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Braga....

Seco os pingos de água que escorriam sobre meu corpo com a toalha, levando até o meu cabelo balançando a toalha ali, pra enxugar. Passo a mão pela bermuda depois de jogar a toalha aberta encima da porta do banheiro, indo até a cama e pegando minha camiseta azul, vestindo ela.

Depois de por minhas correntes eu presto atenção no espelho me vendo todo trajado ali com a bermuda preta, o tom de azul da camiseta que deixa a vista minhas tatuagens pelo pescoço e braços fechados, junto com minhas correntes grossas de ouro.

Caminho até a cômoda e pego minha arma colocando ela por trás do cós da minha bermuda, tampando com a camiseta. Vou descendo as escadas, escutando o burburinho de conversas se misturando na sala.

Eu passo direto pra cozinha, balançando a garrafa de café que estava sob a mesa, conferindo se tinha feito pra eu tomar. Pego o copo no escorredor que tava na pia e despejo um pouco do café ali, indo pra sala..

Bruna: Ninguém disse isso pra mim. — Chego escutando a conversa pela metade, quieto, atento no papo deles.

Lion: Pra mim ela tinha contado pra vocês. — Passo a língua nos lábios sentindo o gosto do café, docinho.

Estavam todos ali, os soldados do German e o meu pessoal, juntos na sala. Passo o olho rapidamente até a morena que estava um pouco distante daqui, sentada no sofá com os braços e pernas cruzadas, percorro o olhar pelo seu corpo.. as coxas grossas acompanha bem o seu corpo pequeno, os seios fartos bem guardados numa blusa branca que ela vestia. Tomo outro gole do café, respirando fundo.

Paro meus olhos nos seus olhinhos felinos e pretinhos que me analisavam sem nem piscar com julgamento, me perguntando sem nem precisar dizer o que eu estava querendo olhando pra ela assim. Os traços da Estela são firmes e me trás a certeza que de qualquer jeito aos meus olhos ela seria linda.

Ferreira: Chegou caladão aí no silêncio, Braga. —  Sua voz me dispersa e eu miro meu olhar sério nele, que estava do lado da Gringa no sofá. Eu não o respondo e nós trocamos brevemente um contato visual, eu evitei continuar porquê esse cara tem um semblante de gente sínica, e eu não curto isso.

Ainda escutando o que eles falavam, o barulho da moto conhececida por mim, entra nos meus ouvidos me fazendo perder a linha de raciocínio da roda. Respiro fundo, passando a mão na boca e voltando até a cozinha somente pra deixar o copo na pia, me direcionando até a porta de casa. Avisto o Costa ali, tirando o capacete da cabeça e trazendo seus olhos pros meus.

Costa: Tá mole não, não é querendo ser um Canário da vida, mas tá bonitão, meu velho. — Lança seu sorriso sínico na minha direção, me fazendo cruzar os braços, lhe olhando sério. — Calmo, vim aqui pra te passar o papo de como andam as coisas por lá. — Ele desce da moto deixando o capacete ali, na moto mesmo.

— Tudo pela ordem? — Pergunto com a voz firme, me referindo aos proceder pro lado da Vila Cruzeiro, onde agora ele é o frente, tá na gerência geral. — Passa a visão.

Costa: Dei meu máximo nesses dias que fiquei por lá, bagulho mó sem ordem. Gomes deixou um estrago fodido pra aquele meio, se não tivesse morto traria muitos inimigos e acordaria os que estão dormindo, mais ainda sim de olho aberto na gente.

— E o Bracelete?

Observo sua expressão corporal mudar, sei quando ele tenta esconder algo ou uma opinião, tô com o Costa não é de ontem.

— Da logo teu papo, sem enrolação. — Trinco meu maxilar o fitando, da cabeça aos pés. Moreno, altamente tatuado e com o corpo mais forte pouca coisa que o do Canário. Os dois são parecidos em alguns traços, se não conhecesse a história deles como a palma da minha mão, diria na certeza que eles são irmãos.

Costa: É o seguinte irmão, eu tô contigo a anos na caminhada, da pra entender? não é querendo martelar um bagulho sem nexo ou puxar desconfiança pro lado do cara, tô sem pretensão nisso aí, mas o Bracelete era braço direito do Gomes, Pô. Tu confia nele cem por cento?

