Estela...
Intimidade prazerosa, a conexão que compartilhamos vai além do sexo... Estou me sentindo bem, com ele me sinto confortável, é algo inexplicável. Tô tentando apenas aproveitar o momento e vendo onde isso vai levar a gente, mas que com ele eu me sinto segura, eu me sinto.
Braga: Canário vai te levar pra casa no meu carro, tá certo? Vou ficar pela Vila Cruzeiro pra resolver alguns bagulhos. — Concordo com a cabeça e mordo meu lábio, olhando para ele sem camisa, com a mesma jogada sobre o ombro. — Qual foi? Por que tu ta me olhando assim?
— Nada, não posso? — Sorrio, ajeitando a corrente grossa no seu peito, analisando o pingente banhado a ouro, tampando uma das tatuagens que ele tem ali na região.
Enquanto ainda nos olhávamos, ouvimos a buzina do carro lá fora. Canário. Tinha que ser ele, não pode ser outro.
— Estou indo. — Ajeito minha bolsinha no ombro e desço o vestido com cuidado. Ele desce o olhar pelo meu corpo, estreitando os olhos, me analisando por completo.
Braga: Está sem calcinha, Estela? — Cruzo os braços e nego com a cabeça, sabendo que ele não iria acreditar. — Vira. — Mordo minha bochecha por dentro e, devagar, viro de costas para ele, sentindo o momento em que ele enfia a mão por dentro da minha coxa, subindo devagar pela região, tocando minha intimidade tendo a certeza que não tô com nenhuma calcinha, a minha estava na bolsa. Me estremeço um pouco, sorrindo. — Tu tá tentando mentir pra mim?
Ele tira a mão e sinto falta do contato, engolindo a saliva que se forma na minha garganta. Seu braço passa pelo meu pescoço, me prendendo contra o seu peito.
Braga: Você vai entrar naquele carro e ficar bem quietinha. E quando chegar em casa, quero que tu coloque uma, entendeu? — Fico em silêncio. — Entendeu ou não?
— Entendi, como você é chato. - Ele vira meu pescoço para o lado, segurando meu maxilar e me dando um beijo prolongado nos lábios.
Braga: Vai. — Ele me solta e respiro fundo, abrindo a porta da casa e caminhando até o portão pequeno que ele já tinha deixado aberto.
Antes de entrar no carro, olho para a rua vazia, com apenas alguns seguranças do Braga nas duas esquinas, carregando seus fuzis. Todos em seus postos. Era por volta das onze da manhã e o sol estava prestes a torrar um de tão quente.
Canário: E aí, meu velho gostosão. - Ele grita do carro, com o corpo esticado pra cá, olhando diretamente para o Braga. - Caralho, tu sem camisa fica um espetáculo, você é meu sonho de consumo, Braga.
Braga: Para de ser viado, porra — Seu tom de voz grave e risada rouca fica mais próxima e eu olho pra trás vendo ele se aproximando. Caminho até a porta do passageiro e abro, entrando no carro e escutando a música que tocava ali. — Leva ela e volta aqui, demorô?
Canário: Manda quem pode, irmão. — Ele me olha rapidamente e eu dou um leve sorriso, olhando em seus olhos. Samuel estava com uma bermuda jeans de lavagem clara e com uma camiseta branca, apenas uma corrente estava jogada no peito. — E aí, Gringa.
— Oi, tudo bem? — Antes de sairmos, olho para o Braga, que estava com os olhos fixos no carro, lá do portão.
Canário: Estou tranquilo, pô. Parece que tu está bem mermo, né? - Ele me olha de canto, rindo. Fico um pouco envergonhada pela forma como ele fala e desvio meu olhar para a frente. — Ih, ala, ficou com vergonha. — Ele começa a rir da minha expressão.
— Pera aí, não faz isso comigo. — Eu cubro o rosto com as mãos, começando a rir, entrando na onda dele.
Canário: Tô vendo tu querendo roubar meu homem, sua bruxa. — O branquinho tatuado fala entre risadas, fazendo com que eu olhe para ele ainda sorrindo. Na próxima rua ele vira a esquerda, dobrando a esquina e fazendo o mesmo caminho que viemos ontem, saindo da VC.
