|| CAPÍTULO TRÊS ||

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	O oxigênio quando estamos a milhares de pés do chão é escasso

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O oxigênio quando estamos a milhares de pés do chão é escasso. É por isso que nossos ouvidos doem quando voamos. E é por isso que o meu está latejando, percebo. A minha cabeça dói, ainda estou sonolenta pelo efeito latente, porém eficiente, do que posso chamar de “boa noite Cinderela”.

Embora eu esteja bem longe de ser uma princesa que precisa da porra de um resgate, o que é a grande ironia da questão.

A primeira coisa que vejo é o branco das nuvens atravessando o avião. Ouço a voz do Lorenzo — meio abafada pela dor de ouvido — e aperto com força os olhos tentando deixá-la de lado.

— Você não pode me matar, Jade. Eu sou seu cunhado, lembra? Aquele que você ama muito e, além do mais, não foi culpa sua eu ter achado a Kiara. — Ele, que está na minha frente, me encara de soslaio e eu fecho os olhos, finjo dormir. — Por que não mata o seu marido? Foi ele quem descobriu que você estava mantendo contato com ela, interceptou o seu celular e me deu para que eu rastreasse a chamada. — Ele pausa, deita a cabeça no braço da poltrona e consigo ouvir a Jade gritar. — Não, Jade. Você mesma vai quebrar o seu resguardo se continuar gritando assim. E ela está bem, só está… dormindo. — Engole em seco. — Tudo bem. Tchau, eu prometo que quando ela acordar, peço para ela te ligar. — Ele desliga e suspirando cansado, joga o celular na poltrona do outro lado.

Lorenzo se levanta da poltrona, pega um copo de uísque no porta copos e vira o líquido de uma só vez na boca. Vejo-o suspirar, olhar para o teto e depois, olhar para mim. Ele se sobressalta quando me vê acordada, seus olhos verdes se arregalam e ele coloca o copo de volta onde estava.

— Minha futura esposa adormecida, bem vinda de volta! — Lorenzo pigarreia para se recompor. Me sento, sinto meu corpo doer por conta da posição que estava e coloco os cotovelos apoiados nas coxas, fazendo meu cabelo agora solto cair para frente.

— Eu devo matar você agora ou devo esperar esse avião pousar? — cruzo as mãos e inclino a cabeça para o lado. Ele arqueia a sobrancelha, contorce os lábios e nega com a cabeça.

— Você devia tomar um banho. Eu trouxe todas as suas coisas, está tudo naquele quarto ali — ele aponta com o queixo. — E sua aparência está… hm… pouco agradável. Você não acha que devia me matar quando estiver… mais apresentável? — ele faz uma expressão de deboche que me dá nos nervos.

Eu balanço a cabeça, solto uma risada descrente, sem graça, coço a nuca com nervosismo e balanço a cabeça. Olho ao redor do avião particular que, sem esforço, tem um tamanho de uma casa de classe média em outros ângulos.

— Você só resolveu ser filho da puta agora, ou fui eu quem nunca percebi? — indago, olhando para a parede, como se não estivesse falando com ele.

— O amor é cego — ele diz, deitando de novo sobre a poltrona e dobrando as mãos em cima do peito. — Deve ser por isso que sempre achei você mais bonita do que está agora. Estão por que realmente não vai tomar um banhozinho? — provoca, piscando um olho debochado para mim.

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