CAPÍTULO 34

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Acordo no dia seguinte ainda sem acreditar em minha gravidez. Fico imaginando como será a reação das pessoas quando souberem. Principalmente a reação do Antônio. Sinto-me culpada por toda a situação, o tempo todo repassando em minha mente a nossa conversa sobre esperar pelo menos um ano para tomar esse passo em nossas vidas.

A gente nem sabia se o nosso relacionamento iria dar certo. Tinha toda essa logística de distância, de morar em países diferentes.

Mesmo que fosse por poucos meses até a próxima luta, mas e depois? E se marcam outra luta em seguida? Se fossem quatro lutas por ano, ele ficaria praticamente o ano inteiro em Miami.

Pensar em tudo isso me fazia muito mal.

Fico um tempo na cama, passando a mão em minha barriga.

Engraçado que depois que eu descobri que estava gerando uma vida ali, a barriga ficou meio óbvia, mesmo que para as outras pessoas ainda não esteja aparente.

O aniversário da Maria estava cada vez mais próximo, e eu começo a me desesperar imaginando como seria ficar em frente da família do Antônio sem que eles descobrissem que tinha alguma coisa diferente em mim.

Será que a Maria iria gostar de ter um irmão ou irmã?

Tanta coisa iria mudar na vida dessa menina em tão pouco tempo!

Em breve ela iria descobrir que o seu tio é o seu verdadeiro pai, e que o pai que a criou iria ter outro filho.

Droga!

Ela iria me odiar.

Antônio iria me odiar.

Sinto-me mal, mas peço a Deus que mesmo que ele me odeie, que pelo menos ele amasse o nosso filho.

Por favor, Deus!

Hoje é terça-feira, e é a minha folga do trabalho, por isso não tenho a menor pressa de sair da cama.

Amanhã eu teria uma consulta com a ginecologista obstétrica, e esperava que estivesse tudo certo com o meu bebê.

Viro o meu corpo para o lado, e abraço um travesseiro, me aconchegando nos lençóis macios.

Levo uma mão até a minha barriga e começo a conversar com o meu bebê.

- Mamãe está curiosa para saber se você é menino ou menina. - eu suspiro. - Como você irá se chamar? Se você for menino, podemos te chamar de Mateo? Que tal? Ou talvez Vicente? Eu gosto muito de Bento também.

Respiro fundo, minha mente divagando.

- Será que o seu pai vai querer escolher o seu nome? - eu pergunto dando um tapinha em minha barriga. - Talvez se você for menina ele vai gostar mais, porque ele já está acostumado com a sua irmã...

Passo os meus dedos devagar, fazendo pequenos círculos perto do meu umbigo.

- Você tem uma irmã linda! - eu falo sorrindo. - Ela já vai fazer onze anos, e eu acho que ela vai gostar muito de você. Se você for menina, podemos te chamar de Olívia, ou Nina... - solto uma risada imaginando uma menina correndo pela casa. - Martina também é bonito, mas quem sabe o seu papai tem alguma outra ideia de nomes.

Fico por mais um tempo alisando a minha barriga, até sentir que preciso comer algo.

Vou até o banheiro aliviar a minha bexiga, e depois preparo um café da manhã reforçado, esperando que eu consiga comer tudo sem colocar nada para fora depois.

Preparo algumas torradas com requeijão, e me sinto triste por não poder mais beber um café preto. Faço um suco de laranja e corto mamão em cubinhos para comer com iogurte.

CLAREOUOnde histórias criam vida. Descubra agora