|| CAPÍTULO QUARENTA E SETE ||

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	Do topo das escadas eu vejo Lorenzo me esperando enquanto termina de beber o seu whiskey

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Do topo das escadas eu vejo Lorenzo me esperando enquanto termina de beber o seu whiskey. Ele abre um sorriso para mim que se alarga ainda mais quando encara o volume da minha barriga sob o vestido justo de cor preta que escolhi. Teremos um jantar em família no salão de festas do prédio, organizado apenas para nos lembrarmos que temos uns aos outros.

Pela primeira vez, sinto que me encaixo, que encontrei meu lugar, e que tenho uma família. Uma família bastante disfuncional, é claro, uma família de assassinos, de mafiosos, de pessoas perigosas e astutas, mas uma família ainda assim. Uma família a qual podemos confiar e nos apoiar, uma família com crianças, com pais e mães e irmãos. Uma família completa a sua maneira, pois o normal não combinaria com nenhum de nós.

Não com Melanie, que descobriu sua maior vocação no submundo da máfia ao lado de um cara que é conhecido como o próprio diabo na terra, ou com Mattia, que é aquele que faz a mais cruel das mortes parecer ter a maior graça e a esposa que nunca erra um alvo se tiver uma arma de fogo nas mãos, ou com os gêmeos, que com certeza são a cópia fiel da personalidade dos pais, ou com Mirella, que foi aceita a família e até seria normal, se não tivesse a mesma inclinação a gostar dos treinos como eu. Ou com a pequena bebê Sophie, que invadiu o útero da mãe indo contra a ciência e contra a medicina. Ou com Andrea, que é o mafioso mais cuidadoso e minucioso que conheço, alguns ousam até dizer que ele é bonzinho, principalmente Scar, que decidiu aumentar a sua estadia na casa da irmã e parece encantada com um certo homem de cabelos longos e pretos.

Ou com Lorenzo, que embora sempre tenha dito que não foi feito para esse mundo e não queria ser quem é, sempre foi o melhor no que faz, sempre foi A Morte, implacável, misterioso, impossível de fugir. Ou até mesmo para mim, que nunca cedi aos encantos de nenhum homem além dos dele e, diga-se de passagem, sou ótima no que faço também. Eu, que não precisei de um marido, eu, que nunca tive medo de nada além do medo de ser amada, eu, que nunca achei que fosse ter uma família, eu, que nunca achei que fosse querer estar casada, eu, que me achava incapaz de amar uma criança até sentir…

Ela chutar na minha barriga.

O chute repentino me tira dos meus devaneios e freio meus passos nos degraus da escada. Lorenzo me encara de olhos arregalados e preocupados quando coloco as mãos na barriga, mas relaxa assim que ouve a minha risada sincera inundar o ambiente.

Risada essa que se mistura com as lágrimas que saem dos meus olhos sem permissão. Durante a gravidez estou chorando mais do que chorei em toda a minha vida, e eu odeio isso, mas não me culpo por me emocionar ao sentir a minha filha se mexer dentro de mim, chutar a minha barriga. Pois é uma sensação única, indescritível.

— Ela chutou… — eu digo e em um piscar de olhos, Lorenzo já me alcançou, colocando as mãos em cima das minhas. Ele não consegue parar de sorrir enquanto intercala o olhar do  meu rosto para a minha barriga.

— Chuta pro papai ver, bambina, chuta… — ele diz, se ajoelhando, e como se ouvisse sua voz, a bebê chuta de novo. É diferente e estranho e… incrível. Se me dissessem que eu seria capaz de gerar uma criança a anos atrás, eu diria que essa pessoa está maluca.

Paixão MortalOnde histórias criam vida. Descubra agora