Estávamos no final do mês de outubro, e eu já tinha entrado na trigésima semana de gravidez. O tempo estava passando muito depressa, e eu me adaptei rapidamente a rotina de morar com o Antônio e a Maria.
Era muito diferente, pois eu estava acostumada em ter o meu cantinho, onde eu podia fazer a minha bagunça sem ninguém se incomodar.
Mas o que eu mais sentia falta mesmo era do meu trabalho.
Eu ficava o dia inteiro procurando algo para preencher o meu tempo livre, já que a Maria ficava em período integral na escola, e o Antônio tinha fisioterapia e treino praticamente todos os dias.
Todos os dias eu fazia o nosso jantar, e ajudava a Maria com o dever de casa.
Também estava montando o quarto do Mateo. Antônio me deu carta branca para escolher os móveis e decoração que eu quisesse.
Eu achei lindo como ele queria participar de todos os detalhes, e me surpreendi quando ele mesmo pintou as paredes e montou o berço e a cômoda.
Voltei a fazer o meu pré-natal com a Doutora Albertina, e gostava muito de toda a atenção e cuidado que ela tinha comigo e com o meu filho.
Ela sugeriu que eu já começasse a pensar sobre o parto do Mateo e o que eu idealizava para o momento. Isso me fez ficar ansiosa e eu passei uma noite inteira chorando nos braços do Antônio sem saber se eu tinha mais medo de sentir dor ou de tomar uma anestesia.
Antônio era muito paciente comigo, sempre muito atencioso e carinhoso com tudo o que envolvia o nosso relacionamento.
Uma noite, depois que fizemos amor de forma lenta e intensa, ele sugeriu que deveríamos procurar uma casa maior para nossa família.
Eu senti o meu coração acelerar e sorri quando ele começou a descrever que queria uma casa com jardim para as crianças brincarem, e uma academia particular para que ele não precisasse se deslocar todos os dias pela cidade.
Eu coloquei o meu apartamento para vender, e pretendia aplicar o dinheiro da venda e tentar quitar as parcelas que faltavam do meu empréstimo estudantil.
No geral eu estava muito feliz com a minha vida, a única coisa que eu realmente sentia muita falta era o meu emprego. Eu não queria ser a mulher troféu de um lutador da PFL. Eu queria ser Amanda Meirelles, a médica que eu tanto sonhei em me tornar.
Foi conversando sobre isso com o Antônio, que ele me perguntou se eu pretendia voltar a trabalhar em UTI depois que o nosso filho nascesse.
Eu imaginei a minha rotina na unidade de terapia intensiva, onde eu ficava um grande período de tempo dentro do hospital em plantão, e não poderia voltar para casa todos os dias para ver o meu filho.
Comecei a chorar e o Antônio se desesperou não sabendo o que fazer comigo.
E então ele começou a perguntar se havia alguma outra área da medicina que eu gostaria de me especializar, e se eu já imaginei trabalhar em algum consultório em vez de um hospital.
Foi nesse dia que eu decidi que irei me matricular em especialização de dermatologia quando o Mateo completar seis meses, e quem sabe com o dinheiro da venda do meu apartamento eu consiga montar o meu próprio consultório.
Suspiro e olho para o espelho, admirando a minha barriga enorme em um vestido branco curto que ganhei hoje do Antônio.
Ele insistiu para que eu vestisse ele para irmos até o rancho.
- Amor, você está pronta? - Antônio pergunta parado na porta do nosso quarto, seus braços cruzados e os seus olhos me observando.
- Eu só preciso colocar os meus tênis. - eu respondo me sentando na lateral da cama tentando calçá-los.

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CLAREOU
FanfictionAmanda é uma médica dedicada que trabalha na unidade intensiva, e se apaixona perdidamente por Antônio, um lutador profissional em coma devido a um trauma em sua última luta.