CAPÍTULO 6

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Termino de me arrumar e resolvo passar um batom nos meus lábios. Enquanto verifico minha maquiagem no espelho, minha mente começa a viajar.

Estou sentindo falta da correria do meu cotidiano, da rotina na Unidade Intensiva do hospital. Mas não sei quanto tempo irei demorar a retornar.

Levando em conta que isso depende da recuperação do Antônio, espero que não demore muito.

Pego minha bolsa e me olho no espelho grande na lateral do quarto.

Vesti um vestido preto com alças retas que se ajusta em meu corpo, e coloquei um tênis branco confortável, pois provavelmente iríamos caminhar no centro da cidade.

Vou até o quarto do Antônio verificar se está tudo certo para eu poder me ausentar por algumas horas.

- Eita, que agonia, papai! - diz Cézar me encarando de cima a baixo. Sinto-me completamente desconfortável com sua avaliação, e ergo a sobrancelha em sua direção. - Desculpe minha reação, Doutora Amanda! É que você está muito bonita.

- Obrigada, Cézar. - respondo. - Não pretendo me demorar. Qualquer coisa, meu celular estará sempre ligado. Até mais.

Viro-me para sair, mas não sem antes olhar de relance para o Antônio. Noto seu maxilar levemente tencionado. Suas reações estão cada vez mais perceptíveis, espero que isso signifique que ele irá acordar em breve.

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Frederico estaciona o carro em uma rua lateral, e saímos para caminhar na rua principal da cidade. O lugar é bem simples, com barzinhos e apenas um restaurante grande e bem iluminado.

Ele aponta em direção ao barzinho que iríamos, e caminhamos lado a lado.

Assim que entramos e nos sentamos, pedimos para o garçom duas canecas de chope gelado, e alguns petiscos.

- Gostaria de fazer algumas perguntas, se não for um problema. - eu digo.

- Manda. - ele responde enquanto se serve com algumas batatas fritas.

- Como é a rotina do Antônio antes de uma luta? Ele treina quantas vezes ao dia na semana anterior a luta? - eu começo.

- Ele é muito disciplinado. A alimentação é muito regrada, e ele praticamente mora dentro da academia nos dias que antecedem a luta.

- Ele estava animado para essa luta? - ele ergue o olhar para meu rosto.

- Engraçado você perguntar isso...

- Por quê? - questiono.

- Na noite antes da luta eu senti que ele não estava muito bem. Lembro-me de vê-lo sentado na sala da casa dele, ele parecia um pouco perturbado. Até brinquei com ele perguntando se ele estava com medo. - eu ri sem graça.

Sinto um arrepio passando por mim.

- Você se lembra de exatamente o que ele fez durante esse dia? Você estava com ele o tempo todo? Ele recebeu alguém?

- Quando ficamos em Miami, eu me hospedo na casa dele. Então, sim, eu estava sempre por perto. - ele da um gole no chope e parece perdido em pensamentos. - Eu saí por um momento, para buscar a Maria na casa de uma amiga, e o Papato ficou com a Bruna na casa, mas nesse momento ele estava bem, sorrindo e brincando, mas quando eu retornei ele já estava diferente. Agora, parando para pensar, a Bruna também estava estranha naquele dia. Lembro-me que antes de eu sair, ela disse que precisava conversar com ele.

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