|| CAPÍTULO OITO ||

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11 ANOS ANTES…

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11 ANOS ANTES…

Um evento em plena luz do dia e a céu aberto era uma novidade para mim, ainda mais quando havia nascido bem no meio deste mundo e indo a mais eventos da organização do que sou capaz de contar. Meu queixo repousava sobre os punhos fechados e meu cotovelos sobre os joelhos, enquanto eu observava em um canto afastado sentada na calçada da mansão do Vicenzo Cassano, quem há muito fora muito amigo do meu pai — que queimasse no inferno igual ele estaria queimando agora.

Embora meu irmão nunca aceitasse meus pedidos de aprender a lutar, nem que fosse para me defender, e nunca fosse permitir que eu fosse além de eventos na máfia, ele gostava de me deixar sob seu campo de visão. Achava que eu estava mais segura com ele, independente do quão perigosas essas pessoas que estão rindo forçadamente umas para as outras fossem. Eu, de fato, estava mais segura aqui do que em casa. Esse evento em especial acontecia todos os anos, para comemorar a paz estabelecida há muito em uma guerra entre a Cosa Nostra, Bratva, Ndrangheta e Camorra. Estava cercada de cães do inferno sedentos por sangue, porém, ainda mais sedentos por dinheiro e poder. E tais coisas pareciam comprar a paz por aqui. Eu devia ter uns quatro anos quando essa guerra aconteceu, lembro-me de que não podíamos sair de casa.

No fim das contas, Andrea estava certo. Eu estava segura aqui, afinal, não era só ele ou os demais soldados que faziam a minha proteção, mas também o meu amigo, um garoto de quase dezessete anos, quase um metro e oitenta e quase tantos músculos quanto o irmão herdeiro da Cosa Nostra. Lorenzo conversava com meu irmão no momento, fingindo interesse nos assuntos da máfia que meu irmão tanto presa — está ansioso para assumir tudo no ano que vem e se livrar do nosso tio, tão escroto quanto meu pai — mas seus olhos estão em mim. Seus olhos… às vezes me perco neles. Um verde transparente hipnotizante, quando eu olho para eles eu sinto meu peito… doer. De uma forma estranha. Encaro-o ansiosa, ansiosa para que ele me guie para os fundos da casa e me ensine algo novo sobre armas ou arte ou qualquer coisa assim.

Por isso gosto de estar aqui. Desde que eu tinha sete anos, o Lorenzo é um tipo de bálsamo para mim. Ele me ajudou de formas inimagináveis depois da trágica morte da minha mãe e, desde então, tem sido parte de minhas melhores memórias. Lorenzo me ensinou coisas, permitiu que eu visse coisas e o conhecesse — como ele mesmo alegara — como poucos o conheciam. Às vezes eu chego a pensar se ele não foi enviado pela minha mãe para cuidar de mim, como um príncipe encantado ou algo assim. Mas nossa diferença de idade é grande e, além do mais, isso geraria mais confusão do que vale a pena. Com certeza ele me vê apenas com uma criança afetada pela confusão dos pais — o que, bem no fundo, pode ser o que sou.

Meu irmão aponta para mim, alheio ao fato de que Lorenzo me ensinou mais sobre armas do ele me permitira conhecer a vida toda. Sabe que somos amigos, agradece eternamente ao Lorenzo por ter me ajudado quando ele não conseguiu, então não interfere nos nossos momentos juntos. Lorenzo aproveita a deixa, vem andando até mim tentando disfarçar o sorriso crescente nos lábios para que os outros não vejam, coloca as mãos dentro do bolso da calça social e se senta ao meu lado, descansando um tornozelo em cima do joelho.

Paixão MortalOnde histórias criam vida. Descubra agora