CAPÍTULO 41

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Passei os últimos dias pensando sobre o que eu ouvi o Antônio dizendo na ligação. Uma parte de mim dizia que eu estava sendo muito severa em não deixar ele se aproximar ou se explicar, mas outra parte sempre se lembrava do desespero que eu senti quando achei que estava perdendo o meu bebê.

Fora isso, ainda tinha a parte de conviver na mesma casa que a Dona Wilma e a Maricota, que estavam vestindo as asas de cupido e tentando o tempo inteiro aproximar eu e o Antônio.

 Não era justo toda essa pressão em cima de mim.

Não quando eu sentia toda essa vibração quando ele se aproximava, e uma vontade enorme de jogar a cautela para o lado e dar uma nova chance para o nosso relacionamento.

Hoje eu estava completando 15 semanas de gravidez, e estava muito ansiosa para minha consulta com o obstetra.

Antes de o Antônio sair para o treino na parte da manhã, combinei com ele que iria espera-lo para irmos juntos à consulta após o almoço.

- Minha querida, eu deixei o almoço pronto em cima do fogão. – avisa a Dona Wilma quando eu entro na cozinha. – Eu e a Maria vamos dar um passeio por Miami Beach.

- Dona Wilma, não precisava se preocupar! – eu falo tímida enquanto vou verificar as panelas.

- Tudo para o meu netinho. – ela brinca. – Você precisa de algo da rua?

- Não, obrigada! – eu agradeço enquanto faço um prato com um filé suculento e alguns vegetais.

- Está ansiosa para o exame? – ela pergunta enquanto tira o avental o ajeita a sua camisa de seda.

- Muito! – eu respondo. – Eu quero saber se vamos descobrir o sexo hoje.

- Você precisa começar a montar o seu enxoval. – ela observa. – E o quarto do bebê.

- Eu vou comprar os móveis assim que voltar para o Brasil. Vou precisar que o meu irmão me ajude a desmontar o quarto de hóspedes do meu apartamento.

- Eu amo você, mas a sua teimosia é realmente irritante. – ela diz e seus olhos parecem decepcionados. – Você realmente quer morar sozinha com o bebê em seu apartamento, sendo que com o Antônio você terá toda a rede de apoio que precisa?

- Dona Wilma... – eu começo, mas ela me corta.

- Pare e pense um pouco, Amanda. Sei que no fundo você sabe que o meu filho não tem culpa do que aconteceu. – ela respira fundo. – Vocês dois estão sofrendo, quando tudo o que precisam é um do outro.

Eu abaixo o olhar para o meu prato e não respondo nada.

Maria desce correndo as escadas e entra como um foguete na cozinha.

- Estou pronta! – ela diz saltitante.

- Perfeito, vamos então minha querida. – Dona Wilma diz enquanto busca a sua bolsa no aparador do corredor.

- Tchau, Amandinha! – Maria vem até mim e me abraça.

- Tenha cuidado, Maricota. – eu digo e beijo sua testa.

Volto a minha atenção ao meu prato de comida, devorando o filé enquanto lembro as palavras da Dona Wilma.

Depois que eu termino o meu almoço, lavo a louça suja e me sento no sofá ansiosa esperando o Antônio chegar.

Alguns minutos depois ouço o seu carro estacionando na frente da casa, e os seus passos ao entrar.

- Oi. – ele murmura e vem em direção à sala.

- Oi. – eu respondo e olho para ele, notando a expressão de dor em seu rosto.

Ele está suado do treino, e seu maxilar trava com dor toda vez que ele pisa com o pé direito no chão.

CLAREOUOnde histórias criam vida. Descubra agora