Braga...
Respiro fundo, tentando transparecer para os outros que eu não estava sentindo a dor, mas o meu ombro doía pra um caralho.
Ocorreu tudo como eu planejei, a Estela está segura e em casa. Mas na trocação de tiro com aqueles filhos da puta, eu acabei tomando um tiro de raspão no ombro, estávamos todos bem e com vida, mas eu trouxe esse ferimento comigo.
Canário: Ele tendendo mostrar que é o machão. — Aponta pra mim depois de cutucar o braço do Costa. — Pode chorar, irmão.
— Qualé chorar, olha bem pra minha cara, pô. — Pego minha camisa que estava jogada no ombro e visto ela. — Bora terminar o que começamos.
Eu pego minha arma em cima da mesa e ajeito no meu coldre, saindo da boca e passando pela contenção, eu sigo direto pra uma salinha que tinha logo do lado aqui.
Abro a porta e entro, avistando o Gomes sentado numa cadeira, do mermo jeito que eu deixei, com o pé esquerdo jorrando sangue.
— Qual foi, como foi os minutos sozinho? — Chego perto dele, ouvindo a porta atrás de mim ser fechada. Sua cabeça estava baixa, eu puxo seus cabelos para que ele olhasse nos meus olhos. Acertando um soco no seu rosto. — Conseguiu pedir perdão a Deus pelos pecados? tentar nos últimos minutos de vida não sei se deve funcionar.
Gomes: Tu se acha o fodão mermo né? — Sorri, deixando o ódio transparente no olhar. — Me mata logo, acaba com essa porra.
— Pô, eu nem consegui o que eu quero ainda. — Solto seus cabelos, trincando meu maxilar. — A porra do dinheiro que você roubou na minha favela, eu sei que você não torrou aquela grana do dia pra noite, seu arrombado de merda.
Ele sorri, jogando a cabeça pra trás.
Gomes: Eu não vou te falar aonde tá. — Me olha. — Acaba logo com essa palhaçada, me mata porra.
Eu tiro a arma do meu coldre e destravo, apertando o gatilho na direção do pé direito dele, escutando seu grito de dor em seguida.
— Tu acha que eu tô de brincadeirinha, de papinho bonito. Deixei por muito tempo você correr solto, suas merdas feitas foram relevadas, eu que no final de tudo concertava tudo que tu aprontava. — Aponto pra ele. — Aqui não tem idiota não, seu comédia. Passa logo a porra da visão de onde tá o meu bagulho.
Ele grunia de dor, fechando os olhos com força, evitando me falar. Sem paciência eu atiro mais duas vezes nos pés, olhando o sangue escorrer.
Gomes: Na minha casa. — Ele começa a tossir, abaixando o tronco e gritando. Um grito insuportável. — Tá na porra da minha casa. — Me olha outra vez. — A minha mulher não sabe de nada, não mete ela nesse meu caô. Tá numa mala, no quarto de hóspedes.
Costa: Aprendeu falar agora? — Fala sarcástico, debochando da situação.
Canário: Nada que o paizão Braga não resolva. — Escuto sua risada.
Eu deixo eles falarem, e me aproximo da mesa que estava uns canivetes, navalhas e mais algumas facas.
Pego o canivete novinho, nunca usado. Aperto a pinça e abro ele, me aproximando do Gomes, sem ele esperar eu lanço o a lâmina na sua perna, arrastando até o joelho, vendo a pele ser aberta e mais sangue poder ser visto.
Gomes: Porra. — Ele rosna, começando mexer a perna. Quando ele mexeu a dor veio mais forte, fazendo com que o corpo todo dele tremesse. A perda de sangue não ajudava muito, a circulação estava fraca. — Acaba com isso logo, Braga..
A voz dele começou a sair mais fraca, quase não emitia som.
Vejo ele se contorcer na cadeira, tossindo.
— Tu acha que eu não sei que tu bateu nela? — Falo da Estela, puxo o canivete, limpando o sangue no seu short. — Olha pra mim. — Pego ele pelo pescoço, seu olhar era carregado de ódio, mas quase sem vida. — Não mexe na porra do meu demônio, não atiça o lado sombrio que eu deixo guardado dentro de mim. — Coloco uma das lâminas do canivete na direção do seu pau, enfiando com toda a força que eu tinha, sem tirar os olhos dele. — Tu vai queimar no inferno, seu desgraçado.
Canário: Se Deus quiser eu vou pro céu, só pra não ficar no mesmo lugar que ele. — Sua voz entra nos meu ouvidos, com mais uma das suas piadas fora de hora.
O Gomes começa tossir sangue, tudo que saia da sua boca era sangue. Eu me afasto, mas o canivete continua no mesmo lugar.
— Fala pros menor tacar fogo no corpo. — Passo minhas mãos pela calça preta, olhando pro Costa. — Não quero nem que tenha direito a velório.
[...]