No sábado de manhã, fomos até a delegacia da cidade para prestarmos depoimento sobre o que aconteceu. Mario foi essencial em nos ajudar sobre tudo o que deveríamos falar, e o Frederico e o Antônio também foram para testemunhar. O Antônio também prestou queixa sobre invasão de propriedade.
Agora a polícia iria procurar aquele homem despresível, e ele iria se resolver com a justiça.Na volta, percebi um clima muito estranho no carro. Tudo o que o Mario perguntava para o Antônio ele respondia secamente, de modo abrupto. Fiquei me perguntando se a relação dos irmãos sempre foi assim.
Assim que chegamos de volta ao rancho, desci do carro que eu estava com o Mario e Antônio e esperei a Larissa descer do outro carro em que ela estava com o Frederico.
Ela pegou o Cris da cadeirinha no banco traseiro e veio andando em minha direção.- Ele já tem até cadeirinha de criança no carro? - eu sussurro brincando com ela.
- Para, Amandinha. - ela fica corada. - Ele pegou a que estava no meu carro. - ela explica.
- Entendi, garota. - respondo pegando o Cris no meu colo. - Então, o que vocês pretendem fazer hoje?
- Eu vou arrumar as minhas coisas para ir embora amanhã cedo. - ela responde.
- Você tem certeza que já pretende voltar? Não quer esperar mais alguns dias para voltar comigo?
- Eu gostaria. - ela suspira. - Mas preciso voltar, a minha vizinha disse que ouviu barulhos vindos da minha casa na noite anterior, ela chamou a polícia e quando eles chegaram a minha casa estava toda revirada.
- Você contou isso para o delegado hoje? - perguntei preocupada.
- Sim, e ele disse que pode ser que tenha sido o Ricado. Por isso eu preciso voltar logo e resolver algumas coisas, talvez eu irei precisar me mudar novamente. - ela parece triste.
- Você vai ficar na minha casa. - eu falo convicta.
- O quê?! - ela fica surpresa. - Não, Amanda!
- Sim, senhora. - repreendo. - O meu apartamento é grande, eu tenho um quarto extra que meu irmão dorme quando vai para o Rio. Você e o Cris vão ficar com aquele quarto. Afinal eu fico mais tempo no hospital do que em casa.
- Amandinha... - ela parece envergonhada.
- Eu não aceito 'não' como resposta.
- Obrigada! - ela me abraça apertado. - Eu não tenho como te agradecer.
- Você pode esperar mais uns dias para voltar comigo para o Rio, assim eu tenho uma carona. - eu falo rindo, fazendo uma careta para ela.
- Fechado. - ela responde.
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Tomei uma ducha para me refrescar e tirar aquele ar de delegacia que parecia ter impregnado em mim.
Depois vesti um vestido rosa claro na altura dos joelhos e alças curtas estilo cigana, e fiz um coque baixo no meu cabelo amarrando com uma fita branca.
Bati levemente na porta anexa ao quarto do Antônio e ele respondeu que podia entrar.
- Eu vim verificar se você está se sentindo bem, e dizer que já agendei os seus exames para a sexta-feira no hospital.
- Eu estou me sentindo ótimo. - ele diz enquanto me fita dos pés a cabeça. - Você vai sair?
- Sim. - eu respondo e ele fica me encarando ansioso esperando por mais detalhes. - Com a sua filha! - eu rolo os olhos para ele.
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CLAREOU
Hayran KurguAmanda é uma médica dedicada que trabalha na unidade intensiva, e se apaixona perdidamente por Antônio, um lutador profissional em coma devido a um trauma em sua última luta.