CAPÍTULO 3O

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O ambiente do restaurante estava abafado e ruidoso. O barulho das pessoas conversando era cansativo e o cheiro de peixe e frutos do mar estava me deixando enjoada.

Eu havia aceitado novamente jantar com a Doutora Aline e o Doutor Cristian, e dessa vez eu consegui comparecer, mas havia me arrependido.

Eu não estava me sentindo confortável, o vestido rosa curto de cetim que eu escolhi estava agarrado em minha pele com o calor insuportável do Rio de Janeiro, e eu estava sentindo os meus pés incharem com a sandália de tiras finas.

Eu estava tentando me sentir bonita nessa noite, e falhei miseravelmente.

A verdade é que uma pequena parte de mim deseja seguir em frente com a minha vida, enquanto a outra morre lentamente por estar afastada do Antônio.

O Doutor Cristian parece ser um homem bacana, e o seu físico é realmente atraente, mas desde que eu cheguei ao restaurante eu não consigo me concentrar em nenhuma palavra que sai da boca dele, porque tudo o que eu quero é voltar para casa e tirar essa roupa apertada.

Ele e a Doutora Aline começam uma conversa sobre a vida acadêmica e os desafios da nossa profissão, e eu finjo interesse sorrindo educadamente, cada vez mais enjoada com o ceviche de peixe branco com manga que estava em minha frente.

Peço licença e me dirijo até o toalete, onde tento me refrescar um pouco até o enjoo passar. Passo um pouco de água fresca em minha nuca e respiro fundo várias vezes.

Quando estou terminando de secar a minha pele com o papel toalha, recebo a mensagem do Antônio dizendo que a Maria está com febre e chamando o meu nome.

Eu me sinto mal, porque sei que estou evitando me encontrar com ela, e ela não tem culpa nenhuma do que aconteceu entre eu e o pai dela.

Digo ao Antônio que posso ir até lá se ele quiser, já que o restaurante japonês que eu estou fica muito perto do apartamento dele.

Quando ele diz que iria liberar a minha entrada com o porteiro, saio do toalete em direção a nossa mesa para me despedir.

- Mil desculpas, pessoal. - falo quando me aproximo. - Mas eu vou precisar ir embora mais cedo do que planejei.

- Não acredito! - diz a Doutora Aline. - Mas você nem tocou na comida.

- Aconteceu uma emergência familiar, e eu realmente preciso ir. - eu me abaixo para dar um beijo no rosto da Doutora Aline. - Obrigada pelo convite, Doutora.

- Você não precisa de tanta formalidade fora do hospital, querida. - ela diz. - Aline está ótimo.

Eu sorrio tímida e sinto meu rosto aquecer.

- É o costume. - eu explico. - Até mais, Aline.

Contorno a mesa para me despedir do Doutor Cristian.

- Até mais, Doutor. - eu falo e ele se levanta, e deposita um singelo beijo em meu rosto.

- Até mais, Amanda. - ele fala sorrindo. - Foi um prazer.

- Irei passar no balcão e pagar a minha parte. - eu informo.

- De jeito nenhum! - ele retruca. - É por minha conta.

- Obrigada! Até mais! - sorrio agradecida e me afasto em direção à saída.

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Saio do elevador e paro na porta do apartamento, pensando se devo ou não tocar a campainha.

Já são mais de onze horas da noite, então resolvo enviar uma mensagem dizendo que eu cheguei.

CLAREOUOnde histórias criam vida. Descubra agora