As coisas parecem finalmente estar se encaixando. Sinto que tenho de volta a minha Kiara, que ela tem deixado para trás o nosso passado conturbado e se entregado a mim novamente, mesmo que aos poucos.
Eu poderia fazer da ação de admirar a Kiara, um hobbie. Ela está vestida elegantemente em um vestido vermelho justo ao corpo, acima dos joelhos, sem mangas e com uma linda abertura V nas costas e saltos pretos nos pés. Kiara deixou os cabelos soltos, colocou uma fina corrente de prata, brincos pequenos e uma pulseira que faz conjunto.
— Você está bem? — Pergunto, contornando o dedo na parte descoberta de suas costas. Ela me encara por cima do ombro.
— Por que não estaria? — Kiara arqueia uma sobrancelha, ironicamente. Eu faço uma expressão que diz "você sabe o porquê." e ela suspira, desviando os olhos dos meus. — Você era a única pessoa que sabia o que eu fiz, e contar para o meu irmão foi… libertador. Senti como se tivesse tirado todo o peso das minhas costas. — Kiara assume e coloca as mãos nos ombros, porém, não parece estar sendo cem por cento sincera.
— Mas….
— Mas, isso me fez relembrar das milhões de vezes em que tive a chance de fazer o que fiz antes dele matar minha mãe, e não fiz. Por isso digo que devemos fazer o que tem que ser feito, antes que seja tarde demais. — Ela vira-se completamente para mim e a nostalgia me faz enxergar a Kiara de sete anos.
— Não foi tarde demais. — Aponto. — Você impediu que ele maltratasse você ou pior, e impediu que ele continuasse fazendo muitas outras coisas terríveis. — Seguro sua mão e a trago até minha boca, dando o beijo casto no dorso. — Onde quer que esteja a sua mãe agora, ela está orgulhosa do que se tornou.
Kiara me dá um sorriso fraco e a porta do elevador se abre no salão de festas do prédio empresarial Cassan’s. Após a repercussão da história da bagunça que a Rosa causou nos EUA, a mesma resolveu fazer um jantar para os sócios aqui na Itália, como uma despedida de sua estadia e para acalmar os ânimos. É esperado que um dos donos compareça, o Mattia veio, acompanhado da nossa cunhada, Melanie, e a irmã dela, Scarlett — que é atual responsável por duas de nossas filiais — mas como serei eu a lidar com o problema nos Estados Unidos, estou aqui também.
Kiara chama atenção quando entramos, de homens e mulheres. Diga-se de passagem, a sua postura é impecável e a sua beleza é quase insuportável de tão exagerada. Kiara exala tanto poder e sensualidade ao mesmo tempo que é quase inebriante encará-la.
— Vocês formam mesmo um casal e tanto — Melanie comenta com um grande sorriso quando nos aproximamos. — Estou feliz que se acertaram.
— Parabéns pelo casamento, não tive tempo de parabenizar no dia da festa — gesticula a Scarlett. Ela não é muito parecida com irmã, os olhos são azuis invés de verdes e os cabelos, mais brancos. O rosto também é um pouco mais redondo. — O seu irmão não vem? — Scarlett pergunta. Kiara levanta as sobrancelhas em desconfiança.
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Paixão Mortal
RomanceSeria irônico que uma pessoa que odeia casamentos e sempre deixou claro que nunca, em hipótese alguma, se casaria com ninguém, fosse obrigada a se casar? Kiara sempre teve aversão a relacionamentos - a relação de seus pais a convenceram de que essa...