - eu sorrio.

- Obrigado, o prazer é meu. - ele responde apertando a minha mão.

- Você já conheceu o hospital? - eu questiono.

- A Doutora Aline já me mostrou tudo, só faltava me apresentar para a chefe da UTI. - ele brinca.

- Bom, eu trouxe ele até aqui porque alguns casos graves de pacientes com diversos tipos de cardiopatia sempre acabam na UTI. - ela explica. - Então é bom que vocês se conheçam, porque irão trabalhar juntos.

- Claro. - eu afirmo. - Doutor Cristian, se precisar de alguma coisa é só chamar.

- Obrigado, Doutora Amanda. - ele fala e se retira da sala.

Antes de sair, a Doutora Aline me observa com os olhos semicerrados.

- Você está bem, Doutora? - ela questiona.

- Sim. - eu respondo com um breve sorriso.

- Quando acaba o seu plantão? - ela pergunta.

- Amanhã no fim da tarde. - eu respondo e sento-me novamente.

- Ótimo, amanhã é sexta-feira, topa ir comigo e o Doutor Cristian jantar naquele restaurante italiano no Leblon? - ela sugere. - Ele não conhece ninguém aqui no Rio, e fiquei de dar algumas dicas de lugares para ele.

- No Bene? - eu pergunto animada.

- Sim, eu sei que você ama aquele Nhoque de Polenta. - ela sorri e pisca para mim, e eu sinto minha boca salivar lembrando o sabor.

CLAREOUOnde histórias criam vida. Descubra agora