CAPÍTULO 12

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A sexta-feira estava sendo uma das mais loucas da minha vida, e ainda faltava muito para terminar o dia.

Nunca imaginei que um dia levaria um soco na minha cara, e devo dizer que dói para um caralho. Por um momento imaginei se o meu nariz ficaria torto igual o do Antônio, mas agora olhando no espelho do banheiro da minha suíte, percebo que o soco não chegou nem perto do meu nariz, mas a dor tomava conta da minha cara inteira. Um hematoma esverdeado estava se formando na minha bochecha direita, perto do meu olho, e eu senti uma vontade súbita de chorar.

Comecei a tirar a minha roupa enquanto tudo o que aconteceu nesta manhã passava na minha mente. Senti as lágrimas começarem a fluir, e corri para ligar o chuveiro antes que alguém pudesse me ouvir chorar. Um homem me deu um soco! Um maldito filho da puta que eu nem conhecia socou a minha cara! Meu corpo começou a tremer enquanto eu continuava chorando e amaldiçoando. Um turbilhão de sentimentos tomavam conta de mim.

Eu temia pela segurança da Larissa e do pequeno Cris.

Faz pouco tempo que eu conhecia a Larissa, ela começou a trabalhar no mesmo hospital que eu a poucos meses, mas eu sentia uma simpatia gratuita por ela, e sempre admirei como ela lidava com o trabalho e uma criança pequena ao mesmo tempo. Não posso dizer que éramos melhores amigas, mas agora tudo o que eu mais queria era conhecer mais sobre ela e protegê-la o máximo que eu conseguisse.

- Amanda? - ouvi a voz do Antônio me chamar acompanhada de uma batida leve na porta do meu banheiro.

- Já vou! - respondo com a voz embargada.

- Eu trouxe gelo para você. - ele diz.

- Pode deixar em cima da cama, por favor. - suspiro tentando esconder o choro. - Obrigada! - eu agradeço.

Decido sair logo do banho, pois já havia se passado muito tempo desde que levei o soco, e se não colocasse o gelo logo, iria virar um hematoma muito escuro. Termino de me lavar e desligo o chuveiro, respirando fundo para me acalmar.

Reparo que não trouxe uma roupa limpa para o banheiro, e me recordo que a porta anexa do quarto estava destrancada, por isso coloco uma toalha grossa e felpuda em volta do meu corpo, e outra enrolada em meus cabelos, para pegar uma roupa em minha mala.

Quando abro a porta do banheiro, fico surpresa ao notar o Antônio sentado na minha cama, segurando um saco de gelo nas mãos. Ele também havia tomado um banho, pois estava cansado da caminhada que fizera com o Frederico antes de tudo acontecer.

- Eu ouvi você chorando. - ele fala erguendo os ombros levemente.

Noto seus olhos percorrem o meu corpo e fico envergonhada pela minha falta de roupa.

- Eu estou com medo. - confesso enquanto ando até a minha mala em busca de uma roupa decente.

- Ele não está mais aqui. - ele responde enquanto caminha em minha direção. - Ei, vem cá, vamos colocar esse gelo antes que derreta na bolsa. - ele fala enquanto segura o meu rosto com uma mão e coloca a bolsa de gelo com a outra.

- Ai! - eu reclamo quando o saco de gelo toca o meu rosto.

- Desculpa. - ele sussurra olhando nos meus olhos.

Sinto as lágrimas quentes se formando novamente em meus olhos e luto para não começar a chorar na frente dele.

- Vai ficar tudo bem, ele não vai mais te machucar. - ele diz fazendo carinho levemente na minha outra bochecha.

- E a Larissa? Ela deve estar com muito medo, eu queria ir ficar com ela. O que aconteceu com aquele homem?

- Ele conseguiu escapar depois que eu tirei o Fredinho de cima dele. Entrou no carro e fugiu em alta velocidade. Você sabe quem é ele? - ele questiona.

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