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Braga

Sem pretensão minha boca se curva num sorriso pela forma que o homem que estava na minha frente me encara. A barba reta num degrade desenha seu rosto, acompanhado do cabelo penteado para trás, o olhar lembrava o dela, bem dizendo o deboche que carregava no olhar.

— Tá me olhando muito. — Nego com a cabeça, me aproximando em passos calmos até a bancada de bebida ao lado da cadeira giratória da sala em que estamos.

German: Minha filha, Braga. Acho que você não entendeu o recado que eu te passei quando mandei ela ir pra alguns meses atrás. — Ergo a garrafa de whisky depois de abri-la, despejando o líquido no copo. — Devia te meter a porrada.

Levo o copo até a boca sentindo o líquido descendo pela minha garganta, preenchendo meu paladar com o gosto do whisky. Me viro de costas pra bancada cruzando meus braços na altura do peitoral, lançando meu olhar no do German, que me encarava bolado.

Minha arma no quadril força pela segunda vez começando a me incomodar, me fazendo tirar ela num ato rápido, colocando sobre a bancada atrás do meu corpo.

— Vai mudar quase nada tu vim me dar lição de moral. — Com o movimento em que levo o copo novamente aos meus lábios, sinto meu músculo dar uma leve contraída. — Ou tu acha que vai?

German: Minha filha é grandinha demais, ela sabe o que faz da vida dela. Você que devia se por no seu lugar, e a consideração por mim? há anos na firma nós dois.

Franzo minhas sobrancelhas grossas não conseguindo compreender de início, ah, qual foi? parece que tô cometendo um crime, e se estivesse não teria muito problema, tô no comando de muitos há anos.

— Papinho bonito, tu já se ligou sem eu nem precisar dizer muito, eu tô mermo com ela. Sua filha tá se envolvendo comigo, e eu já não sou de falar muito, achei que nem precisava já que ela sabe muito bem o que faz da vida dela, igual tu mermo tá ciente. — Minha voz com a entonação rouca ecoa pelo cômodo que só nós dois estávamos. — Quero caô contigo por causa da tua filha não, não sou moleque, nem preciso de sua permissão pra isso.

German: Ela é minha filha ainda, se envolvendo com o Braga, ou não. — Aponta pra mim. — É facinho pra mim esganar essa tua muita marra que cê tem, e você sabe disso. Só machuca ela, faz isso de alguma forma.

Minha risada grossa soa dos meus lábios, pela primeira vez eu dou risada com vontade do que ela fala desde que eu cheguei e ele tá metendo caô pra cima de mim.

— Um velho do cacete desse, qual foi. — Acabo o restante do whisky largando o copo. — As ameaças cessaram? — Trinco meu maxilar ao me referir das ameaças que ele estava recebendo por aqui.

German: Minha importância só estava nas que a Estela estava recebendo, Braga. Eu pouco me importava com as minhas, tanto que preferi ficar longe da minha mulher, se fosse pra acontecer alguma coisa aconteceria comigo, como aconteceu. Pra não respingar nelas, eu decidi que seria melhor assim. — Observo calado ele colocar as mãos sobre os bolsos da calça em que vestia, me olhando. — Acabar acabou, mas o cuidado é o dobro. Esses seguranças aí na frente não tinha nem metade, alguns a Estela nem conhece.

German é maluco por elas, tô ligado nisso. Estefânia e ele tem anos juntos, e depois de termos a ligação que temos, fiquei por aqui pelo México por um tempo pra organizarmos como sempre fazemos antes das minhas mercadorias serem enviadas pro Brasil, eu vi a forma que ele se entrega na primeira bala que vier por elas.

É instinto protetor de pai, eu sei o que ele seria capaz de fazer com qualquer um que entrar no caminho dela. Igual eu. Minha forma de proteger a Estela passaria por cima de qualquer um.

— Ela veio assim que pôde, não ficou lá nem por vinte e quatro horas quando soube do acontecido com tu. Um velho desse ainda tem importância no mundo. — Ironizo, escutando sua risada forçada.

A conversa é prolongada pelos próximos minutos, mas por instinto ergo meu tronco quando sinto uma presença a mais no ambiente, o cheiro doce entra no meu olfato numa questão de segundos junto com a voz penetrando minha auditiva...

Estela: A mãe está te chamando lá dentro. — Trinco meu maxilar, maneio minha cabeça na sua direção cravando meus olhos no seu rosto, o cabelo molhado indicando que ela tinha tomado banho, passando a língua nos lábios analiso seu corpo pequeno que agora estava vestido numa calça de pano mole, azul, junto com um cropped manga longa branco, desço os olhos analisando o que estava posto aos meus olhos, vendo que os pezinhos estavam descalços. — Não me pergunta o por quê, não sei.

Ainda com os olhos nela sinto a presença do corpo do German passando ao meu lado, seguindo lá pra fora. Estela caminha até mim, parando pertinho enquanto os olhos pretos me observava.

— Vem cá. — Levanto minha mão na sua direção, sentindo o momento em que ela segura e eu puxo ela devagarinho pra mim, passando o cabelo da mesma um pouco pro lado, e com o movimento sutil dos fios o cheiro do perfume me invade com mais facilidade, penetrando meu olfato cada vez mais forte. — Tá cheirosa... — Desço meu nariz na direção do seu pescoço inalando forte seu cheiro. — Cheirinho bom tu tem, eu fico maluco quando tu tá no mermo ambiente que eu, é coisa de doido isso.

Estela: Fiquei cheirosinha pra você. — A voz calma soa de seus lábios, e eu sorrio fraco. — A gente vai sair.

— Vamos é? — Levanto minha cabeça olhando em seus olhos. Os cílios elevados piscam no momento certinho que eu levo minha mão até o seu pescoço, deixando um aperto. — Você quem manda, linda. — Aproximo minha boca da sua, beijando seus lábios carnudos. — Sou todo seu, hoje e no momento que quiser.

Estela: Hum, agora eu tô me acostumando com você me tratando feito um bobo apaixonado e eu não quero mais nada além disso. — Sorri, passando os braços ao redor do meu pescoço. — Já era. Me acostumou muito mal, amor. — Beija a pontinha do meu nariz.

— Eu já te passei a visão que tô gamadão em tu, não é com essas palavras que fala que tá apaixonado não? — Ela deixa a risada escapar dos seus lábios, escondendo a cabeça na curvatura do meu pescoço. — Ala, bobona.

Estela: Para. — Nego passando as mãos pelo seu corpo, apertando cada partezinha coberta pela roupa, deixando um aperto seguido de um tapa forte na sua bunda. — Aí...

***

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