Braga...
Sou moleque não, não tenho mais cabeça de um adolescente, que tá disposto a passar por uma prova daquelas que é ver a mulher que fode com você, grudada em um maluco que tá deixando claro a intenção dele. Tá mais pra eu matar uma porra dessa, porque eu não tenho mais tempo a perder.
"Ah, mas eu sou solteira" foda-se, pouco me importa bagulho nenhum, tá morando no mermo teto que eu, fode comigo e quer tá de gracinha com outro na minha cara? Se foder caralho.
Depois de um tempo dirigindo, em total silêncio no carro, só aqui, porque minha mente não parava um segundo. Viro a esquina, uma rua antes de entrar pro morro, parando o carro na rua completamente vazia e escura. Depois de estacionar e passar o olho por ali, eu saio do carro sem dizer nada, deixando ela ali e vendo que a contenção tinha parado junto comigo.
Me aproximo da moto do Carioca, vendo ele tirar o capacete e me olhar atento, os cabelos verdes destacava muito, junto com as correntes de ouro jogadas no pescoço.
— Podem vazar, vou demorar muito por aqui não. — Passo a mão no queixo, olhando outra vez só pra ter certeza se estava vazia a rua.
Carioca: Tem certeza, chefe? aqui é perto mas não tão confiável, rua tá sem ninguém pô. — Ele ajeita na moto e coloca o capacete na perna.
— Se eu tô dando o papo pra irem embora é porquê eu tenho certeza porra. — Olho pro Nego atrás dele. — Vocês gostam de perguntar pra caralho.
Nego: Que isso, falei nada. — Ergue as mãos. — Tô indo pra minha goma então. — Liga a moto e direciona o olhar pro Carioca. — Bora.
Carioca nega com a cabeça e não retruca, eu dou as costas e guio meus passos pro carro outra vez, escutando o barulho das duas motos saindo voadas daqui. Entro no carro e vejo a Estela mexendo em alguma coisa no porta luvas.
Estela: Tá querendo o que parando aqui? — Me olha, mas eu não respondo. — Além de doido tá surdo também?
Me aposento no banco do motorista, e fecho a porta ainda olhando pra ela.
— Senta aqui. — Bato a mão na minha perna. Ela estreita os olhos na minha direção e não fala nada. — Sem caô, pô. Na moral, senta.
Eu ergo minha mão na sua direção, ela olha pra minha não ali, estendida, e pega. Trago ela pro meu colo, puxando a trava do banco, afastando um pouco pra trás. Ela senta nas minhas pernas, de lado. Os dois em silêncio.
Estela: Você é um ogro ignorante, custa muito admitir que estava com ciúmes? — Fala depois de uns minutos. — Não mata ninguém admitir as coisas.
Eu acabo sorrindo de lado, a carinha dela falando isso pra mim me deixa ainda mais alucinado por ela, linda pra caralho. Ergo minha mão e afasto um cabelo que estava no seu olhos, acariciando sua bochecha com meu dedo.
— Tu é linda pra caralho, gringa. — Passo o dedo por cima do seu lábio carnudo. — E tá fodendo com a minha cabeça.
Estela: E você tá me deixando maluca com essa tua bipolaridade, na mesma hora que você tá de boa, já começa a surtar feito um doido. — Abaixo minha mão, apoiando ela na sua perna, deixando um aperto.
— Mas eu sou doido, pô. — Ela rola os olhos. — Tu rolou os olhos pra mim mermo? — Pergunto, franzindo minhas sobrancelhas.
Estela: Já vai enlouquecer a cabeça só porquê eu rolei os olhos, sossega seu velho maluco da cabeça. — Ela abaixa, tirando os saltos pretos dos pés. — Eu tô quase voltando pro México só pra me livrar de você.
— Velho, Estela? tu tá tirando onda grandão com a minha cara, porra. — Cerro os dentes, tentando não me estressar com ela. — Virou o que agora, palhaça?