CLAREOU

CAPÍTULO 48

ANTÔNIO

A música que eu escolhi para esse momento começa a soar no estádio, e todo o meu corpo se arrepia com a adrenalina.

Quando a minha parte preferida da letra começa a tocar, lembro-me da voz da Amanda cantando baixinho no meu subconsciente.

"[...] Já é um vencedor quem sabe a dor de uma derrota enfrentar..."

Dou alguns pulos, destravo o meu pescoço de um lado para o outro, e finalmente entro no estádio. O público começa a gritar, e eu tento bloquear o som das pessoas ao meu redor, e me concentrar apenas na música.

Caminho em passos largos até a lateral do decágono, onde retiro os chinelos e o meu roupão. O assistente de luta confere as minhas luvas, o protetor bucal e a coquilha. Cumprimento todos da minha equipe e subo para o decágono.

Quando piso no cage, todo o meu corpo esquenta.

A maioria dos torcedores estavam ali pelo Finn O'Sullivan, que era dono do cinturão, e estava invicto no MMA desde 2018.

Mas também era possível ver muitas bandeiras brasileiras ali, e saber que haviam pessoas que admiravam o meu trabalho e torciam por mim dava uma sensação boa de acolhimento.

O meu coração acelera, e eu caminho ao redor fitando toda a plateia.

Finalmente a encontro, seu rosto parecendo aflito e as mãos juntas perto do rosto em forma de oração.

Enquanto o locutor anuncia o meu adversário, eu paro em direção a ela, meus dedos segurando a grade, e pisco o meu olho, sorrindo e tentando tranquiliza-la.

Vai dar certo, Amandinha! Confia!

Ela joga um beijo para mim, seu sorriso iluminando toda a porra daquele lugar.

Deus, eu a amo tanto!

Caminho novamente pelo cage, me concentrando.

Finn O'Sullivan entra no cage, e nossos olhares se encontram.

Esse cara nem deveria estar aqui, ele não é um esportista, não é um competidor. Ele é uma pessoa ruim, que usa de artifícios externos para desestabilizar os seus adversários.

E eu vou acabar com ele.

Quando o juiz passa as regras e pede para que nós nos cumprimentássemos, estendo a minha mão em punho, mas O'Sullivan apenas encara o meu punho estendido e depois o meu rosto, um sorriso sarcástico se formando em seus lábios.

Otário!

A luta começa.

Caminhamos em circulo por alguns segundos, e eu guardo a minha defesa quando ele tenta acertar um chute em meu ouvido.

Afasto-me um pouco, e observo os seus movimentos corporais. Quero levar a luta para o chão, pois tenho muita habilidade com o jiu jtsu, mas quando me aproximo ele tenta novamente um chute em direção ao meu rosto.

O chute foi tão perto que por um breve momento a sensação de déjà vu me consome e eu recordo da última luta, e da agonia que senti quando eu apaguei.

Balanço a cabeça de um lado para o outro e volto à realidade.

Tento me aproximar novamente, e quando ele ergue a perna eu mergulho no chão em sua frente e puxo a perna que ele usa como base no chão em direção ao meu ombro, fazendo-o cair de bunda no chão.

Rapidamente eu tento subir em cima do seu corpo, mas ele passa as pernas em volta do meu pescoço, fazendo pressão com os seu quadris para baixo, tentando um estrangulamento.