|| CAPÍTULO VINTE E NOVE ||

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NOVE ANOS ANTES…

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NOVE ANOS ANTES…

Dizem que o ódio e o amor andam de mãos dadas; a minha mobília destruída deve concordar com isso, afinal, eu nunca senti um ódio tão grande por causa de um amor, como estou sentindo agora.

Enquanto as lágrimas escorrem silenciosas pelo meu rosto, me pergunto se ele teria transado comigo se o Andrea não tivesse atrapalhado, uns dias atrás, apenas para que o estrago que planejava fazer em coração fosse maior.

Quando sai e Vicenzo viu que eu estava chorando, ele segurou meu braço e disse que eu era uma tola idiota se acreditava mesmo que um dos seus filhos era capaz de gostar de mim. Começo a me perguntar o mesmo e a enxergar essa tola idiota que habita em mim.

Eu só queria dilacerá-lo.

Nesse momento eu consigo pensar em tantas maneiras diferentes de como o matar o Lorenzo que seria difícil escolher entre eles. Sorte a dele de ter ido embora com aquela prostituta que devia ser sua prima.

Pois se ele ficasse aqui, eu ia testar as maneiras mais criativas e inimagináveis de matar alguém, eu ai superar suas expectativas, ia fazer melhor que a Morte.

Andrea bate na porta e não espera meu aval para entrar. Ele olha ao redor do meu quarto, atônito, então tira a mão das costas e expõe um caderno de capa preta.

— Ele… deixou isso aqui para você… — ele colocou o caderno em cima da escrivaninha. — Kiara, esse estado não combina com você. — Ele aponta, se aproximando. Encaro-o com ódio.

— Irônico pensar que… que achávamos que o pai dele que era um risco para mim — me sento na cama, limpando as lágrimas e abrindo um sorriso ceticista, uma risada sem humor. — Quando o risco maior era ele próprio.

— Uma mulher forte não se torna uma mulher forte sem um coração partido. — Meu irmão se aproximou. — Use isso ao seu favor, não se engane nunca mais por palavras doces. — Ele colocou a mecha do meu cabelo para trás e deu um beijo na minha cabeça.

{...}

Lorenzo está dormindo quando volto da sala de treinamento da casa. A luz da lua reflete na cama, no seu corpo nu, me trazendo lembranças claras das últimas noites em seus braços. Irônico dizer que a última forma em que pensei de como iria passar minha lua de mel fosse transando, sendo que é exatamente o que devem pensar fazer na lua de mel. No final, esse deve ser o único pingo de normalidade que houve em meu casamento.

Vou até a minha mala e abro o compartimento secreto que há nela, pegando o caderno que deixei trancafiado no meu armário por tantos anos. Me sento ao lado dele na cama e começo a folhear as páginas, levando minha mão às suas costas por ímpeto e começando a acariciar.

Sempre desprezei as coisas mornas,
as coisas que não provocam ódio nem paixão,
as coisas definidas como mais ou menos.
Um filme mais ou menos,
um livro mais ou menos,
um amor mais ou menos...
Tudo perda de tempo.
Viver tem que ser perturbador,
é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados,
e com eles sua raiva,
seu orgulho,
seu acaso,
sua adoração
ou seu desprezo.
O que não faz você mover um músculo,
o que não faz você estremecer,
suar,
desatinar,
não merece fazer parte do seu coração.
Você, pelo contrário, ferve.
E tomou meu coração inteiramente para si.

- coisas que fervem


O que as pessoas querem é o ódio,
ódio,
nada mais do que o ódio,
em nome do amor
e da justiça
e do poder,
odeiam.
O ódio não é senão o próprio amor
que adoeceu gravemente?
Então em nome do amor,
odeio o que você me faz sentir.
Em nome da justiça, odeio as regras que nos rodeiam.
Em nome do poder, odeio o controle que você tem sobre mim.
Mas não estou doente,
pois o seu amor ainda é a cura de que preciso.
Todavia, odeio,
odeio por não poder amá-la por inteiro.

- em nome do amor;  ódio

Não existe ódio implacável,
a não ser no amor.
Não existe um sentimento mais puro,
do que o ódio da pessoa que ama.
Te amo tanto,
que odeio cada fração desse sentimento.
Te amo tanto,
que temo te amar demais.
Te amo tanto,
que te odeio intensamente.
Te amo tanto,
que temo te contar o que sinto.
Temer o amor é temer a vida,
e os que temem a vida já estão meio mortos.

- não temerei o amor

Tudo muda muito,
Mas o que eu sinto pouco muda.
Te amo e te odeio.
Alternadamente.
Com a mesma intensidade.
O ódio é o prazer mais duradouro.
Os homens amam com pressa,
mas odeiam com calma.
Te amei quando vi seus olhos,
te odiei aos poucos quando te conheci.
As vezes penso que te odeio,
por não poder te amar por inteiro.
E assim nivelamos o que sinto.
Espero que saiba que o ódio nem sempre é algo ruim.

-  paradoxo de sentimentos

Te escondo coisas que não te conto por querer.
Te escondo o que sinto pois temo te assustar.
Te escondo a constelação de estrelas
que habita em meus olhos
e reflete nos seus quando te encaro.
Te escondo palavras não ditas,
te escondo beijos molhados,
te escondo abraços demorados,
te escondo noites de amor,
te escondo por ser intenso demais.
Me escondo por ser intenso demais.
Me escondo pois não sei o que tu sente,
e não quero te perder por sentir demais.
Por te falar eu te assustarei e te perderei?
Mas se eu não falar,
eu me perderei,
e por me perder,
eu te perderia.

- o que sinto que fez eu te perder

- o que sinto que fez eu te perder

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Paixão MortalOnde histórias criam vida. Descubra agora