Nove anos antes…
— Vocês podem tentar entrar sem ser vistos, mas caso isso não aconteça, estão livres para matar aqueles que tentarem interferir. — Explicou o Cassano mais velho, com os olhos frios e duros como pedra.
— Só para confirmar, por que mesmo que nós temos que ir enquanto você espera aqui pacientemente e longe dos perigos noturnos? — Mattia insistiu, brincando com uma rolha de vinho, largado no sofá da sala.
— Vincenzo mandou esquecer essa história, e eu preciso recuperar aquele colar — respondeu ríspido, entredentes, então diminuiu o tom de voz. — É a única coisa que sobrou da nossa mãe, Mattia. E ele exibiu naquele leilão como se fosse um troféu por ter matado as duas.
— Eu vou — interferiu o Lorenzo, que estava recluso em um canto da sala, tão silencioso que os irmãos se sobressaltaram ao se lembrar que ele estava ali. — Eu e Mattia, vamos. E você garante que o Vincenzo não vai notar que saímos dessa festa idiota… — concluiu ele, com cara de poucos amigos.
A festa começaria em instantes, mas meu irmão — comigo em seu encalço, já que briguei na escola e ele foi obrigado a me buscar — veio mais cedo para resolver algumas questões com Vincenzo. Agora que meu tio está morto e meu irmão assumiu de uma vez o cargo de Capo, é importante reforçar a aliança com a Cosa Nostra, ou algo assim, de acordo com o que ele me explicou.
— Não vai passar a noite babando a mascote da Camorra, Lore? — perguntou o Mattia, imitando dois bonequinhos se beijando com as mãos.
— Vá se foder — rosnou Lorenzo, arremessando contra ele uma almofada. O mais jovem caiu na gargalhada e olhou para cima. Me encolhi ao lado da escada para não ser vista. — Vamos… vou trocar de roupa. Vamos na BMW. — Ouvi ele se levantar e eles se dispersaram, então desci as escadas e corri em direção a garagem subterrânea da casa.
Procurei pela tal BMW, porém encontrei mais de uma, e a porta do carro ainda estava fechada, então me escondi atrás de um dos outros carros e esperei um dos irmãos aparecerem. Minutos depois, o Mattia apareceu com um controle na mão e vi uma BMW acender os faróis. Corri silenciosamente até ela e esperei o Mattia se distrair para poder abrir a porta.
O que eu estava prestes a fazer era loucura, mas eu queria saber como era estar em uma missão ou ao menos ver alguém em uma, mesmo que não oficial. Na verdade, uma missão não oficial era tudo que eu precisava, entretanto, sei que pedir para o Lorenzo me levar não será uma opção, já que ele também é protetor demais quando se trata de mim — como se eu fosse uma boneca de porcelana que pode se quebrar.
Abro a porta junto com o Mattia para que ele não consiga ouvir o barulho e o que o impede de ver é o próprio Lorenzo, que chega bem na hora. Entro dentro do carro e aproveito a distração dos dois para pular para o porta-malas.
— O que trouxe para diversão? — ouço Mattia perguntar e levanto a cabeça para ver. Lorenzo entrega para ele uma arma e um pente de balas.
— Está carregada, pente alongado — vejo que Mattia coloca o pente reserva na arma. — Vamos logo…
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Paixão Mortal
RomanceSeria irônico que uma pessoa que odeia casamentos e sempre deixou claro que nunca, em hipótese alguma, se casaria com ninguém, fosse obrigada a se casar? Kiara sempre teve aversão a relacionamentos - a relação de seus pais a convenceram de que essa...