|| CAPÍTULO DOIS ||

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	A crise de pânico é como um ataque cardíaco

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A crise de pânico é como um ataque cardíaco. Você não consegue respirar, você quer, mas não consegue, você tenta, mas de nada adianta. O seu coração parece uma percussão de bateria desenfreada. Você acha que está morrendo, embora, no fundo, saiba que não está. Você sabe que em algum momento a sensação vai passar, mas você sente como se esses poucos minutos fossem eternos.

Esses minutos sugam a sua vida, pouco a pouco, eles corroem as suas entranhas e tomam conta dos seus pulmões e proíbem a entrada de ar. Eles arranham o seu coração com as unhas grandes e sujas e tiram sangue, porque querem vê-lo sofrer.

Porque você permite. Porque parte de você acredita que você merece essa dor, e você arranha o seu próprio peito e arqueia as costas como se quisesse ir de encontro ao ar, mas não o acha, não encontra ele em lugar nenhum e

De novo

Acha que está morrendo.

Vai ficar tudo bem, vai passar logo, você vai voltar a respirar. Eu digo a mim mesma. Sinto o suor gelado descer pelas minhas costas e tenho certeza de que os lençóis já estão molhados desde que o pesadelo começou. Eu sinto minha pele queimar e derreter e sangrar como já aconteceu tantas, tantas vezes. Eu não enxergo nada, nada a não ser o passado que brilha vivido em minha memória. Eu espero minutos que nunca passam sobre essa tortura.

1.

2.

3.

Uma contagem infinita…

Até que, de repente, acaba. Eu consigo voltar a mim. Demoro alguns segundos para me lembrar onde estou, recordar-me de que já envelheci, não estou mais presa na minha infância, prensa no loop infinito onde eu tinha sete anos de idade e meu pai me espancava e espancava minha mãe e nos matava aos poucos…

Alguém bate na porta.

Aperto os olhos com força, a minha têmpora lateja. Mas eu não posso me dar ao luxo de chorar ou esperar que os espasmos do meu corpo passe, não posso sequer enfiar minha cabeça na água gelada para que o suor gelado pare de descer por minha coluna. Eu nunca pude demonstrar fraqueza, nunca tive a oportunidade de sentar em um cantinho para chorar e me recuperar com calma. As minhas mãos tremem quando passo elas sobre os rosto, que à propósito, pega fogo com a febre latente.

É um esforço exorbitante me levantar da cama. Amarro os cabelos em um coque sem elástico e pego minha arma debaixo do travesseiro. Engatilho ela e escondo nas costas, presa no elástico da calça moletom. Penso em colocar uma blusa maior, a que estou é curta e acaba embaixo dos seios, não escondem as cicatrizes que tenho nas costelas — são pequenas, mas já foram muito maiores — e não gosto de deixá-las expostas.

Agora, a pessoa parece ter notado a presença da campainha e o som reverbera por todo o apartamento. O chão está tão gelado — ou eu estou quente demais — que ando na ponta dos pés. Aproximo-me do olho mágico e paraliso.

Paixão MortalOnde histórias criam vida. Descubra agora