Em frente ao restaurante Cassan's tem três carros blindados estacionados. Andrea se recusou a responder qualquer uma das minhas perguntas sobre quem quer que seja o homem que irá nos encontrar e o porquê dele estar tentando nos atingir, para início de conversa. Todas as vezes que tentei lhe perguntar sobre, ele desconversou e mudou de assunto.
Ainda assim, sou o seu braço direito, sua imediata na liderança da Camorra. Não pude me recusar a vir mesmo sem saber o que ia enfrentar.
Os seguranças checam o restaurante de ponta a ponta e avisam ao meu irmão que podemos sair do carro. Confiro uma última vez a minha roupa e maquiagem, escolhi um cropped preto, uma blazer verde escuro e uma calça social da mesma cor, com saltos.
Meu irmão me oferece o braço após abrir a porta para mim. Lanço-lhe um olhar afiado, não estou nem um pouco feliz com a presente situação, odeio não saber o que está por vir.
— Não pense que irei esquecer isso, não vou. — Digo com os lábios franzidos enquanto aceito sua ajuda e seguimos para dentro do restaurante.
— Sempre tão vingativa, sorellina. — O maldito sorri. Somos recepcionados e guiados até uma das mesas cujo um único homem está, os cabelos pretos e longos iguais ao do Andrea.
Respiro fundo quando nos aproximamos e encaro o Andrea de soslaio. Meu irmão está pálido, o cabelo parece ainda mais escuro contra sua pele lívida. Tenho medo de me perguntar o porquê dele estar assim.
Paramos em frente a mesa e faço um grande esforço para controlar a minha expressão de confusão. Choque, curiosidade, medo ou o que quer que sentimos quando estamos parados em frente a uma cópia viva do nosso pai morto.
É claro que não é o meu pai, afinal, ele não morreu tão jovem. Mas o ser humano em minha frente tem os mesmos olhos — que graças a Deus puxei a minha mãe — a mesma sobrancelha, e o mesmo nariz que o Vittorio Costa. Mesmo pensar em seu nome deixa um gosto amargo em minha boca, então é fácil imaginar a minha cara ao ver quem quer que seja ele.
— Ah, que graça, chegaram bem na hora. — Ele diz, checando o relógio de pulso, abrindo um sorriso. Até mesmo isso é idêntico a ele. — Fiquei ansioso para ver o quanto éramos parecidos com o pai. — Ele conclui, e a ficha finalmente cai.
Encaro o Andrea, que mantém uma expressão tão neutra quanto deveria, mas sei que ele não estaria assim se já não soubesse. Ele sabia, consigo ver em seus olhos, e escondeu isso de mim não importa por quanto tempo. Andrea faz menção de puxar a cadeira para mim e empurro sua mão para fazer isso eu mesma. Vejo quando engole o seco antes de puxar sua própria cadeira e se sentar.
— Parece surpresa, Kiara. — O homem recomeçou. — Pelo visto o seu irmão não lhe informou o que vieram fazer, não é? Ou quem vieram ver. — Ele serviu duas taças de vinho branco. Não ousei tocar, Andrea também não. — Não sejam tolos, se eu matasse vocês aqui, os cachorrinhos que estão ali fora me matariam logo em seguida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Paixão Mortal
RomanceSeria irônico que uma pessoa que odeia casamentos e sempre deixou claro que nunca, em hipótese alguma, se casaria com ninguém, fosse obrigada a se casar? Kiara sempre teve aversão a relacionamentos - a relação de seus pais a convenceram de que essa...