CAPÍTULO 19

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Estaciono o meu carro na área de estacionamento em frente a uma academia muito famosa do Rio de Janeiro. Desço do carro com uma garrafa d'água e verifico se a minha roupa está apresentável pelo vidro do motorista. Havia escolhido um conjunto com legging e top rosa pálido, que era tão claro que ficava quase do tom da minha pele. Eu usava esse tipo de roupa nas minhas aulas de pilates, mas assim que entrei na academia me arrependi profundamente pela escolha.

O lugar exalava masculinidade, testosterona e suor. Havia alguns aparelhos na parte da frente, onde um grupo de homens faziam treino de cardio. A esquerda ficava um tatame azul gigante e eu podia ver alguns homens lutando jiu jtsu.

Onde estavam as mulheres desse lugar?

Gemo internamente enquanto começo a caminhar procurando o Antônio.

Vejo um grupo de garotas saindo do vestiário e sinto um breve alívio.

O barulho frenético de socos e o grito do treinador chamaram a minha atenção para o ringue do outro lado do salão.

- Bora, Sapato! - gritava um homem baixo, com um equipamento para treinar boxe nas mãos. - Um, dois, três, rodou! - gritava o homem tocando o equipamento nas pernas do Antônio enquanto ele socava o saco de pancadas.

Antônio vestia um calção de luta, tênis de treino e luvas de boxe. Seu corpo e cabelo estavam molhados de suor, e os músculos de seus braços gritavam de tensão, as veias saltando em sua pele.

Eu não conseguia parar de olhar.

Lembrei-me vagamente de seu corpo desacordado naquela cama hospitalar, e de pensar que era uma injustiça ele estar ali daquele jeito.

E era mesmo.

Aquele corpo foi feito para lutar.

E para o prazer.

- Fecha a boca. - me assusto com a voz da Larissa ao meu lada e levo a minha mão ao peito rapidamente.

- Você me assustou! - eu reclamo.

- Claro, você está tão distraída vendo o seu querido lutar que nem me ouviu ao seu lado. - ela fala.

Larissa está usando um conjunto de top e bermuda de treino cor de rosa, e seus cabelos escuros e compridos estão soltos em suas costas. Ela está com um fone grande em volta de seu pescoço e uma prancheta em suas mãos.

- Muito trabalho? - eu pergunto curiosa para saber o que ela anotou sobre o Antônio.

- Sim! - ela respira fundo. - O Sapato parece uma máquina, esse já é o terceiro treino dele de hoje, eu tenho dito para ele ir mais devagar, mas está difícil ele me ouvir.

- Ele trata você mal? - eu questiono.

- Não! - ela responde. - De jeito nenhum! Ele é um ótimo chefe! Mas ele não entende que os músculos dele precisam de um tempo, ele está se desgastando demais sendo que nem tem uma luta agendada ainda.

Respiro fundo e volto a assistir o seu treino.

- Como está a coordenação motora dele? - pergunto.

- Excelente. - ela responde.

- Ele tem visto uma nutricionista? Fez algum plano alimentar?

- Ele passou na consulta ontem.

- Sugeriram algum suplemento? Achei a vitamina C um pouco baixa nos últimos exames que ele fez, mas não vi necessidade de suplementos, somente alimentação rica em vitamina C vai resolver. - eu digo.
- Sem suplementação. - ela diz. - Ele não gosta dessas coisas.

CLAREOUOnde histórias criam vida. Descubra agora