|| CAPÍTULO DEZOITO ||

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	Tem alguma coisa tocando dentro da minha cabeça

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Tem alguma coisa tocando dentro da minha cabeça. E talvez fora. Mas o meu sono está intenso e profundo, não sei dizer o porquê. Faz tanto tempo que não durmo assim, sem me atentar a cada barulho ao redor. Será por causa da bebida de ontem? As drogas que ingeri? As muitas sentadas da Kiara em mim?

Porra! Eu e a Kiara transamos, e transamos para caralho. Eu não desejaria estar em nenhum outro lugar que não no meio das pernas dela pelo resto da minha vida, pois já perdi tempo demais apenas desejando, mas já prevejo a sua reação quando ela acordar.

Eu não queria abrir os olhos agora, queria que o meu sono velado pelo mar e todas as estrelas do longo céu noturno continuasse pesado, mas já estou acordado, ciente de cada pedaço de pele dela que está tocando em mim.

Sinto seu corpo colado no meu, a perna em cima das minhas e os seios colados em mim, a respiração calma em meu pescoço e o braço em cima do meu peito. Eu poderia ficar aqui para sempre.

O maldito toque na minha mente me faz entender que é um celular. Kiara se remexe do meu lado e suspira pesadamente antes de também entender que é o celular dela e ir levantar para pegar. Não queria sua pele nua longe da minha agora.

Abro os olhos com dificuldade. Provavelmente não chegamos a dormir três horas de relógio. Kiara atende a ligação e parece ser o Andrea, pela forma que ela responde. A primeira coisa que vejo é o delineado de suas curvas, a bunda redonda e os cabelos embaraçados caídos sobre as costas. Vejo também pequenas cicatrizes em sua cintura, quase não dá para ver. Parecem ser um tipo de queimadura ou como se a pele tivesse sido…

Cintadas.

Lembrar do passado dela me faz travar os dentes de raiva, então rapidamente tiro os olhos do lugar das cicatrizes e os desço mais.

Vejo uma tatuagem na lombar. A vi ontem nos diversos minutos em que ela estava de quatro para mim, mas não reparei por tempo o suficiente para ler.

O inferno está vazio e todos os demônios estão aqui.

Franzo a testa. Conheço a frase, é uma citação de Shakespeare, e já conversamos sobre ela. Na verdade, eu que a citei a Kiara, e debatemos o significado que ela tem para nós, entretanto não achei que ela se lembrasse ainda. A conheço muito e ainda tão pouco, são anos desde que realmente conversamos como amigos, não sei o que mudou até hoje.

— Certo… — ela vira-se para mim, esfregando o rosto. — Ele está aqui, certo… não é da sua conta, Andrea, agora moramos juntos, é normal eu estar no mesmo lugar que ele. — Ela pesa as pálpebras e eu coloco os braços atrás da cabeça. — Ahn… em 30min, mais ou menos, chegamos. Tchau.

Ela desliga a chamada e seus olhos pousam em mim, no meu rosto, com puro ódio. Arrependimento, não vejo, mas raiva, eu vejo muita, vejo sempre.

— É agora que começa a gritar e dizer que isso nunca mais vai acontecer? — indago, com um sorriso de canto. Ela desce os olhos até a linha V do meu quadril que não está coberta pelo lençol e bufa, revirando os olhos.

Paixão MortalOnde histórias criam vida. Descubra agora