Estela Martinéz, 22 anos.
Coloco no cabide minha última peça de roupa, depois de arrumar todas as minhas malas tragas do México no guarda-roupa. Eu estava exausta, querendo descansar.
Já tinha vindo ao Rio de Janeiro algumas outras vezes, inclusive continua lindo. Mas eu não sou muito acostumada com a energia do solo Brasileiro, na minha cidade eu vivo atarefada, vivo fazendo todas as coisas que o meu pai me pede ligada á sua hierarquia. Vou para reuniões com batentes altas, viajo a negócio quando o meu pai não pode, e quando ele pode eu também vou com ele. Desde que eu tenho dezoito, nada do papai funcionou sem mim.
Eu não sei bem o porquê eu estou aqui, na verdade sim, vim entregar as mercadorias do aliado do meu pai, o Braga. Mas eu sinto que o senhor German me esconde alguma coisa, se eu já entreguei, não tem porque eu ficar aqui por mais tempo, mas eu irei descobrir.
Escuto um barulho no cômodo de baixo, a porta sendo aberta. Me assusto e vou rápido até a bancada do quarto, pegando a minha arma e destravando ela. Saio do quarto e passo rápido pro outro corredor, pronta pra atirar em quem quer se seja.
Espero que faça mais algum barulho, mas nada. Saio do corredor e vou até às escadas, sem sandália, descendo rápido. Quando menos espero, uma mão grande tampa a minha boca me impedindo de gritar e pega a minha arma, travando ela e jogando no sofá. A mão livre do sujeito passa pela minha cintura, me apertando.
Braga: Teu pai te treinou bem pra caralho. — Respiro aliviada ao conhecer a voz grossa dele. — Mas dentro da minha goma tu tá protegida, Gringa. — Por um motivo desconhecido por mim, eu fiquei levemente arrepiada com a voz dele tão perto, com os braços grandes me rodeando assim... E eu não curti.
Eu me solto e olho braba pra ele.
— Em que mundo você vive, bastardos. — Xingo ele sem me importar, passando as mãos nos meus cabelos. — Não se chega nesse silêncio absurdo numa casa onde só tem uma mulher!
Braga: Tu falou o que aí? — Franzo minha sobrancelhas pra ele. — Bastardo? Sou bastardo não, filhona.
— Dios mio. — Respiro fundo e sigo até às escadas, ele não conhece o mínino do espanhol, aonde o meu pai me meteu.
Entro no quarto e me sento na cama, pegando meu celular. Ainda não liguei pro meu pai, ele está esperando uma ligação minha. Mas eu só mando algumas mensagens e fico ali por alguns minutos.
Braga: Tu tá com fome? — Olho pra porta do quarto, aonde ele está agora. Percebi que ele está vestido com outra roupa, uma polo preta e uma calça jeans escura. As correntes continuam no mesmo lugar, á mostra para quem bater o olho nele. Sem contar o cheiro delicioso de perfume masculino... — O gato comeu tua língua, Estela?
— Ãn... — Passo a língua pelos meus lábios e desvio o olhar do dele por uns segundos. — Tô.
Braga: Posso mandar alguém trazer o que tu quiser comer, ou vai preferir ir comer fora de casa? — Eu penso e penso...
— Talvez seria uma boa sair pra comer em qualquer lugar.
Ele pediu pra mim ir me trocar, então é isso que eu vou fazer. Já tinha tomado um banho, então eu só vesti um short jeans folgadinho de lavagem clara, com um cropedd preto de manga longa, todo liso. Coloquei também um colar, o meu preferido, amo acessórios. Por último passei meu perfume e coloquei nos pés uma sandália.
Meus cabelos eu penteei e deixei eles soltos, o que eu mais amo em mim. Meu cabelo é longo, e preto natural. Herdei da minha mãe, já que os cabelos do meu pai são claros.
Depois de já ter terminado eu saio do quarto fechando a porta, descendo as escadas e indo atrás do Braga. A porta da casa estava aberta, então ele já estava lá fora.
— Braga? — Chamo por ele, saindo aqui fora, encontrando ele conversando com uma mulher. Ela logo me avista ali, e me olha feito um touro quando avista a cor vermelha. — Olá. — Falo com ela, mexendo meus dedos no ar.
Xx: É por isso que você está me dando um bolo, Braga? Você arrumou uma vagabunda? — Ela grita na rua, fazendo um circo. E por mais eu não seja brasileira, eu sei que ela me xingou.
Eu não ligo muito pra isso, contanto que ela não mexa comigo fisicamente, verbalmente ela pode me detonar. Não querendo arrumar uma confusão maior entre ele e sua mulher, eu só dou meia volta, entrando dentro da casa e sentando no sofá.
Daqui eu escuto somente a voz da mulher, ela briga e grita com ele. Eu sou bem curiosa, é um traço de personalidade meu, então... eu quero saber quem é essa mulher.
Fico impaciente no sofá, mexendo meus pés. Depois de uns minutos a gritaria cessa e eu olho pra porta, vendo ele passar por ela. Uma coisa que eu já notei nele desde a primeira vez que eu vim pra cá, é que ele é bem fechado. Não é um cara que conversa sobre qualquer coisa, não as coisas que envolva sua vida pessoal.
Braga: Vamo lá? — Ele pergunta como se não tivesse acontecido a confusão com sua mulher á uns minutos. — Um parceiro meu tá esperando a gente.
Só concordo e saio da casa com ele.
***
Lorenna: Mas você não tem medo? não sei, talvez eu não teria coragem, é tão perigoso. — Eu sorrio pra preta do cabelo cacheado, ela é namorada do amigo do Braga, Costa se não me engano. E bem simpática por sinal. — Você começou nisso muito nova?
Costa: Amor, calma.. — Ele passa o braço pelo pescoço da mulher, sorrindo. — Deixa ela respirar, deixa de ser curiosa.
—:Tudo bem, eu gosto de conversar assim. — Falo sorrindo pra eles, eu realmente gostava. — E eu também sou muito curiosa, a gente tem isso em comum. E olha, nunca contei da minha vida tão rápido pra alguém.
Lorenna: Homens são assim, não estão acostumados a ver mulheres fofocando. — Lorenna revira os olhos e eu concordo com ela.
Eu tomo um gole do líquido do meu copo e olho pro meu lado, onde o Braga está sentando. Ele é muito calado, então é difícil saber o que se passa na cabeça dele e o que ele acha sobre essa situação, sobre eu estar me hospedando na casa dele e ficando próxima assim do nada dos seus amigos... Queria saber o que ele acha.
— Tá calado. — Falo baixo, só pra ele ouvir.
Braga: Não tenho o que falar. — É a única coisa que sai da boca dele. Eu acabo surpresa pela forma que fui respondida.
É, pelo visto vai ser um pouco difícil me aproximar dele durante o tempo que eu vou estar por aqui.