|| CAPÍTULO VINTE ||

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	Mesmo sob a pressão das poucas horas de sono do dia anterior, dormir foi a última coisa que consegui fazer depois da ameaça direta à vida da Kiara

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Mesmo sob a pressão das poucas horas de sono do dia anterior, dormir foi a última coisa que consegui fazer depois da ameaça direta à vida da Kiara. E ela também não estava no quarto dela quando sai do meu, sei disso porque quando passei pelo corredor, a porta do seu quarto estava aberta, e a cama, vazia.

A procurei pela casa e a preocupação já começava a palpitar na minha mente quando ouvi um barulho vindo da varanda. Segui para a cozinha, onde ficam as portas de acesso para a área de lazer e pelas portas duplas de vidro, ao lado da piscina vi uma flecha atingindo em cheio o alvo que montei para ela.

Abri uma pequena adega posta ao lado do armário e tirei de lá um vinho aberto, pesquei uma taça no suporte de madeira e me servi, enchendo também outra taça e deixando em cima do balcão, sem saber ao certo o meu objetivo — não era mesmo como se ela gostasse de socializar comigo depois de tantos anos.

Parei ao lado da cortina e senti o vento frio atingir o meu peito, fazendo-me se empertigar. Não estava vestindo nada além de uma calça moletom e uma boxer vermelha.

Meus olhos passearam pelo corpo pequeno da maldita mulher que eu serei obrigado a conviver pelo resto da vida e terei sorte se ela quiser transar comigo vez ou outra. Kiara veste hoje uma blusa masculina que cobre apenas metade da sua bunda e deixa tão visível quanto possível a sua calcinha de renda cor de rosa. A cor não combina nada com ela, mas ao mesmo tempo a deixa tão sexy que sinto meu pau acordar dentro da calça.

Mas não é sua (pouca) roupa que me chama atenção. A forma que ela se posiciona e mira antes de disparar, a determinação e força nos braços e pernas, a forma como inspira e prende a respiração enquanto o vento sopra os seus cabelos, até finalmente disparar. E atingir exatamente o meio do alvo.

Serei um mentiroso do caralho se não admitir que ainda sou perdidamente apaixonado por essa mulher. E gostaria de dizer com certeza que caso ela também não se apaixone por mim um dia, o meu sentimento irá deixar de existir. Mas ele queima ardente demais para simplesmente apagar.

Qual é a probabilidade dela aceitar ser inteiramente minha um dia como sempre desejei que fosse?

“Você não é o único amigo que ficou obcecado por mim.”  Ela disse hoje de manhã. Mas a diferença entre mim e o tal Paolo Bianchi é que eu não sacrificaria ela para que nenhum outro tivesse, eu sacrificaria milhares para garantir que apesar de não estar comigo, ela continuaria tão bem e feliz quanto possível.

— Uma foto duraria mais tempo — ela resmunga do outro lado, sem se dar o trabalho de me encarar.

Penso em perguntar como sabia que estou aqui, se nem sequer estou a favor da luz. Mas sei que ela não me daria o prazer de repetir as palavras quais me disse um dia. Não diria que sente a minha presença, ao menos não da forma que eu gostaria de ouvir.

— Às vezes tento me lembrar da última vez que me tratou bem, mas não consigo, tenho memória fraca para coisas que aconteceram há mais de sete anos atrás. — Pego a taça de vinho dela e atravesso a porta, dando um pequeno gole na minha. Ela encara a taça com desconfiança e hesita em aceitar, mas faz mesmo assim.

Paixão MortalOnde histórias criam vida. Descubra agora