— Confiar? — Dou um meio sorriso, engolindo a saliva e sentindo o gosto doce do café ainda no meu paladar. Me aproximo da parede ao lado do portão de casa, apoiando minhas costas ali, sentindo meus músculos relaxarem. — Eu só confio em tu e no Canário, Costa. Acorda pra vida, no mundo que a gente decidiu viver a gente conta nos dedos quem depositamos a porra de uma confiança, caralho.

Costa: Tô te falando, se a gente não abrir o olho, o próximo a tentar contra nós é ele. — Olho nos seus olhos sem desviar um segundo, prestando atenção no que ele iria dizer. — Lá, eu mudei a gerência da boca, menor tava de marola procurando pinote em horário de trampar, cheirando mais que trabalha. Não queria chegar já mudando tudo, mas ao meu olhar, precisava pra não acabar achando que poderiam nos passar pra trás igual o filho da puta lá tentou.

— Te deixei na gerência da Vila Cruzeiro por confiar em você. Se tu tá nesse cargo é porquê por esforço teu, tu conseguiu. Mas dá merma forma que eu te coloquei lá, eu te tiro. Se andar no certo comigo, vai ser eu pulando na bala por você, sem pensar duas vezes. — Aponto o dedo na direção dele, serinho.

Lúcia: Menino, não corre! — A voz da minha mãe entra na minha audição, eu tiro os olhos dos dele, e encaro a mulher que vinha já poucos passos da esquina, e o moleque que vinha correndo na minha direção.

Sinto seu corpo pequeno se chocar com o meu, apertando meu quadril nos braços pequenos.

Felipe: Titio, me leva pra andar na motona.. — Aponta com a cabeça pra moto do Costa. Eu abaixo meu corpo e pego ele no colo, ajeitando a camiseta branca no corpo dele. — Dar grau.

Costa: Tu tem idade pra isso moleque? — Pergunta, sorrindo, ainda apoiado na sua moto.

Felipe: Eu tenho assim ó. — Levanta seis dedos juntos, mostrando a sua idade. — Já sou grande.

— E o beijo do teu tio? — O pergunto, analisando seu rosto de criança, traços completos da Bruna. Os olhos castanhos claros puxando todo o restante da família, esse é um traço nosso.

O Filipe ergue seu rosto rápido e da um beijo na minha bochecha, sorrindo sapeca.

Lúcia: O que eu faço pra essa criança me escutar? — O meu sobrinho abraça meu pescoço e esconde o rosto na curvatura que está exposta, dando risada. — Ri mesmo seu pestinha, sua vó tá velha menino, não aguenta o pique de vocês jovens não!

Costa: Da uma coça nesse pestinha dona Lúcia, só assim aprende. — Vem até mim fazendo cócegas na barriga do Felipe que se contorce no meu colo.

Minha mãe fica ali do nosso lado observando enquanto sorria, e eu aos poucos começo perder a paciência por todo esse lenga lenga grudado em mim, tenho nem sanidade pra isso.

— Já deu, vai lá pro colo da sua vó. — Empurro sem muita força seu corpo pra minha mãe pegar ele no colo, inspirando fundo, coçando o queixo.

Dona Lúcia entra com o Filipe e logo depois eu escuto a Bruna me chamando..

— Qual foi, pô? — Falo daqui, vendo de longe ela se aproximar do portão.

Ela para do meu lado na frente de casa, me lançando um olhar de pessoa que vai te pedir um bagulho logo em seguida. Eu já nego com a cabeça antes mesmo de saber o que que viria pela frente.

Bruna: Me empresta seu carro pra mim ir ali na pista com a Estela, coisa rápida. Prometo.

— Pra que? — Indago.

Bruna: Amanhã é aniversário da Estela. — Estreito os olhos na sua direção, ajeitando minha postura. — Aí queria ir hoje com as meninas pra comprar umas coisinhas, sabe? dia de meninas.

Aniversário da Gringa? eu não estava sabendo dessa...

— Vou mandar uns caras ir com vocês, e é sem demora. Eles não podem ficar dando sopa pela pista só porquê você decidiu que iria dar uma voltinha por aí. — Deixo claro.

Ela entra dentro de casa depois de agradecer.

Costa: Vai colar no Qg? os bagulhos chegaram há poucas horas. — Fala, se referindo ao carregamento das armas de grande porte, me fazendo criar um leve sorriso no rosto.

[...]

vão ler e votar no epígrafe do livro novo. 😘

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