Braga...
Analisando a localização enviada pelo número do German, eu suspiro fundo e travo meu maxilar. Estávamos todos dentro de um carro com oito lugares e vidros fumê, fortemente armados, com coletes no corpo e eu, estava com sangue nos olhos.
Tinha recém feito cinco horas que a Estela estava sumida.
Nico me passou a visão que o German tinha localização em tempo real vinte e quatro horas do celular da Estela, os soldados dele já passaram a todo os detalhes do que tinha ocorrido com ela antes mesmo de eu saber, então ele só enviou no meu celular a localização, sem dizer mais nada.
Minha parte eu fiz, juntei uns dos meus melhores caras, junto com o Costa e o Canário, e estavamos prontos para chegar até onde quer que seja que os filhos da puta que entraram na minha favela, levaram ela.
Costa: Papo de que se acontecer alguma coisa com vocês eu mermo vou ser obrigado a quebrar vocês na porrada. — Ouço sua voz adentrando em meus ouvidos. — É pra trazer a Gringa com vida, mas vocês também tem que vim sem ferimentos nenhum, sacaram?
Canário: O papo é um só, tá escutando, Braga? — Eu continuo em silêncio.
Me concentro somente na minha mente que não parava um minuto se quer, não dando atenção pra conversa deles.
Nico: Achei alguma coisa. — Ele que estava dirigindo, fala. — Uma casa, é alguns metros daqui e pela localização e os lugares que passamos só pode ser aqui.
— Para o carro. — Olho pelo vidro os matos e galhos de árvores enormes, na minha contagem estamos a exatas uma hora vagando por todos os lugares que chegue perto da localização enviada pelo German, tem que ser aqui. Jogo meu celular no banco e ajeito o fuzil no meu corpo.
Ferreira: Desce todo mundo. — Eu abro a porta do meu lado e os outros dois me seguem, descendo junto comigo. — Tem luzes ligadas, mas aqui tá deserto. — Fala olhando na direção da casa.
— Foi a porra de um sequestro, quer que leve ela pra um lugar com movimentação aos quatro cantos? — Pergunto sério, olhando para ele. — Se separem e vamo dois pra cada lado.
Ele não fala mais nada, só nega com a cabeça e sai junto com o Lion na direção oposta. Nego e o Carioca seguem pela mesma direção, se separando logo na frente. O Kaká segue caminho junto com o Costa.
Nico: Tô por aqui, pegarem ela trás pra cá sem pensar duas vezes. — Ele desce do carro e bate a porta, segurando sua arma.
Eu passo a mão na boca e aceno com a cabeça pra que o Canário me siga.
Nego: Patrão, na parte de trás da casa tem dois carros. — Sua voz soa pelo rádio na minha cintura, eu pego, escutando o que ele falaria em seguida. — Uma Xre vermelha, capacete preto... Tá ligado de quem que é?
A informação me faz cerrar os dentes, sentindo minhas veias bombarem o sangue cada vez mais rápido, passo a língua nos lábios e solto um filho da puta inaudível, quase que pra dentro, somente para mim ouvir.
— Paciência. — Aperto o rádio e passo a voz para ele. — Quero ele vivo.
Desligo novamente a frequência do rádio e vou pela frente da casa, pegando uma pedra no chão e jogando na porta, somente para que faça um mínimo de barulho e algum deles apareça.
Passo pro lado da porta, ficando na frente do Canário e de costas para o próprio, que cutuca meu ombro. Eu o olho e pergunto com o olhar o que era que ele queria.
Canário: Quero tu vivo, pô. — Eu engulo seco e desvio o olhar dele, ajeitando a arma.
— Morto daqui só quem vai sair são esses filhos da puta. — Falo pra que ele escute.
A porta da casa é aberta e eu me afasto um pouco, esperando alguém sair. Nada... Quando menos espero escuto o tiro ecoar na parte de trás e o barulho de vidros sendo quebrados penetram o meu ouvido.
Sem esperar mais nenhum segundo a mais, eu destravo o fuzil e ponto minha cabeça, eu espero um tempo, logo chutando ela com o pé e vendo que não tinha ninguém por ali. Passo o olhar rápido por dentro e não vejo nada, entro na casa com a mira certa em todos os cantos, pronto pra descarregar o pente.
Canário: Vai com calma, irmão...
O barulho de tiro lá fora cessa, me fazendo desconfiar... a porta de um cômodo da casa faz um barulho vago, me dando a certeza que tinha alguém lá dentro. Eu caminho na direção junto com o Canário, que foi rápido pelo corredor e eu fiquei, na entrada de um quarto.
Uma cama de solteiro, não tinha nada mais no local, somente a cama. Eu sinto a presença de algo atrás de mim e não me dou ao trabalho de demorar, apenas viro dando três tiros certeiros perfurando a porta.
Eu puxo e vejo o corpo sem vida ali, ensanguentado.
Canário: Achei um bagulho ali. — Sua voz me chama atenção, e eu sigo ele. Ele pega no chão o celular e entrega nas minhas mãos. — Deixaram aqui.
— Porra. — Jogo o celular com todo meu ódio no chão. — Vai se fuder.
Saio da casa passando as mãos no rosto, impaciente.
Costa: Dois foram mortos. — Ele chega perto.
— Ela não está aqui, deixaram somente o celular, pra de alguma forma despistar de onde eles realmente estão. — Digo. Logo o Kaká aparece. — Só tinha um aqui dentro.
Kaká: Não faz sentido, eles não podem ter ido tão longe, isso daqui é uma mata...
Canário: Já é noite, está tudo escuro e provavelmente não vamos achar ela agora e nesse momento.
— Só não vamos achar se morrermos, não me interessa se está noite ou dia, a porra do sol queimando ou tendo a lua como a única lanterna, vamos achar ela hoje! — Esclareço, deixando explícito para eles o que viemos fazer aqui. — Não existe outra alternativa, a Estela vai ser levada pra casa hoje.
Nego: Encontramos um barraco aqui pelos matos, papo de que é muito pequeno, tá tendo movimentação por lá... — Outra vez seu tom de voz baixo é escutado por mim e pelos caras no rádio. — Ae patrão, dois caras estão na segurança, do lado de fora. Cada um com uma arma. Pelo que parece do lado de fora do barraco só tem eles, se for pra gente avançar tem que ser por trás.
— Faz isso. Não deixa rastro de que estão se aproximando... Estamos indo.
[...]