— Eu não quero roubar ninguém, daqui a pouco eu te bato e você vai fingir não saber o motivo, sério. — Aponto para ele.
Canário: Ala, faz um bagulho desses, e tu vai ver uma tesoura cair do céu, parando direto na minha mão, só pra eu te deixar careca. Bruxa que rouba marido. — Incapaz de levar a sério tudo que sai da boca desse cara, eu dou uma risada sincera. Samuel é hilário.
Canário: Ei, agora aqui, eu perdi o negócio que tu fez, pô. Meteu bala na Fernanda, rolou o que?
— Ela sempre me provoca quando me vê, sempre. Aí eu fiquei puta com ela, me estressei mesmo e fiz o que fiz, não me arrependo.
Canário: Porra, eu ri demais, vi ela saindo do postinho lá na quebrada quando estava vindo te buscar. — Eu tento não rir, olhando para ele. — Sem mentira, a mina tá mancando com o joelho enfaixado.
— E eu faço pior se ela fizer algo parecido de novo. — Digo, sentindo meu celular vibrar na bolsa. Abro ela, tirando meu celular de lá, desbloqueio o aparelho e deslizo o dedo pela tela, conferindo a notificação na barra. É o número da minha mãe, respiro fundo e clico na mensagem.
Estefânia: Filha, preciso conversar com você, coisa séria.
Eu: Oi mãe, eu posso te ligar? Tá tudo bem?
Estefânia: Me liga.
No primeiro momento, me sinto um pouco nervosa, mas decido arriscar e fazer a ligação. Logo o Canário percebe imediatamente que estou prestes a telefonar e, abaixa o volume do carro, deixando no carro um vago silêncio.
Estefânia: Hola mi amor. — Sua voz calma me faz sorrir. — Tenho saudades princesa. — O timbre espanhol e a tentativa de iniciar um portunhol era nítido. Minha mãe ainda não domina o Português tão bem.
— Mãe, eu também sinto sua falta. — Respiro fundo, de olho na estrada que o Canário fazia com o carro. — Mas sua mensagem me deixou preocupada, o que foi?
Estefânia: Estela, é o German, é o seu pai, filha. — O tom choroso me deixa nervosa, meio inquieta eu me ajeito no banco, passando a mão na perna.
Eu tiro o celular da orelha, e olho pro Samuel, levando minha mão até o seu braço e apertando. Ele me olha estranho, franzindo as sobrancelhas, segurando minha mão. Eu coloco a chamada no viva voz e deixo que minha mãe fale.
Estefânia: Encontraram ele na casa que ele estava enquanto não terminava a expansão das ervas, balearam o seu pai e foram embora pensando que tinha o matado. Eu encontrei ele lá, filha, sozinho e jogado na frente da casa, ensanguentado. Ele e o Romário estão correndo risco de vida na ala de cirurgia aqui do hospital.
Meu coração bombeou mais forte e o meu corpo inteiro ficou gélido, pude sentir e ver todos os mínimos pelinhos do meu corpo se arrepiarem. O meu pai. Ele está correndo risco de vida. Puxo o ar dos pulmões fechando os olhos com toda a força que conseguia, tentando não chorar.
Estefânia: Os contatos do seu pai estão todos me mandando muitas mensagens, o Xavier veio aqui, ele me perguntou sobre tudo o que aconteceu.. Mas você sabe que eu não sou muito de entrar em assuntos do seu pai com a hierarquia e negócios dele, só você, Estela. Eles estão achando que o seu pai passou a perna neles, e que de alguma forma não vai arcar com o que combinaram.
Mordo meu lábio com força, e em um piscar de olhos sinto o gosto persistente do sangue se misturando com minha saliva e deixando o gosto impregnado no meu paladar.
— Eu vou resolver isso, mãe. Vou ver o que posso fazer por aqui e vou conversar com o Lion para ele ir comigo pro México. O mais rápido possível.
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