Braga...
Acendo o isqueiro botando fogo na pontinha do baseado, observando de longe o movimento da resenha que tá rolando na casa do Loiro. Papo de que passou uma semana de toda a merda que rolou pela minha favela, envolvendo a Estela.
Tentei ao máximo dar um suporte pra ela durante esses dias, me aproximei mais, mandei mensagem pro pai dela tranquilizando e dizendo que estava tudo bem com ela. Se pá, ela está com a guarda baixa em relação a mim, antes não, ela estava toda calada e não me dando muito papo pelo que rolou no baile, mas até agora tá indo tudo suave.
Loiro: Essa mina aí é quem mermo? - Aponta com a cabeça, na direção dela, que estava conversando com a Bruna e algumas outras. - Nunca vi com vocês.
— Assunto que não te cabe. - Solto a fumaça do baseado, relaxando. - Qual foi?
Loiro: Ih, relaxa... Chaminé ambulante. - Forço uma risada e nego com a cabeça, abusado de merda.
Loiro é um dos aliados que eu conquistei durante esses vários anos dentro do crime, o cara é maneiro, comanda o morro do Salgueiro. Com ele eu nunca tive atritos, eu tento ao máximo me manter longe de qualquer caô que não envolva o meu comando, já rolou diversas ideias de que ele tem confusão armada com alguns caras do Cv, mas eu jogo por baixo dos pano.
Não me envolve, não é assunto meu.
Loiro: Tá ligado que eu e a Mirela acabamos nosso relacionamento, pô? - Olho pra ele. - Mandei morar com a mãe por um tempo, estava rolando mais não, muita cobrança e eu já tô cheio de problema na cabeça.
— Com qual foi que ela te encontrou dessa vez? - Pergunto, já que todas as vezes que ele me passou o papo de que terminou, foi por vacilo dele.
Loiro: Tá me estranhando? eu mudei, caralho. - Lança seu sorriso de puto pro meu lado, achando que eu caio nesse papinho bonito.
— Só eu vendo mermo. - Me ajeito na cadeira, puxado um pouco a camisa pra baixo. Pego meu copo de Whisky na mesa em que estávamos, levando até a boca e dando um gole. - E o Pato? estive sem tempo durante essas semanas pra saber qualé a dele.
Varro meu olhar pela laje, só gente conhecida por ele, alguns eu já tinha batido o olho, mas até agora ninguém que eu confie pra bater um papo. Algumas vezes eu colo nas resenhas que eles me acionam passando a visão que vai rolar, outras não. Prefiro sempre manter a calma, resenha só com os íntimos.
Loiro: Pô, fiquei sabendo pelo Tête que ele sairia essa semana da cadeia, a mulher dele tá quase soltando fogos com a família. - Passo a mão na boca, escutando ele. - O mano ficou preso muitos anos, agora Lili vai cantar.
— Sem caô. A última vez que fiquei sabendo dele foi quando ele deve sorte de uma saidinha, e dos anos que ele tá preso, só foram duas vezes. - Coloco o copo na mesa outra vez, passando a língua nos lábios.
Loiro: Rodou pra caralho, mas Deus não falha com os bons, Jajá ele tá por aí.
Vejo o Canário subir a laje... Eu estreito meus olhos, batendo o olho atrás dele onde vinha uma morena dos cabelos cacheados, baixinha. Qual foi? estranhei logo. Ele segura a mão da mulher, puxando ela pra sua frente, abaixando a cabeça e falando algo no seu ouvido, que sorri do que escuta. Ele trás os passos na minha direção, sorrindo feito um idiota.
Canário: Fala, paizão. - Trás sua mão na minha direção, logo eu aproximo a minha, fazendo um aperto firme enquanto não tirava os olhos dos seus. - Tá gostoso, meu vida. Camisa preta é teu charme.
— Começa não, faz favor. - Tiro meus olhos dele, olhando pra baixinha na minha frente.
Canário: Jhenyfer. - Fala o nome dela, e eu só aceno com a cabeça em cumprimento. - Loiro ali. - Aponta pro cara do meu lado.
Loiro: Satisfação. - Leva sua mão até a dela, que aperta, sorrindo com timidez no olhar.
Curioso eu estava pra saber qual era a dele com essa, trazendo do nada uma mulher pra uma resenha, só que não iria ser tão intrometido, perguntando na frente dela. Deixa só.
Canário: Costa disse que vai marcar presença logo, tá ajeitando umas coisas com a patroa dele. - Ele vai até umas cadeiras que tinha do lado, puxando duas, dando uma pra mulher sentar. - Qual a tua, Loirão, conta uma boa.
Loiro: A de sempre, resenha foi marcada pra ver se eu vejo a cara de vocês, cês somem pra um caralho. - Ele levanta, pegando duas cervejas num balde com gelo que tinha ali, entregando na mão do Samuel. - Só assim pra descobrir que tão vivo ainda.
Canário: Culpa do Braga, enche meu cu de trabalho, não tenho tempo nem pra respirar. - Debocha, olhando pra mim.
— Tá achando que a vida é fácil, se liga. - Aponto pra ele.
Eles ficam ali conversando, até que eu miro meu olhar na Estela, que estava afastada, mas ainda no meu campo de visão. A Gringa estava gostosa pra caralho, vestida um shortinho curto, branco, e um daqueles bagulhos que mostra toda a barriga. Desço meu olhar por todo o corpinho, nos pés ela usava um saltinho baixo, preto. Passo a língua no cantinho do meu lábio, recordando dos últimos momentos que eu tive com ela. Desde o dia que ela se transformou, me pedindo pra foder com ela, ela não sai da minha mente.
Ela nunca teve uma carinha de inocente, isso eu sei, mas aos poucos ela tá me deixando ver uma versão dela que eu imaginei que ela tinha, mas ainda melhor. Pior de tudo, é que ela sabe ferrar com meu psicológico, justamente por ser safada e não negar isso pra mim.
Acho que ela percebe que estava sendo observada, e procura pelo meu olhar, logo batendo ele nos meus. Ela franze as sobrancelhas grossas e pretas, cruzando os braços no corpo, sorrindo de lado, me olhando.
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