|| CAPÍTULO ONZE ||

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		O despertador toca uma hora mais cedo, me lembrando que tenho que deixar minhas coisas arrumadas para que algum dos empregados do Lorenzo busque tudo e eu vá direto para a casa da cidade ao voltar do CT

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O despertador toca uma hora mais cedo, me lembrando que tenho que deixar minhas coisas arrumadas para que algum dos empregados do Lorenzo busque tudo e eu vá direto para a casa da cidade ao voltar do CT. Esfrego os olhos, resmungando quando me sento na cama. Encaro a janela embaçada, com neve se acumulando no parapeito.

O som de freio na pista me chama atenção, me levanto apressada e chego à janela a ponto de ver um corpo nu ser jogado em frente aos portões e o carro acelerar, cortando pneu pela estrada. Sem placa, vidros fumê, e o motorista usando uma máscara preta.

Puxo um robe do cabide e calço chinelos, sem me dar o trabalho de amarrar o roupão quando corro para o andar debaixo. Meu irmão já está saindo para o lado de fora com armas em punho quando desço as escadas. Pego uma pistola na mesa da sala de estar e vou atrás dele, o frio me atinge voraz quando piso os pés do lado de fora. Por ora, a neve tinha cessado, mas nada de sol no céu escuro.

— Algo que eu deva saber? — indago a ele, enquanto o mesmo espera os seguranças correrem até os portões, abrir e checarem o corpo.

— Se tiver, acredite que também não sei — ele balançou a cabeça, abaixando a arma quando um segurança sinalizou que estava tudo limpo.

— É o Tony, senhor! — gritou ele.

— Tony? — infatizou meu irmão, apertando os passos para se aproximar. Corri junto a ele, alçando o círculo de seguranças que já se formava ao redor do corpo. Abri espaço entre eles, o meu irmão checando os pulsos do homem e balançando a cabeça em negação, esfregando a barba com descrença.

Tony. Um dos melhores homens do meu irmão, um dos mais fiéis, tanto que fez parte da minha guarda pessoal na adolescência. Meu irmão constata que ele está morto tem pouco tempo, sinais de tortura e luta, alguns cortes e hematomas, e uma coisa diferente em meio ao estrago.

Um bilhete pregado ao corpo, próximo ao monte vênus.

O meu irmão rasga o bilhete, o lê e me encara, franzindo a testa. Tem uma interrogação no meu rosto quando ele me estende o papel.

— Eu tenho certeza que não é para mim… — ele encolhe as sobrancelhas, franzindo os lábios. Puxo o papel ensanguentado de sua mão e o leio, confusa.

"Se você não ficar comigo, ninguém mais irá."

Engulo em seco.

— Sabe quem fez isso? — inquire Andrea.

— Eu acho que se eu soubesse, Andrea, isso não tinha acontecido — arqueio uma sobrancelha, com aspereza na voz. — Vamos conversar lá dentro. Cuidem disso. — Digo aos seguranças e dou as costas para que meu irmão me acompanhe.

Tento me lembrar de algo, alguém que eu já me relacionei que se mostrou estranho ou… não consigo me recordar de ninguém, nunca sequer deixei que alguém criasse esperanças quanto a mim. E o Tony… por que o Tony? O que tivemos não passou de…

Paixão MortalOnde histórias criam vida. Descubra agora