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Estela

alguns dias após | 15:40PM

Escorrego minha palma da mão pelo cano extenso da arma sobreposta em meu ombro, analisando fixamente a mira e o alvo que eu teria que acertar. Movo meu ombro pra trás, em busca de mais espaço para o apoio correto da arma que manuseio com minhas mãos e, assim minhas íris pretas capturam o exato momento que eu fixo a mira, deslizando meu dedo no movimento certo e a bala do fuzil m16 ultrapassa sobressaindo assim que eu aperto o gatilho.

Canário: É caô. — seu tom surpreso e baixo me invade junto com o estrondo da bala ultrapassando o ponto específico, me trazendo uma risada fraca. — Não é possível, pô! sai fora.

Costa: Que isso caralho. — sua risada ecoa pelo cômodo da estande de tiros, estávamos aqui há umas horas. — Tu é braba, filha da puta.

— Eu sei umas coisinhas. — nego com a cabeça, me afastando para observar os alvos nos quais atirei, todos perfurados ao meio.

Quando nova, eu via com meus próprios olhos, num corpo de quinze anos, o meu pai treinar sua segurança. Duas vezes na vida tive um fuzil preso em meu corpo, e nunca foi para uma trocação, só para treinamento.

Ergo meu tronco sentindo a dor no ombro aparecer assim que largo o fuzil sobre a mesa.

Canário: Vou ajeitando, eu acerto agora. - sai serinho do meu campo de visão, o sorriso se forma em meu rosto. — Eu estou sentindo que tu tá rindo, ri não, mona rouba marido.

Costa: Ele ainda está nessa? porra, supera irmão. — da risada indo atrás do Canário.

Eu passo de leve a mão por minha roupa, a minha blusinha preta coladinha aos meus seios vai até o umbigo. Caminho até a porta de saída ao tirar os fones de proteção e o óculos que eles me deram, saindo da sala estreita, pisando firme no chão ao fechar o cômodo atrás de mim.

A luz forte do dia ensolarado paira sobre meu rosto e eu estreito meu olhar observando além daqui onde estou, a estrutura um pouco distante daqui, com o telefone sobreposto ao seu ouvido. Ando calma e abaixo meu olhar analisando a calça preta em que visto, justa as minhas curvas e bem acentuada, detalhando.

— Vocês vem pra ficar em telefone? — cruzo meus braços na altura do peito, segurando o pingente do meu colar entre meus dedos. Analiso seu rosto de traços fortes e firmes, os olhos brilham ao me encarar. Seu sorriso ladino preenche sua face.

Ferreira: Marca um horário, porra. — levanta sua palma e pede em um ato silencioso para que eu espere. — Eu tenho que conversar com você e eu não tô com tempo pra esperar, tenho que agir.

Percebo que a conversa é particular e num instante saio, fitando o lugar onde estamos. Estrada é longa, não é na comunidade deles. Pelo que entendi, Samuel me falou que quando pensam em invasão, roubo, ou só querem treinar por diversão, eles vem pra cá. Uma estrada localizada há umas duas horas de distância da entrada do Rio de Janeiro.

No México, meu pai tem seus momentos no qual coloca na cabeça que eu preciso fazer isso, participar dos treinamentos com ele. Sempre era a única mulher, me lembro que minha mãe preferia fazer sala as mulheres dos amigos do meu pai, já eu? eu sempre gostei de tudo que me causasse adrenalina, percorrer por minha habilidades, nem que seja um tiro de glock, eu ia.

Lion e Nico sempre estavam nesses momentos, Ferreira ficava mais afastado disso.

Ferreira: Princesa. — sua voz preenche minha audição e eu me viro para ele, tornando fixo nossa troca de olhares. — Já fez o que você gosta?

— Sempre é como se fosse a primeira vez, é, eu gosto. — sorrio, desviando meus olhos dos seus, procurando pelos meninos. — Cadê eles?

Ferreira: Em algum lugar. — se aproxima de mim, com seus dedos levantados na altura do meu rosto eu dou um espasmo ao sentir o toque vago dele tirando o fio de cabelo do meu rosto. — Você está feliz aqui, da pra ver. — estreito o olhar, concordo com um leve balançar de cabeça. — E feliz com ele, não é? — a pergunta sai em um tom áspero e firme, assim que ele se solta e aperta seus dedos na palma da mão de forma fortificada.

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