CAPÍTULO 9

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Abro lentamente os meus olhos quando sinto minha cabeça subir e descer ritmicamente, e ouço um bater acelerado de coração em meus ouvidos.

Estava aninhada ao corpo de Antônio, e dormi com a cabeça confortavelmente em seu peito.

Quando a consciência chega e eu percebo onde estou, levanto a cabeça rapidamente, olhando ao redor do quarto.

"Muito bem, Amanda! Muito bem!" Penso enquanto levo minha mão a minha cabeça. Volto o meu olhar para o Antônio e me assusto com um par de olhos profundos e escuros me olhando de volta.

Dou um salto da cama, quase caindo no processo, e levo minha mão até minha boca, incrédula.

- Antônio! - eu exclamo e sorrio para ele.

Ele sorri torto para mim, e leva as mãos até o seu rosto, esfregando os olhos.

- Ah, meu Deus! - eu exclamo de novo, e me vejo parada sem saber o que fazer.

Ele suspira e me olha novamente, depois ergue levemente a manta que o cobre e olha embaixo, soltando um leve rosnado.

Eu começo a rir alto, e tento disfarçar com uma tosse falsa.

A fralda.

Ele me olha novamente, com os olhos semicerrados me desafiando.

- Culpada! - eu digo e ergo as mãos em sinal de redenção. - Eu preciso checar os seus sinais vitais e fazer um exame clínico, em seguida eu chamo os enfermeiros para te ajudar a tirar isso, ok?

Ele assente.

- A propósito, prazer em conhecê-lo, sou Amanda. - eu estico minha mão para cumprimenta-lo.

Ele segura a minha mão e me encara assentindo novamente.

Sinto uma corrente elétrica passar entre nós e solto sua mão rapidamente.

- Você pode falar algo para mim? - questiono. - Sabe me dizer o seu nome e o dia de hoje?

Ele respira fundo e assente novamente.

- Ok... Então eu sou o problema? Você não quer falar comigo? - questiono fazendo um biquinho triste.

Ele fecha os olhos e faz que 'não' com a cabeça.

Eu suspiro e pego o estetoscópio, e o aparelho de pressão.

Começo a auscultar o seu peito.

- Sua mãe vai adorar a notícia, campeão! - falo animada. - E a Maria também. Ela é um encanto. - ouço o seu coração disparar em meus ouvidos quando menciono a filha dele.

Entendi.

Não falar da Maria por enquanto.

Faço um teste sobre sua reação com outros nomes.

- O Frederico vem te ver todos os dias. Ele arrumou um novo melhor amigo, mas ele tem dois anos então acho que você não vai se importar e nem sentir ciúmes. - eu brinco. Encaixo o aparelho de pressão em seu braço, e levo o aparelho estetoscópio disfarçadamente até o seu pulso e digo: - A sua irmã também veio algumas vezes. - 'tum-tum tum-tum tum-tum' bem depressa. - E o seu irmão...

Não consigo terminar a frase, pois ele puxa o braço e vira o rosto.

Eu suspiro triste.

- Você pode pelo menos me dizer se ouvia as coisas que todos nós falávamos para você? - eu questiono.

Ele acena com a cabeça.

- Ótimo! - eu sorrio para ele. - Isso é ótimo, Antônio! Por enquanto está tudo certo, eu vou chamar os enfermeiros para te ajudar, e a fisioterapeuta para verificar se é seguro você se levantar da cama. Se estiver tudo certo, ajudaremos você com um banho de chuveiro, e depois chamamos a sua família, que tal?

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